A perda do poder financeiro no século 20
O poder financeiro que se instalou nos anos 1990 prega o estado mínimo. Estado apenas para a repressão aos miseráveis que, com seu poder, se multiplicam
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A partir desta segunda-feira, 08/08, o administrador Pedro Augusto Pinho, presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (Aepet), publica aqui no Viomundo uma série de quatro artigos exclusivos sobre o sistema financeiro no século 21.
“Não é apenas a história de fatos e pessoas, é a história do poder”, frisa.
— E quem é poder?
“É aquele que está por trás dos governos, dos Estados, da construção de seu pensamento, pelo que denominamos “pedagogia colônia”, expõe.
Em resumo: é aquele que efetivamente manda.
— Mas isso é teoria da conspiração! — rebaterá um incrédulo.
Pedro Augusto Pinho responde com a fina ironia de um grande amigo, o jornalista Beto Almeida: “eu só conheço a prática, não a teoria da conspiração”.
— Por quê?
Porque a história do poder, diz ele, é a história de disputa que prefere não se identificar.
Os poderes usam máscaras, fantasias, assumem diferentes ideais para que não sejam identificados. Só o tempo os deixa mais vulneráveis.
Um exemplo disso é o poder do cristianismo na Idade Média.
O Papa era seu mais alto dignitário. O Papa é que coroava os reis e, assim, lhes dava autoridade para dirigir a sociedade. A Igreja combatia os que disputavam com ela esta força, chamando-os de hereges, infiéis, renegados, até, a suprema injúria, ateus.
Pedro Augusto Pinho antecipa:
1. Caro leitor, o artigo que se segue apresenta a história como uma aventura, a luta dos poderes, aqueles que estavam em combate do fim do século 19 até o fim do século 20, e o que nos sucedeu depois, neste início do século 21
2. Esta aventura lhes demonstrará o sentido das guerras, os verdadeiros vencedores e a astúcia dos derrotados, as máscaras e fantasias do poder. Fatos desconexos passarão a ter sentido.
3. Nosso principal personagem é o sistema financeiro, que irá também se transformando ao longo do tempo.
O que chamávamos de a banca na Inglaterra do século 20, hoje é um sistema apátrida e seus agentes são os “gestores de ativos”, que captam suas suadas poupanças para lhes impor o desemprego, a miséria, a doença e a morte.
Segue o artigo número 1 abaixo. A cada dois dias, será publicado um novo.
A PERDA DO PODER FINANCEIRO NO SÉCULO 20
Por Pedro Augusto Pinho*, especial para o Viomundo
O mundo que existia na passagem do século 19 para o século 20 era multipolar, ainda que o financismo do Império Colonial Britânico tivesse predominância, mas, na Europa, encontrávamos os Impérios da França, da Holanda, da Dinamarca, da Alemanha, da Itália, de Portugal, da Espanha, parte do Império Otomano e, fora da Europa, o Império Japonês e a expansão fora das fronteiras dos Estados Unidos da América (EUA).
Países independentes, ou seja, fora desses impérios subordinavam-se ao poder de algum deles.
O Brasil se curvava aos banqueiros ingleses, donos da dívida contraída desde a Independência, em 1822. Estimava-se que, em 1900, a população mundial tinha 1.633 milhões habitantes.
Nos primeiros 20 anos do século 20 houve enorme transformação provocada pela disputa colonial europeia, conhecida como I Grande Guerra, e o surgimento do socialismo dentro da Europa, com a Revolução na Rússia, em 1918, e a criação da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).
O poder detido pelas finanças, que desde o século 17 dominava a Inglaterra, e se espalhava por boa parte do mundo, perde força para o poder industrial, que impulsionava um novo imperialismo, começando a formar o mundo bipolar, que se acentuará com o fim da II Grande Guerra, em 1945, e dominará quase todo restante do século 20
Data marcante para o processo que hoje prejudica toda população ocidental ocorreu em 1919, com a derrota financista da I Grande Guerra e o triunfo socialista marxista no Império Russo; a reunião no Hotel Majestique, em Paris, de banqueiros, empresários, economistas, entre eles Maynard Keynes, e jornalistas especializados, no que ficou conhecida como Round Table Group, uma referência à Távola Redonda do Rei Arthur.
Desta reunião, saíram duas organizações básicas para convencer os intelectuais, os governantes e políticos de todo mundo da indispensabilidade da globalização financeira e da necessária redução das ações dos Estados Nacionais: o Council on Foreign Relations, nos USA, e o Royal Institute of International Affair, no Reino Unido.
Coronel Nandel House, amigo íntimo de Woodrow Wilson, que coordenou o encontro do Round Table Group, se expressou como transcrito: “Há um poder oculto tão organizado, tão sutil, tão atento, tão fechado em torno de si próprio, tão completo, tão corruptor que não se pode elevar a voz quando se desejar criticá-lo”.
E esse poder, que se defende com a ironia das teorias da conspiração, estabelece os paradigmas para o que seja Liberdade e Democracia, duas cínicas mentiras do capitalismo global.
Globalização que John Galbraith não considerava um conceito sério. “É um artifício que nós, norte-americanos, montamos para controlar o mercado dos outros países”.
Este artigo inicia uma sequência de análises que objetivam demonstrar o quanto o Brasil e os brasileiros estão longe de agir em seu proveito, isto é, na defesa da autonomia decisória da Nação, que chamamos Soberania, e na defesa do povo brasileiro, que denominamos construção da Cidadania, pois é um processo permanente.
Acabemos com a mentalidade colonial, já identificada num dos primeiros historiadores brasileiros, Capistrano de Abreu, e que está sempre sendo reforçada pela pedagogia colonial, facilmente encontrada nas mídias hegemônicas no Brasil.
Galbraith chamava a atenção para as pessoas que se enrolam em ideologias, em vagos conceitos como direita e esquerda, e deixam com isso de ter o claro conhecimento da realidade que, ao fim, se imporá sempre.
A pedagogia colonial sempre aposta na desinformação, como ocultar o caráter nacional das forças produtivas, da geração de energia, que entra em contradição com sistemas transnacionais, como o das finanças.
Não é por acaso que o poder financeiro que se instalou nos anos 1990 prega o estado mínimo. Estado apenas para a repressão aos miseráveis que, com seu poder, se multiplicam.
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