A Previdência é social

Para este governo a previdência não está inserida no eixo social, mas no econômico, tratada como um problema econômico. Não é por outro motivo que a reforma do governo aniquila a previdência como direito social, para cortar direitos dos trabalhadores e para privilegiar o mercado

Para este governo a previdência não está inserida no eixo social, mas no econômico, tratada como um problema econômico. Não é por outro motivo que a reforma do governo aniquila a previdência como direito social, para cortar direitos dos trabalhadores e para privilegiar o mercado
Para este governo a previdência não está inserida no eixo social, mas no econômico, tratada como um problema econômico. Não é por outro motivo que a reforma do governo aniquila a previdência como direito social, para cortar direitos dos trabalhadores e para privilegiar o mercado (Foto: Jandira Feghali)


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A mensagem presidencial na abertura da sessão legislativa de 2018 escancara a visão deste governo no que se refere à reforma da previdência. O texto é dividido em 5 eixos temáticos: econômico; infraestrutura; social e cidadania; o Brasil e o mundo; e gestão pública.

Nada mais esclarecedor do que verificar em qual desses eixos está colocada a Previdência Social. Para este governo a previdência não está inserida no eixo social, mas no econômico, tratada como um problema econômico. Não é por outro motivo que a reforma do governo aniquila a previdência como direito social, para cortar direitos dos trabalhadores e para privilegiar o mercado. Esta é a verdade que está estampada na mensagem presidencial para quem quiser ver. São taxativos ao afirmar que “a Reforma da Previdência é mais um componente essencial no conjunto de reformas para a recuperação do equilíbrio das contas públicas”.

Tentam vender a proposta ao afirmar que “o atual sistema é socialmente injusto e financeiramente insustentável. É socialmente injusto porque transfere recursos de quem menos tem para quem menos precisa”. Vão mais longe dizendo que “a reforma combate desigualdades, protege os mais pobres”.

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Nada mais inverídico. Nenhuma das políticas contidas no famigerado “Ponte para o Futuro” se destina a combater a desigualdade ou ampliar ou mesmo garantir uma renda digna aos trabalhadores. Não enxergam o poder dos benefícios previdenciários como instrumento de fomento à economia dos municípios, nem como o maior programa de distribuição de renda do país. Colocam a previdência no eixo econômico porque não conseguem ultrapassar a visão mercantilista sobre uma política social pública, que se tornará quase inatingível se aprovada a reforma.

Vamos aos fatos. Em 2017, 67,7% dos benefícios pagos pelo INSS possuíam o valor de até um salário mínimo. Isso representa um total de 23,4 milhões de pessoas. O governo diz que esse contingente não será afetado. Mentira. Primeiro porque hoje todos os segurados podem deixar pensão no valor da aposentadoria e a reforma acaba com a pensão integral, além de proibir o acúmulo dos benefícios de pensão e aposentadoria.

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Isso sem mencionar os 29% de segurados que não são ricos, como diz o líder do governo. São pessoas que têm benefícios entre 1 e 4 salários mínimos. Esses, serão duplamente penalizados. Pela idade e pelo cálculo do benefício. A mudança do cálculo fará com que os trabalhadores tenham que contribuir muito mais tempo para atingir o benefício integral.

Depois da reforma, todas as aposentadorias serão inferiores, as novas regras passarão a exigir 40 anos de contribuição para serem integrais. Ou seja, serão reduzidas ao piso do salário mínimo. E, as pensões serão ainda menores. Todas corresponderão a pouco mais da metade do valor das respectivas aposentadorias.

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Ao contrário do que diz o governo, todos perderão. Exceto os bancos, que já são os grandes privilegiados e que serão os grandes beneficiários da reforma, pois terão um enorme contingente de servidores a engrossar os planos de previdência privada. Este é pagamento pelo apoio ao golpe de 2016. Uma reforma que visa privatizar a previdência pública.

A reforma do governo não combate privilégios. O que está em jogo é a possibilidade ou não de um trabalhador se aposentar. Essas pessoas, que o governo e o relator dizem que não serão afetadas pela reforma, enfrentam a rotatividade do mercado de trabalho que se soma à uma nova legislação trabalhista mais precária e prejudicial. Com a legalização do trabalho intermitente, muitas trabalhadoras e trabalhadores perderão a condição de segurados da previdência social. Enquanto isso, o governo perdoa devedores, sonegadores e deixa de cobrar tributos bilionários de grandes multinacionais.

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O anúncio da emenda aglutinativa nesta semana aprofunda essas mentiras em mais uma tentativa de enganar o povo e dar um falso conforto aos deputados, que resistem em votar esta reforma. Os trabalhadores rurais não foram protegidos. Estão dentro e muito prejudicados com previsão de grande exclusão por não alcançarem as exigências de contribuição. É muita perversidade deste governo e do mercado que o manipula.

A verdade é que a almejada “sustentabilidade financeira” pretende ser alcançada às custas dos mais pobres, e da exclusão destes da proteção do Estado, particularmente as mulheres, sempre mais precarizadas. Esta é a marca de um governo que chegou ao poder não pelo voto, mas pelo golpe. 

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A previdência social deve manter seu caráter público e solidário. E, para tanto, devemos derrotar essa proposta. Se votar, não volta!

 

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