A poderosa arma da verdade

Na guerra de guerrilha, autêntico David versus Golias, dos ativistas do campo progressista contra a mídia monopolista, a qualidade da informação é fator decisivo

Na guerra de guerrilha, autêntico David versus Golias, dos ativistas do campo progressista contra a mídia monopolista, a qualidade da informação é fator decisivo
Na guerra de guerrilha, autêntico David versus Golias, dos ativistas do campo progressista contra a mídia monopolista, a qualidade da informação é fator decisivo (Foto: Bepe Damasco)


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A comoção que tomou conta do Brasil diante da bárbara execução da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes ultrapassou as nossas fronteiras e ganhou o mundo. Horas após o assassinato, na semana passada, o assunto chegou ao 1º lugar no trending topics mundial do twitter e, de lá para cá, segue ocupando lugar de destaque nas redes sociais e despertando uma onda de solidariedade e clamor por justiça poucas vezes vista.

O fenômeno chamou a atenção de pesquisadores das mídias digitais. Passados alguns dias do crime, a Diretoria de Análises de Políticas Públicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV Dapp) divulgou levantamento mostrando que o número de postagens expressando dor, revolta e luto, além de outras menções positivas à trajetória de Marielle, corresponde a 88% das manifestações nas redes.

E as mensagens depreciativas e desrespeitosas à memória de Marielle não passam de 7% do total. Sim, parece mais porque os cães hidrófobos do fascismo são barulhentos e espalhafatosos e chamam a atenção pelo linguajar rasteiro, impregnado de ódio e marcado por um nível estarrecedor de ignorância. Mas são só 7%.

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Ah, mas a intenção de voto no candidato do nazismo nativo é bem maior, dirão alguns. Só que, provavelmente, uma quantidade expressiva dos eleitores em potencial de Bolsonaro, embora se deixem levar por sua cantilena de "prender e arrebentar", não são integralmente desprovidos de senso de humanidade como os tais 7% da pesquisa da FGV, contando os robôs, que não se envergonham de ofender uma mulher que foi trucidada por facínoras.

Aí entra o papel da aguerrida militância digital da esquerda. É para lá de recomendável mais frieza e prudência e menos alarmismo, mais inteligência e rigor ao disseminar informações e menos precipitação. O compartilhamento de memes e textos de extrema-direita, com o objetivo de denunciar seus conteúdos não raro criminosos, acaba dando asas ao ideário das trevas que tanto combatemos.

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Deparamos nas redes com militantes tarimbados nas lides da luta política incorrendo neste grave erro. Outra coisa: notícias passadas adiante sem o menor cuidado quanto à sua veracidade só estimula a confusão entre nós. Os fake news e todo tipo de lixo inundam a internet. E, na guerra de guerrilha, autêntico David versus Golias, dos ativistas do campo progressista contra a mídia monopolista, a qualidade da informação é fator decisivo.

Muito já se debateu sobre a possibilidade de a blogosfera progressista, e demais militantes virtuais da causa democrática, adotarem, na medida do possível, pautas unificadas de atuação. Essa discussão empacou na constatação do caráter anárquico e irremediavelmente fragmentado da internet. No entanto, isso não quer dizer que quem trava o bom combate deva abdicar da poderosa arma da verdade.

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