A quem pertence o legado filosófico de Walter Benjamin?
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Desde que comecei a me interessar pelo estudo da teoria crítica frankfurtiana, nos idos dos anos 80, na UFPE e na UNB, me deparei com uma questão prévia: de qual Walter Benjamin, estamos falando?
-Tendo comecado minha jornada pelo livrinho pioneiro da filósofa suissa Jean-Marie Gagnebin, a minha primeira recepção do autor judeu-comunista alemao foi fruto de uma leitura "talmudica", "judaizante", que subsumia inteiramente o pensamento do autor a mistica de Isaac Luria e a doutrina da "schechena" para explicar o conceito de salvacão/emancipação de Walter Benjamin. Muitos anos depois, Gagnebin voltaria ao tema, convertendo-se ao pós-estruturalismo e ao sofrimento das vítimas e sobreviventes do holocausto.
Michael Lowy , judeu-troskista, filho de pais austríacos , denominou o autor como "teólogo da Revolução ", um pouco na senda interpretativa de Bloch sobre Thomas Munzer, o líder das revoltas camponesas do norte da Europa.
Anos mais tarde, Lowy reaproveitando ensaios sobre Benjamin, apresentou um esforço hermenêutico das teses sobre o conceito de História, onde pela primeira vez faz críticas a concepção materialista da História, convalidando a primeva interpretação de Jeanne-Marie.
Depois veio a interpretação marxizante de Flávio kothe sobre W.B. e a subestimação dos elementos messiânicos e judaizantes no pensamento tardio do autor . E a ênfase marxista no "trabalho das passagens" de Paris (the dialetics of the seenging). Visão reducionista e materialista, ortodoxa e estreita do messianismo benjaminiano..
Finalmente a visão freudiana de Walter Benjamin , de Sérgio Paulo Rouanet. Tanto literária, como psicanalítica das paisagens parisienses. Louve-se a sua tradução do "Drama barroco alemão ", com um bom estudo introdutório sobre o assunto.
Acrescente-se dois estudos posteriores de Leandro Konder, de caráter divulgativo e informativo - como é bem do estilo dele - e o de Kátia Muricy, a razão barroca, dentro de uma perspectiva nietzschiana e pós-moderna, no espírito de crítica da modernidade.
O pensamento de Walter BENJAMIN tornou-se um produto da fortuna crítica de intérpretes e comentadores. Cada qual fala de "seu" Benjamin, como se existissem vários Benjamin e não m autor judeu, alemao, estudioso do judaísmo, da contracultura e do marxismo. É mais fácil simplificar, reduzir, cortar, caricaturar o pensamento do autor.
Apresento mais abaixo algumas publicações sobre ele.
Michel Zaidan: Leituras sobre Walter Benjamin, A crise da razão histórica, Reflexões sobre a História
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