A Rio Já tem lado: o Rio já é Lula
"Estamos com Lula. Na atual conjuntura, somente ele poderá resgatar os valores democráticos envilecidos pelo atual mandatário", diz Ricardo Bruno
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O Rio guarda segredos em recantos inusitados. Bares, restaurantes, ruas, praças ou construções escondem parte da transformação dos hábitos e costumes de seus moradores. Revisitá-los com os sentidos aguçados ajuda a escrever capítulos importantes da história contemporânea da cidade. São endereços impregnados de tradição e simbolismos imperceptíveis a olho nu, quase sempre ofuscados pela azáfama da dura rotina na metrópole. Desvendá-los é uma de nossas tarefas mais prazerosas.
Às vésperas de eleições cruciais, a Rio Já visitou alguns desses lugares icônicos. Templo etílico da esquerda carioca, encravado numa das subidas do Morro do Pinto, região portuária, o Bar do Omar não é apenas um charmoso botequim onde se professa a carioquice em sua essência mais legítima. Nos últimos anos, fez-se também um espaço de resistência política, em torno do qual se juntam diariamente admiradores do ex-presidente Lula, embalados por samba e cerveja. Funciona como uma espécie de comitê informal da candidatura petista.
Não por acaso, fizemos incursão neste festivo reduto carioca de defesa das instituições democráticas. Ao visitá-lo, transpomos a linha, abandonamos a neutralidade farsesca de outros veículos, para assumirmos um lado. Com absoluta nitidez e plena consciência da importância do momento histórico, estamos com Lula. Na atual conjuntura, somente ele poderá resgatar os valores democráticos envilecidos pelo atual mandatário. E garantir a retomada do desenvolvimento socioeconômico do País, recuperando dignidade à vida dos brasileiros, especialmente dos pobres e desvalidos. O afunilamento das rotas entre civilização e barbárie exige clareza; desaconselha tergiversações. Daí nossa posição incontrastável em favor da única candidatura progressista competitiva.
A Rio Já é plural mas dentro de limites democráticos. Abarcamos todas as tendências e correntes que se expressam neste vasto campo político. Contudo, não há complacência tampouco omissão diante do grave momento da história republicana nacional. A gravidade exige posições claras e contundentes. Por esta razão, julgamos por bem consignar em público nossa opção indubitável pró-Lula.
Posto isto, enveredamos novamente nas entranhas da cidade para revelar a beleza e o charme de uma setentona: a Churrascaria Palace. O vetusto endereço da rua Rodolfo Dantas, próximo ao Beco das Garrafas, berço da Bossa Nova, e nas redondezas dos inferninhos do bas-fond carioca, nada tem de obsoleto. Prestes a completar 71 anos, exibe jovialidade sem perder a tradição de excelência construída em anos de serviços prestados à gastronomia da cidade.
Com DNA português, a casa recebeu ano passado o prêmio de Melhor Carne do Rio, o que atesta uma trajetória de exceção no mercado. A Palace é um dos raríssimos estabelecimentos que conseguiram atravessar décadas sem perder a qualidade que a fez pioneira em rodízios de cortes especiais.
Mais do que uma experiência gastronômica, a Palace é depositária de parte da história cultural da cidade. O tradicional salão do restaurante, em estilo Art-Deco, foi palco de estórias saborosas ou porres memoráveis envolvendo personagens da cena carioca. Com mesa cativa, Jorge Amado e Zélia Gattai viveram ali momentos de amor nos anos 60. O escritor baiano morava no mesmo prédio em que está o restaurante e tinha também o privilégio de ser o único cliente a receber comida em casa vez por outra.
Mês passado, o mestre João Donato comemorou lá os seus 88 anos, ao lado de Carlinhos Lyra, Marcos Valle, Wanda Sá e Gilson Peranzetta, em noite animada pelo piano de Wan Chagas, lendário personagem das boates e hotéis do bairro.
O quindim servido na casa é preparado seguindo receia de Vinicius de Moraes, e vem com shot de White Horse, o uísque do poeta. A Palace é um dos poucos restaurantes com alma e espírito genuinamente cariocas. Seus salões guardam um clima, uma aura, que ultrapassa o reconhecimento unânime da qualidade das carnes servidas. Ali transpira-se o glamour, de uma época em que Copacabana vivia os anos dourados de Princesinha do Mar.
Da Palace passamos ao melhor restaurante de comida amazônica do país. Bem longe dos igarapés da floresta, em plena Praça Mauá, fomos conhecer a filial da Casa do Saulo, talvez o mais genuíno representante da culinária original brasileira.
Instalado no Museu do Amanhã, o estabelecimento é mais uma inciativa do intrépido Saulo Jennings. Formado em Administração, passou a pescar para comer ao ficar desempregado. Da casa simples à beira do Tapajós, dava aula de kitesurf e começou a fazer peixe assado para os alunos ao fim da aula. “Percebi que eles começaram a ir mais pelo peixe do que pela aula”, lembra. Com cinco endereços, Saulo é hoje o mais estrelado chefe do circuito culinário amazônico.
Na busca de personagens de sucesso improvável, chegamos ao Ceasa, na decadente e turbulenta Avenida Brasil. Lá encontramos José Nilton Barbosa, um paraibano de Campina Grande que, em 1978, fixou residência na favela do Acari para tentar ganhar a vida no Rio. Quarenta anos depois, tornou-se um portentoso empresário, uma espécie de rei do Ceasa, onde comanda uma empresa com 300 funcionários, 18 lojas e um faturamento de mais de R$ 8 milhões/mês.
“Se eu contar minha história para o carroceiro, o burro chora”, brinca José Nilton, ou melhor o Cabeludo, alcunha que carrega desde a juventude.
O próprio personagem narra a sua saga em uma entrevista instigante nas páginas desta edição.
Boa leitura
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