A tendência de queda de lucros do sistema calitalista e suas consequências
"Caso a soberania popular se faça valer nos países periféricos e que haja a vitória de projetos populares em seus sistemas eleitorais, haverá fuga de capitais"
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Por Carlos D'Incao
Já é sabido pela ciência econômica que o último estágio de qualquer modo de produção reside na sua incapacidade de se auto reproduzir no que diz respeito ao desenvolvimento das forças produtivas ali existentes.
O capital é um sistema pautado na propriedade privada dos meios de produção e em relações sociais extremamente verticais que, através da produção incessante de mercadorias, extrai excedente de riqueza daqueles que trabalham, em proporções máximas - considerando as condições sociais objetivas para tal ato.
Desde 1991 o mundo vive um avanço do capital de forma virulenta, seja na forma de crescimento econômico, seja na forma de crescimento por bolhas, seja pelo avanço militar sobre áreas estratégicas ou seja por crises que resultaram em maior empobrecimento da classe trabalhadora em benefício do capital financeiro e de um punhado de bilionários.
Atualmente a espiral de possibilidades de crescimento da taxa de lucros do capital parece ter gerado todas as contradições possíveis e, por consequência, os donos dos meios de produção parecem aprisionados em um sala com milhares de portas que eles mesmos criaram, trancaram e jogaram fora as suas chaves.
O FMI acaba de projetar para esse ano de 2022 uma queda de crescimento das economias capitalistas de 4,4% para 3,2%, projeção que pode ainda piorar. O mundo capitalista está estagnado e os países centrais vivem um cenário de inflação com recessão. O mecanismo utilizado para essa conjuntura é o aumento de juros para conter a inflação e garantir o processo de entesouramento dos banqueiros. O dinheiro caro estrangula as pequenas e médias empresas, o povo e todas as políticas sociais.
Internacionalmente, as economias à reboque (como o Brasil) precisam ser estranguladas até entregarem a última gota de sangue de seus povos e todas as suas riquezas naturais. O aumento da fome e de falta de trabalho que gere renda mínima para a sobrevivência do povo, pode atingir até metade de suas populações. As suas democracias precisam ser destruídas e projetos populares não tem mais espaço nos planos dos países centrais para os periféricos.
Caso a democracia e a soberania popular se faça valer nos países periféricos e que haja a vitória de projetos populares em seus sistemas eleitorais, haverá fuga de capitais. Todos os países periféricos terão aí um dilema: seguem a reboque de seus algozes que destroem as suas moedas nacionais e ocasionam a pauperização de suas reservas financeiras; ou se desconectam da trava do reboque e procuram rapidamente criar ou fortalecer seus próprios blocos econômicos e criar uma moeda comum desvinculada do padrão dólar.
Essa rompimento já é avaliado pelos países centrais. A única resposta possível que eles possuem, no atual estágio de desenvolvimento, é o binômio sanções/guerras. Porém, esses países centrais necessariamente passarão por grandes dificuldades que serão repassadas ao seu próprio povo. Quem garante que os franceses e os norte-americanos aceitarão viver como seus bisavôs, na miséria e na guerra?
É possível vislumbrar vários cenários a partir daí, mas nenhum historiador é futurista, mas no máximo um apontador de possibilidades. Nesse caso é possível que estejamos de forma acelerada caminhando entre uma nova bifurcação decisiva na História: civilização ou barbárie. Temos teóricos e filósofos que versaram sobre variadas formas de civilizações pós capitalista onde a felicidade e a liberdade coletiva se fundem.
Não temos teóricos da barbárie… não sabemos o que de lá poderá surgir… Ainda assim, o flerte com a barbárie mobiliza milhões de pessoas que - por ignorância e ganância - preferem a morte e a destruição, do que a paz e a felicidade de todos. Talvez daí nasça a última grande guerra da pré-história da humanidade, a única guerra legítima e justa.
Nesse caso eu assumo um lado: estou cansado de viver na pré-história da humanidade onde ainda quem trabalha passa fome, quem constrói palácios vivem em favelas, onde a guerra por dinheiro se alastra pelo mundo e a corrupção e acumulação de riquezas torna impossível qualquer avanço de qualquer projeto justo e humanista. Chega… somos melhor que isso…
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