A reforma da Previdência e a chantagem do ministro
O ministro da Educação, Abraham Waintrau, disse que o corte anunciado de 30% nas verbas das universidades pode ser revertido se a reforma da Previdência for aprovada. É a mais deslavada chantagem. Jamais poderia ser feita, qualquer que fosse a justificativa, por um educador
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Não dá para comentar o depoimento do ministro da Educação, Abraham Waintrau, na terça, no Congresso Nacional. Foi o mais expressivo pacote de disparates que uma autoridade pública educacional poderia proferir. Inclusive sua ênfase no ensino primário, que é da competência municipal. Um aspecto, porém, deve ser ressaltado, e define exatamente o caráter do ministro. Ele disse que o corte anunciado de 30% nas verbas das universidades pode ser revertido se a reforma da Previdência for aprovada. É a mais deslavada chantagem. Jamais poderia ser feita, qualquer que fosse a justificativa, por um educador.
Tecnicamente, estamos diante de uma fraude intelectual. Se a suspensão do corte está condicionada a retomada da economia, e se a retomada da economia depende da aprovação da reforma, seria necessário que a aprovação da reforma, no fim do primeiro semestre, produzisse efeitos tão imediatos que já no segundo estaríamos crescendo. Ora, isso é duplamente impossível. Primeiro, porque já foi demonstrado nessa Vigília que não há a menor possibilidade de a reforma, nos termos de Guedes, gerar crescimento econômico. Segundo, caso isso fosse possível, não haveria tempo para o crescimento ocorrer no segundo semestre.
O que está por trás dessa história é outra coisa. Guedes decidiu contingenciar todo o orçamento, como tem sido a prática neoliberal dos últimos tempos, responsável pelo desastre da economia. Deve ter chamado o ministro da Educação e disse: Olha, o contingenciamento é inevitável. Como isso terá grande repercussão na sua área, pois afeta estudantes, professores e famílias ligadas às universidades, aproveite a situação e diga a eles que o corte será retirado se a reforma da Previdência passar. Com isso, trabalhamos juntos para fazer passar a reforma. E o que vier depois a gente verá.
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