A segregação e o Carnaval

Quando aceitamos, por vontade própria, que castas sociais sejam separadas em pleno carnaval, estamos contribuindo para que blocos só aceitem gente branca, negras ricas, bonitas, heterossexual, gays, dentro de suas cordas



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O carnaval sem polêmica é a arte dos insensatos. Deve ter sido este o pensamento dos organizadores do Olinda Beer 2018 que aconteceu em sua 21ª edição na cidade do Recife em Pernambuco. No evento o público foi separado pelo poder aquisitivo. Cada grupo usava uma cor distinta para ter acesso ao seu espaço. Azul, verde e roxo.

Quando os nazistas, personificados pela figura de Hitler, decidiram que a solução para a humanidade seria a purificação da raça, eles acreditavam serem os únicos descentes puros dos arianos (os primitivos indo-europeus). Se consideravam uma "raça superior". Em seu livro "Minha Luta" (1925), Adolf se refere aos alemães como as "melhores espécies da humanidade".

Durante a segunda guerra mundial, os judeus (raça impura para os arianos) eram proibidos de serem atendidos em hospitais. Estudantes universitários não podiam mais fazer exames de doutorado. Eles também foram proibidos de serem considerados alemães. Não podiam trabalhar em qualquer agência governamental e não era permitido que se relacionassem com os cidadãos.

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Quando chegou ao Peru, país Sul-americano, Che Guevarra trabalhou com leprosos e resolveu se tornar um especialista no tratamento da doença. O encontro com pessoas que estavam segregadas, afastadas do convívio social, afetou decisivamente a personalidade do então médico argentino. Ele ficou chocado com a pobreza e a injustiça social que encontrou naquele local onde pessoas foram abandonadas a própria sorte.

Jesus no Velho Testamento já tinha tido contato com 10 leprosos. Este acontecimento é narrado no livro de Lucas. O acontecimento da cura daqueles que a sociedade abominava, se deu já nos últimos do Mestre na terra.

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Como podemos ver, a segregação de pessoas, seja por seu estilo de roupas, de música, de doenças, de personalidades, de preferência religiosa, sexual, política já aconteceu desde os tempos remotos. E estão descritas em várias obras literárias. Mas nunca tinham acontecido por vontade própria das pessoas.

O que aconteceu no Olinda Beer é a mostra de que a evolução da raça humana está indo em desacordo com fatos históricos. Quando aceitamos, por vontade própria, que castas sociais sejam separadas em pleno carnaval, estamos contribuindo para que blocos só aceitem gente branca, negras ricas, bonitas, heterossexual, gays, dentro de suas cordas. Cardas que separam os diferentes, mas que não diferenciam em nada a cada um desses, sejam nas suas manifestações, sejam em suas opiniões.

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Como eram feios os guetos de Varsóvia com sua gente morrendo de fome, frio e sendo levadas, como gado para o abate, o isolamento e morte de leprosos a mais de dois mil anos, a segregação em blocos e festas fechadas, é triste ver a sociedade calada diante de toda e qualquer tipo de imposição através da segregação.

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