A rampa e o sentimento do mundo

"A cena do presidente subindo a rampa do Planalto, acompanhado por pessoas que representam a diversidade, é a mais simbólica deste resgate", diz Kakay

Cerimônia de posse do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto
Cerimônia de posse do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto (Foto: Tânia Rego/Agência Brasil)


✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

O Brasil amanheceu com novos ares. Foi como afastar uma nuvem densa e sufocante que teimava em tirar nosso fôlego e obstruir nossa visão. Uma nuvem tão espessa que era possível tocar com as mãos e sentir o peso que embaralhava medo, ansiedade, desesperança e tristeza. O país inteiro era refém da mediocridade, do ódio, da violência. Um povo sem autoestima e tendo que conviver com uma seita imbecilizada. Um país que caiu num fosso que parecia não ter fundo. Mas a democracia destampou a porta do fosso. 

A cena do Presidente Lula subindo a rampa do Palácio do Planalto, acompanhado por pessoas que representam a diversidade brasileira, é, sem dúvida, a mais simbólica deste período de resgate do Estado Democrático de Direito. É o Brasil tomando posse de si mesmo. É a simbolização da pluralidade que faz do brasileiro um povo diferenciado.

continua após o anúncio

Além da cachorrinha Resistência, que subiu no colo da Janja, estavam nos representando o líder indígena Raoni Metuktire, cacique Kayapó; a catadora de resíduos para reciclagem Aline Souza; o menino nadador negro de 10 anos, Francisco; a pessoa com deficiência, que sofreu paralisia cerebral aos 3 anos e é referência na luta anticapacitista, Ivan Baron; o metalúrgico do ABC Weslley Rodrigues; o professor Murilo de Quadros Jesus; a cozinheira Jucimara Fausto dos Santos e o artesão Flávio Pereira. Sem contar que a foto dessas pessoas dava a impressão de que a imensa multidão que acompanhava também subia junto com o Lula a rampa do Palácio.

Imagino o desprezo dos bolsonaristas vendo aquela cena. Eles que detestam tudo que ali estava representado. É muito interessante imaginar o que cada um sentiu ao acompanhar a subida da rampa. Os obscurantistas e preconceituosos certamente viram com um olhar pretensamente superior e sentiram desprezo por todas as pessoas. Eles jamais teriam a capacidade de entender o simbolismo ali presente. Eu sinto orgulho do desprezo deles. 

continua após o anúncio

Eu sempre disse que o que define a possibilidade de haver união, amor e afetividade entre as pessoas é existir o que eu chamo de "sentimento do mundo". É impossível você viver ao lado de alguém que sente o mundo de maneira completamente diferente do seu olhar. É possível a tolerância dos desiguais, o respeito. No entanto, como dividir o dia a dia com quem é racista, despreza o pobre, tem ódio das minorias, é indiferente em relação à fome e à desigualdade?

A maneira de sentir a cena da subida da rampa define muito bem quem é quem. Eu chorei de emoção e me vi invadido por uma felicidade que me abraçava e acarinhava. Eu esperancei. E tenho certeza de que o meu olhar era o mesmo de milhões de brasileiros que se sentiram representados. Não à toa que essa foi a imagem reproduzida no mundo todo como o sinal de um novo tempo. Como se a humanidade voltasse, mais uma vez, os olhos para o Brasil e para o povo brasileiro. Como se esperançássemos todos. 

continua após o anúncio

Sempre lembrando Paulo Freire, na Pedagogia do Oprimido: "Palavra não é privilégio de algumas pessoas, mas o direito de todos."

continua após o anúncio

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Este artigo não representa a opinião do Brasil 247 e é de responsabilidade do colunista.

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

continua após o anúncio

Ao vivo na TV 247

Cortes 247