A razão de Lula: "o mundo precisa de paz"

"Sorte do povo que tem um político com a estatura de Luiz Inácio Lula da Silva", escreve Paulo Moreira Leite

(Foto: Ricardo Stuckert)


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Num mundo que há seis meses assiste ao espetáculo degradante da invasão da Ucrânia, Lula tornou-se manchete internacional ao assumir uma postura clara no conflito: “O Brasil fará todo o esforço que tiver ao seu alcance na conversa com outro chefe de estado para que a gente estabeleça novamente a paz. Não interessa a ninguém neste momento qualquer guerra. O mundo está precisando de paz”, disse ele, em entrevista a correspondentes estrangeiros, nesta segunda-feira. 

Iniciada com  a perspectiva de durar uma semana, a guerra da Ucrania prolonga-se por um prazo vinte vezes maior, sem apresentar qualquer perspectiva de solução pacifica em prazo curto. Num quadro previsível de apocalipse, num conflito entre uma das principais potencias militares do planeta contra um país de porte médio da Europa central, o confronto já começa a apresentar sequelas previsíveis  em tragédias desse tipo -- como o atentado terrorista que tirou a vida da filha de um dos principais assessores de Vladimir Putin.  

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Até hoje a guerra produziu 5 000 mortes reconhecidas pela ONU no lado ucraniano, ao lado de um número incalculável de vítimas sem registro nos escombros -- e nenhuma informação confiável sobre vítimas no lado russo. O número de refugiados ucranianos chega a cinco milhões -- ou 8% da população - e seis milhões já deixaram o país. Ao provocar o colapso de uma economia que é um dos principais celeiros do planeta, a guerra produziu um efeito colateral doloroso para a população mundial, em particular às camadas mais pobres -- inflação e carestia de alimentos, um dos fatores de desequilíbrio da economia mundial. 

 E é porque não perdeu a conexão profunda com os homens e mulheres pobres do planeta, vizinhos da fome e alvo de expressões variadas de uma carestia histórica, que Lula não cessa de recordar a importância de trabalhar pela paz. “É preciso menos investimento em guerra e mais investimento em empregos, mais investimento em políticas de inclusão social, mais investimento em políticas de combate à fome para acabar com a desigualdade no planeta”, disse Lula aos correspondentes, numa mensagem que faz eco aos grandes protestos pela paz o o ocorridos na História, inclusive da juventude norte-americana que foi às ruas pelo fim da guerra do Vietnã, movimento que impôs uma das principais derrotas do imperialismo no século XX.   

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Mostrando-se fiel a um ponto de vista que prioriza a necessidade dos povos, em particular  de países menos desenvolvidos, na entrevista Lula empregou sua aparente simplicidade para afirmar princípios essenciais.Na realidade, a base de seus argumentos encontra-se na própria Constituição brasileira. Ali se afirma o compromisso da Republica Federativa do Brasil com a "solução pacífica de controvérsias," e, no artigo IV, aponta-se um conjunto de princípios a serem aplicados em nossas relações internacionais,  entre eles: "prevalência de direitos humanos",  "auto-determinação dos povos", "não-intervenção" e "defesa da paz". Em seu discurso pela paz, Lula coloca-se, com toda clareza, no terreno da democracia e dos direitos dos povos. Mias uma vez, trata-se de um movimento contrário ao de Bolsonaro. "Quando acaba a saliva, tem que ter pólvora", disse ele, durante um conflito retórico sobre a Amazonia com o presidente dos EUA, Joe Biden. 

Num movimento que traduz a natureza irresponsável de sua diplomacia, momentos antes das tropas russas avançarem sobre a Ucrania Bolsonaro fez uma visita de boa sorte a Vladimir Putin, num movimento que contraria vários ítens do artigo IV da Constituição, como está exposto acima -- gesto que representa mais um motivo para o eleitorado brasileiro livrar-se dele em outubro.

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