A quadrilha vai cair

A "quadrilha" que assaltou o poder para roubar o país, como diz o colega jornalista Paulo Henrique Amorim, deve cair. E deve cair pelas ruas, pela Lava Jato ou pelo TSE. Ou pelos três fatores em conjunto. Quando se dará isso, acho que já é apenas uma questão de tempo

Presidente da Câmara, Eduardo Cunha, o presidente em exercício, Michel Temer e do Senado, Renan Calheiros, durante posse da deputada Luciana Santos na presidência do PC do B (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
Presidente da Câmara, Eduardo Cunha, o presidente em exercício, Michel Temer e do Senado, Renan Calheiros, durante posse da deputada Luciana Santos na presidência do PC do B (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil) (Foto: Romerito Aquino)


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A "quadrilha" que assaltou o poder para roubar o país, como diz o colega jornalista Paulo Henrique Amorim, deve cair. E deve cair pelas ruas, pela Lava Jato ou pelo TSE. Ou pelos três fatores em conjunto. Quando se dará isso, acho que já é apenas uma questão de tempo.

É o que se pode deduzir da leitura dos últimos acontecimentos do país, recém-saído do Carnaval, onde mostrou fortemente o "Fora Temer" nas ruas. Fantasiados ou não, milhões de brasileiros, de Norte a Sul do Brasil, gritaram "não", em uníssono, à continuidade do governo ilegítimo, usurpador e golpista do vice Michel Temer no comando administrativo da nação.

O grito alto do "Fora Temer" veio acompanhado das manchetes da imprensa nacional sobre corrupção, que, mesmo tendo apoiado o golpe contra o mandato legítimo da presidenta Dilma, passou a divulgar os graves detalhes do grande escândalo em que vem se transformando diariamente a delação da Odebrecht à operação Lava Jato.

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Trata-se das delações dos 77 executivos da maior empreiteira do país, que têm o poder, segundo a mesma imprensa, de varrer do mapa político nacional nada menos que 250 de seus principais cabeças, a começar do presidente, de muitos de seus ministros, das presidências do Senado e da Câmara e das lideranças e dirigentes dos inúmeros partidos que apoiam o governo qualificado como "quadrilha" pelo ex-repórter da Globo.

Paralelo ao eco democrático do carnaval e às bombásticas revelações das delações da Odebrecht caminha o processo aberto pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para investigar eventuais ilegalidades nas contas da chapa Dilma-Temer na campanha de 2014, que se forem comprovadas também têm o poder de varrer imediatamente Michel Temer do Palácio do Planalto.

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Nesse processo, aliás, os delatores da Odebrecht admitiram na sexta-feira até terem entregue R$ 9 milhões em caixa dois ao atual senador e ex-candidato presidencial Aécio Neves, do PSDB, partido que foi, inclusive, quem pediu a investigação contra a chapa vencedora das últimas eleições presidenciais. Os delatores admitiram que a empresa doou para os principais partidos nada menos que R$ 200 milhões, sendo grande parte deles via caixa dois.

Somados às centenas de milhões de reais, doados em campanhas pelas outras grandes empreiteiras nacionais, cujos dirigentes também fizeram delações premiadas na Lava Jato, a montanha de propina da Odebrecht vai certamente decepar as cabeças de Michel Temer e de todos os seus seguidores no golpe.

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A gravidade das primeiras das 77 delações da Odebrecht, envolvendo Temer com doações de R$ 11 milhões, também através de caixa dois, já tornou tão insustentável a situação do seu governo ilegítimo que o jornal Folha de São Paulo, um dos principais apoiadores do golpe contra Dilma, defendeu em editorial, na última sexta-feira, a realização das diretas-já para presidente como a única solução para combater a grave crise política nacional.

Uma crise que se agrava ainda mais pela piora crescente da economia do país e pelas intenções do atual governo de arrochar a classe trabalhadora, tirando-lhe seus direitos e obrigando-a a trabalhar até morrer através de sua reforma previdenciária, além de ameaçar extinguir totalmente importantes programas sociais, tais como o Bolsa Família, ainda essencial para se combater a fome e a miséria ao longo do território brasileiro.

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No geral, posso dizer que o clima de instabilidade política presente hoje no país já se parece muito com o que presenciei no decorrer de 1992, ano em que, na condição de repórter da sucursal de Brasília do Jornal do Brasil, cobri e acompanhei todo o desenrolar da crise política que levou ao impeachment e à renúncia do ex-presidente Fernando Collor.

O que vejo hoje nas águas de março fechando o verão brasileiro - como via naquele início de 1992 – é que já não há mais credibilidade alguma da população no seu presidente, no seu governo e nos seus aliados. Com tudo levando a crer que só a volta da democracia, com governantes eleitos, honestos e bem-intencionados, haverá de fazer o Brasil voltar a crescer econômica e socialmente para deixar de ser um dos maiores paradoxos do mundo: uma nação tão grande e tão rica, mas ainda com tantos pobres e miseráveis.

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Do site Expresso Amazônia

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