A tardia decepção dos evangélicos com Jair Bolsonaro na maçonaria

Bolsonaro pode pagar por todos os seus erros e crimes hediondos, sendo condenado e execrado publicamente pelo menos letal deles todos: sua falsidade religiosa

Bolsonaro comemora golpe de 1964 em maçonaria
Bolsonaro comemora golpe de 1964 em maçonaria (Foto: Reprodução)


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Jair Bolsonaro, o candidato que se apresenta como o defensor da família e dos valões cristãos na sociedade brasileira, parece ter caído em desgraça com o povo de Deus. Tudo por causa de um vídeo antigo, provavelmente de 2018, quando ele estava se lançando como candidato à presidência, onde ele aparece discursando dentro de um templo da maçonaria.  Observando a repercussão do vídeo nas redes sociais, principalmente, entre os seus apoiadores cristãos, percebe-se como a influência da religião é capaz de produzir raciocínios que colocam a sua doutrina acima do senso de humanidade das pessoas.

Durante a pandemia, enquanto milhares de pessoas morriam e outras tantas se desesperavam para se manterem vivas, Bolsonaro promoveu aglomerações, passeou de jet ski, andou à cavalo, reuniu selvagens para exibirem suas motocicletas, comeu picanha de 1.799 reais o quilo, enquanto o povo estava na fila do osso, fez piada com a falta de ar de quem estava morrendo de covid, disse que não era coveiro para enterrar os mortos, fez campanha contra o isolamento social, relutou em liberar o auxílio emergencial para a população, contrariou  ciência e receitou cloroquina como tratamento precoce e deixou de comprar a vacina em tempo hábil para impedir que, no mínimo, umas 200 mil pessoas tivessem morrido. Sem falar nas incontáveis mentiras ditas por ele.

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Apesar de ter se comportado como um verdadeiro anticristo, não só durante a pandemia, mas como em toda a sua vida pública, dando declarações racistas, homofóbicas, machistas, aporofóbicas e violentas, só agora, apenas por vê-lo participando de uma sessão maçônica, é que os evangélicos que sempre o apoiaram em tudo decidiram se decepcionar com ele. Como se o fato de ele ter entrado numa loja da maçonaria, fosse pior do que ele ter se comportado como um sujeito sem alma em toda a sua existência. A religiosidade cristã e suas incoerências. Eis um dos motivos que não me deixa enxergar com bons olhos a junção política e religião. Uma combinação que historicamente sempre produziu um mal cheiro dentro das sociedades.

Em se tratando de cristianismo então, pior ainda. Seja o pastor ou padre, de direita ou de esquerda, ambos não têm muito a contribuir com o debate social porque estarão sempre iniciando, permeando ou pontuando esse debate com a sua visão religiosa. O que, para o estado laico, é prejudicial. Até porque, tal visão religiosa seria exposta com acréscimos de achismos e de empirismos, baseados apenas na experiência de fé individual desses representantes. E, no final, todos estariam cumprindo o seu mandato de acordo com aquilo que Jesus lhes mandou dizer e fazer pelo povo. Basta avaliarmos o projeto de Jesus Cristo para a nação, segundo as ideias da bancada evangélica no congresso e pelo perfil dos escolhidos por Deus para promoverem o “avivamento” da nação, para ente ndermos o quanto isso tem sido nocivo à coletividade. 

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O problema, pelo menos ao meu ver, não é Bolsonaro ter estado na maçonaria ou recebido o apoio da misteriosa ordem para se eleger presidente. O problema é Bolsonaro ser o que ele é. Desumano, desonesto, criminoso, nefasto, mentiroso, corrupto, preconceituoso e genocida. Porém, para muitos ditos cristãos, a hipocrisia do discurso vale mais do que o resultado das ações praticadas. Obviamente, precisamos lembrar que Bolsonaro, além de se declarar cristão, também costuma se apresentar como o único presidente em toda a história do país que fala de Deus. Afirmações estas que não permitiriam que ele se associasse à maçonaria, uma vez que a igreja a qual ele diz pertencer condena tal prática. Fato, é que Jair agora está sendo demo nizado por muitos que o adoravam e o tinham como o salvador da pátria. Uma decepção tardia e distópica, característica de pessoas que vivem uma realidade paralela produzida pela alienante ”verdade” religiosa.

Assim como Al Capone, Bolsonaro pode acabar pagando por todos os seus terríveis erros e crimes hediondos, sendo condenado e execrado publicamente pelo menos letal deles todos. A sua falsidade religiosa. Para a maioria da população que votou em Lula no primeiro turno, por entender que já chega desse faz de conta político, social, religioso e humano, tanto faz se Bolsonaro será punido pelas mortes que ajudou a produzir durante a pandemia ou por ter sido desmascarado como um dos falsos profetas previstos na Bíblia. O importante é que ele desapareça, se escafeda, suma do mapa. Seja derrotado nas urnas no segundo turno ou queimado vivo na fogueira da santa hipocrisia cristã.

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Ricardo Nêggo Tom

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