A renúncia de Bolsonaro viria em boa hora

O presidente parece se sentir viver numa realidade paralela, noutra dimensão, a do negacionismo quanto à realidade catastrófica da doença no Brasil, e deixou bem claro essa percepção, ao sair de seus palácios para percorrer ruas, praças e lojas de cidades localizadas no entorno de Brasília (DF)

(Foto: ADRIANO MACHADO - REUTERS)


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Assessorado e influenciado por sinistros personagens como o suposto astrólogo Olavo de Carvalho, seu guru, o presidente Jair Bolsonaro vai se isolando, pressionado por seus filhos e apoiado por um grupo de oportunistas nomeados com cargos comissionados, altos salários, corrupção provável. Ele não tem o apoio dos governadores, prefeitos municipais, de parte de sua própria base parlamentar, que na verdade nunca chegou a ser majoritária, e se aproxima, a essa altura conjuntural, de se tornar uma unanimidade nacional, negativa.

Bolsonaro, por sua postura e atitudes irresponsáveis, está à frente de um governo dividido, procrastinador, indeciso e “errático” – como observaram os signatários do manifesto que pede sua renúncia imediata, encabeçado por líderes como Ciro Gomes, Fernando Haddad, Flávio Dino e Guilherme Boulos. Como denunciou vários governadores nordestinos – entre eles, o governador do Piauí, Wellington Dias –, as medidas anunciadas pelo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, não estão acontecendo na prática.

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Faltam máscaras, testes, rápidos ou não, equipamentos de proteção individual (EPIs), respiradores, etc. e ainda recursos aos estados no sentido de que medidas sejam tomadas, em caráter emergencial, visando instalar hospitais de campanha, ampliar o número de unidades de terapia intensiva (UTIs), etc. Segundo o ministro da Saúde, em coletiva concedida na tarde desta segunda-feira (30-3), tudo isso ainda não chegou porque, no caso dos equipamentos, falta no mercado interno e estão sendo importados da China.

Mundo se pergunta

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A gravidade da pandemia da COVID-19 continua se intensificando, ampliando, hora-a-hora, o número de mortes, infectados comprovadamente testados, pacientes em estado grave ou gravíssimo, nas UTIs, e o estado de medo e até pânico, por parte da população. Mesmo assim, diante da insistência de Bolsonaro em defender o tal estado de isolamento vertical, que prevê a liberação para voltar à “normalidade”, nos ambientes escolares e de trabalho, não só o País – mas o mundo – se pergunta sobre o que vai acontecer diante desse quadro gravíssimo.

O presidente, no entanto, parece se sentir viver numa realidade paralela, noutra dimensão, a do negacionismo quanto à realidade catastrófica da doença no Brasil, e deixou bem claro essa percepção, ao sair de seus palácios para percorrer ruas, praças e lojas de cidades localizadas no entorno de Brasília (DF). O gesto escandalizou toda a sociedade brasileira, desde os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), os presidentes do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, a grande maioria dos congressistas e toda a classe médica.

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Seu “passeio”, que explicou como ação no sentido de “ouvir” a população, teve uma impressionante repercussão internacional, na qual foi taxado de único negacionista do planeta, entre os chefes de governo e estado em todos os continentes. Porém, no caminho inverso tomado pela humanidade, ele segue, em suas pequenas preocupações e motivações, de viés ideológico de extrema-direita, seu pequeno modus operandi, desarticulando o gabinete de crise criado para enfrentar a COVID-19 e “fritando” seu ministro da Saúde.

 

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