A política tem horror ao vazio
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Quando se olha a convenção do PMDB e se imagina que alguns desses personagens centrais o são também da política brasileira atualmente, ficamos com uma sensação de que há um vazio de condução politica, que permite que personagens tão medíocres, que não deram nada ao país, muitos deles com graves e reiteradas acusações de corrupção, ocupem um lugar central na vida politica do país.
Quando personagens medíocres, sem nenhuma expressão, como Eduardo Cunha, Michel Temer, Renan Calheiros, Aécio Neves, Alckmin, entre tantos outros, ocupam o centro do cenário politico, é apenas porque a politica tem horror ao vazio. Se outros não o ocupam, esse espaço fica à mercê desses personagens.
A política expressa relações de poder que, por sua vez, são reflexo de interesses econômicos e valores sociais. Por isso não se permite o vazio. As políticas de governo sempre expressam esses interesses, de forma clara ou contraditória.
No momento atual, de indiscutível crise econômica e política, o governo tem estado inerte, ausente, sem apresentar propostas de sua superação. Nem da mais profunda e prolongada recessão econômica, nem da crise politica, que leva o governo a estar sob acusação de impeachment, sem condições de governabilidade, por falta de apoio social e politico, preso numa trama de mecanismos que bloqueiam sua capacidade de ação.
Esse espaço tem sido ocupado pelas forcas de oposição, para sangrar permanentemente o governo e deixa-lo sob o risco de aprovação de um impeachment. Ha varias décadas que o PMDB tem sido um partido chave, sem capacidade de governo, porque não tem propostas próprias, sempre adere às dos outros e tampouco tem lideranças com apoio popular. Mas termina tendo um papel chave, no sentido de que, para onde ele pender no Parlamento, se constrói a maioria politico institucional.
No vazio de propostas do governo, o PMDB o chantageia e negocia diretamente com o PSDB a possibilidade de queda do governo, pelo impeachment da Dilma, o que lhe possibilitaria assumir a presidência, devendo ao PSDB esse apoio, a ser retribuído nas eleições de 2018. Ou por alguma forma de parlamentarismo, que lhe permitiria se inserir ilegitimamente no governo.
E' um projeto muito frágil, seja porque de duvidosa possibilidade de aprovação institucional, seja porque sem nenhum apoio popular para orientações que, pelo programas dos tucanos e por aquele proposto por Renan Calheiros, tem um caráter profundamente antipopular e antinacional. Certamente incluiria um tipo de arrocho salarial, de extensão da terceirização das relações de trabalho, de privatização da Petrobras, de entrega do pré-sal a empresas estrangeiras, entre outras medidas conservadoras, na linha daquelas já implementadas por Eduardo Cunha na Câmara.
Mas uma alternativa conservadora no Brasil tem obrigatoriamente esse norte. Para enfrenta-la, o governo precisa ter sua proposta, que certamente tem que incluir a retomada do desenvolvimento econômico com distribuição de renda, que gerou a maioria politica no pais, que elegeu e reelegeu os governos que a puseram em pratica. Uma reforma politica que termine com o comercio partidário no Congresso, permitindo a construção de bases politicas para os governos baseada em alternativas programáticas reais. A democratização do processo de formação da opinião publica, como parte indispensável do processo de construção democrática do país. E um extenso processo de debate nacional sobre as travas a ser superadas para que o potencial indiscutível que o Brasil continua a ter, possa ser colocado de novo em pratica, na direção de um país menos desigual, mais solidário, com representações politicas legítimas, que espelhem a sociedade realmente existente e não os medíocres personagens que hoje ainda ocupam o cenário politico nacional.
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