A toupeira de volta, com Lula, Alberto Fernandez e López Obrador

A perspectiva de vitória do Lula no Brasil recomporia, em condições ainda melhores, o bloco de governos antineoliberais da primeira década do século XXI, porque estariam integrados os três principais países do continente – Argentina, México, Brasil

Ex-presidente Lula
Ex-presidente Lula (Foto: Ricardo Stuckert/ Instituto Lula)


✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Eu havia tomado a imagem histórica da velha toupeira, para espelhar o movimento das revoluções na história, no meu livro “A nova toupeira: os caminhos da esquerda latino-americana” (Boitempo). O bichinho não para de se movimentar, debaixo da terra, mesmo se, por um tempo, esses movimentos não apareçam à superfície. 

São as contradições sociais, que nunca desaparecem, embora às vezes parecem ter desaparecido. Até que irrompem na superfície, com força, mostrando como nunca deixaram de se movimentar. Eu havia falado da nova toupeira latino-americana, porque a América Latina é a região do mundo em que esse fenômeno apresenta maior vigor.

continua após o anúncio

Com a Revolução Cubana irromperam ou se fortaleceram movimentos guerrilheiros em vários países – Venezuela, Peru, Guatemala, Colômbia -, até sofrer a dura derrota da morte de Che. Mas, ao contrário de outros continentes, em que as derrotas implicam retrocessos por períodos longos, na América Latina a nova toupeira encontra, rapidamente, outras formas de aparecer.

No Chile, três anos depois da morte de Che, foi eleito, pela primeira vez no Ocidente, um governo que se propunha a construir o socialismo mediante uma vitória eleitoral. A modalidade inovadora teve enorme impacto em todo o mundo, mesmo se a experiência teve curta duração, cortada por outra grande derrota, com o golpe de 1973.

continua após o anúncio

Mas a velha toupeira se deslocou rapidamente para a América Central, mudando de forma, com a vitória da Revolução Sandinista e a irrupção de fortes movimentos guerrilheiros em El Salvador e na Guatemala. O sandinismo também teve grandes ecos em todo o mundo, até que a radical mudança na situação internacional, com o fim da URSS e do mundo bipolar, colocou limites aos processos centroamericanos. O sandinismo foi derrotado em 1990, as guerrilhas salvadorenha – com sucesso – e guatemalteca trataram de se reciclar para a luta política institucional.

Essa derrota só foi superada com o surgimento, a partir de 1998, de vitórias eleitorais de líderes antineoliberais na América do Sul, com a impressionante sucessão de triunfos em 2002 no Brasil, 2003 na Argentina, 2004 no Uruguai, 2006 na Bolívia e 2007 no Equador. Governos antineoliberais de grande sucesso foram a nova forma de aparição da nova toupeira latino-americana, consagrando as novas lideranças da esquerda no mundo no século XXI: Hugo Chávez, Lula, Néstor e Cristina Kirchner, Pepe Mujica, Evo Morales, Rafael Correa.

continua após o anúncio

No meu livro mais recente – “Lula e a esquerda do século XXI”, publicado pela editora do LPP – se acompanha a consolidação desses governos, as derrotas em vários países – Argentina, mediante eleições, como também se dará posteriormente no Uruguai, Brasil e Bolívia, mediante golpes, Equador, mediante reconversões ideológicas do candidato eleito pela esquerda. Se acompanha também como esse ciclo de restauração neoliberal foi curto, com as novas vitórias na Argentina, com Alberto Fernandez, no México, com López Obrador, na Bolívia, com Luis Arce.

A perspectiva de vitória do Lula no Brasil recomporia, em condições ainda melhores, o bloco de governos antineoliberais da primeira década do século XXI, porque estariam integrados os três principais países do continente – Argentina, México, Brasil – que, nunca antes na história do continente, se haviam aliado em um projeto progressista. A liderança do Lula, do Alberto Fernandez e do Lopez Obrador, será o novo eixo dos processos de coordenação latino-americana e de construção de governos antineoliberais no continente. 

continua após o anúncio

A terceira década do século XXI se projeta assim como um novo ciclo da nova toupeira latino-americana, que pode desenhar o futuro do continente por toda a primeira década do novo século. 

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Este artigo não representa a opinião do Brasil 247 e é de responsabilidade do colunista.

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

continua após o anúncio

Ao vivo na TV 247

Cortes 247