A tardia decepção dos evangélicos com Jair Bolsonaro na maçonaria
Bolsonaro pode pagar por todos os seus erros e crimes hediondos, sendo condenado e execrado publicamente pelo menos letal deles todos: sua falsidade religiosa
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Jair Bolsonaro, o candidato que se apresenta como o defensor da família e dos valões cristãos na sociedade brasileira, parece ter caído em desgraça com o povo de Deus. Tudo por causa de um vídeo antigo, provavelmente de 2018, quando ele estava se lançando como candidato à presidência, onde ele aparece discursando dentro de um templo da maçonaria. Observando a repercussão do vídeo nas redes sociais, principalmente, entre os seus apoiadores cristãos, percebe-se como a influência da religião é capaz de produzir raciocínios que colocam a sua doutrina acima do senso de humanidade das pessoas.
Durante a pandemia, enquanto milhares de pessoas morriam e outras tantas se desesperavam para se manterem vivas, Bolsonaro promoveu aglomerações, passeou de jet ski, andou à cavalo, reuniu selvagens para exibirem suas motocicletas, comeu picanha de 1.799 reais o quilo, enquanto o povo estava na fila do osso, fez piada com a falta de ar de quem estava morrendo de covid, disse que não era coveiro para enterrar os mortos, fez campanha contra o isolamento social, relutou em liberar o auxílio emergencial para a população, contrariou ciência e receitou cloroquina como tratamento precoce e deixou de comprar a vacina em tempo hábil para impedir que, no mínimo, umas 200 mil pessoas tivessem morrido. Sem falar nas incontáveis mentiras ditas por ele.
Apesar de ter se comportado como um verdadeiro anticristo, não só durante a pandemia, mas como em toda a sua vida pública, dando declarações racistas, homofóbicas, machistas, aporofóbicas e violentas, só agora, apenas por vê-lo participando de uma sessão maçônica, é que os evangélicos que sempre o apoiaram em tudo decidiram se decepcionar com ele. Como se o fato de ele ter entrado numa loja da maçonaria, fosse pior do que ele ter se comportado como um sujeito sem alma em toda a sua existência. A religiosidade cristã e suas incoerências. Eis um dos motivos que não me deixa enxergar com bons olhos a junção política e religião. Uma combinação que historicamente sempre produziu um mal cheiro dentro das sociedades.
Em se tratando de cristianismo então, pior ainda. Seja o pastor ou padre, de direita ou de esquerda, ambos não têm muito a contribuir com o debate social porque estarão sempre iniciando, permeando ou pontuando esse debate com a sua visão religiosa. O que, para o estado laico, é prejudicial. Até porque, tal visão religiosa seria exposta com acréscimos de achismos e de empirismos, baseados apenas na experiência de fé individual desses representantes. E, no final, todos estariam cumprindo o seu mandato de acordo com aquilo que Jesus lhes mandou dizer e fazer pelo povo. Basta avaliarmos o projeto de Jesus Cristo para a nação, segundo as ideias da bancada evangélica no congresso e pelo perfil dos escolhidos por Deus para promoverem o “avivamento” da nação, para ente ndermos o quanto isso tem sido nocivo à coletividade.
O problema, pelo menos ao meu ver, não é Bolsonaro ter estado na maçonaria ou recebido o apoio da misteriosa ordem para se eleger presidente. O problema é Bolsonaro ser o que ele é. Desumano, desonesto, criminoso, nefasto, mentiroso, corrupto, preconceituoso e genocida. Porém, para muitos ditos cristãos, a hipocrisia do discurso vale mais do que o resultado das ações praticadas. Obviamente, precisamos lembrar que Bolsonaro, além de se declarar cristão, também costuma se apresentar como o único presidente em toda a história do país que fala de Deus. Afirmações estas que não permitiriam que ele se associasse à maçonaria, uma vez que a igreja a qual ele diz pertencer condena tal prática. Fato, é que Jair agora está sendo demo nizado por muitos que o adoravam e o tinham como o salvador da pátria. Uma decepção tardia e distópica, característica de pessoas que vivem uma realidade paralela produzida pela alienante ”verdade” religiosa.
Assim como Al Capone, Bolsonaro pode acabar pagando por todos os seus terríveis erros e crimes hediondos, sendo condenado e execrado publicamente pelo menos letal deles todos. A sua falsidade religiosa. Para a maioria da população que votou em Lula no primeiro turno, por entender que já chega desse faz de conta político, social, religioso e humano, tanto faz se Bolsonaro será punido pelas mortes que ajudou a produzir durante a pandemia ou por ter sido desmascarado como um dos falsos profetas previstos na Bíblia. O importante é que ele desapareça, se escafeda, suma do mapa. Seja derrotado nas urnas no segundo turno ou queimado vivo na fogueira da santa hipocrisia cristã.
Ricardo Nêggo Tom
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