A paz mundial nas mãos do Partido Comunista Chinês

Vladimir Putin e Xi Jinping
Vladimir Putin e Xi Jinping (Foto: Aleksey Druzhinin/Sputnik/Kremlin via Reuters)


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Décimo dia desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, e mais uma reunião nessa segunda feira, 7 de março, do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Linda Thomas-Greenfield, embaixadora dos Estados Unidos junto às Nações Unidas, denuncia: “estamos indignados com os ataques a civis” e presta contas de tudo que os Estados Unidos têm feito para amenizar o sofrimento de mais de um milhão de famílias que tiveram que abandonar seu país e apela pela segurança dos corredores humanitários, proteção às crianças, ressaltando efeitos de longo prazo dos horrores da guerra sobre elas. Salienta as atrocidades e devastações provocadas pelo exército russo.

Vasily Nebenzia, o embaixador da Federação Russa nas Nações Unidas rebate que “não estão bombardeando civis; acusa que estão sendo atacados por ucranianos radicais neonazistas; que as notícias que o ocidente divulga não correspondem à realidade. Enumera os milhares de civis que cruzam a fronteira pedindo abrigo em território russo. Pede proteção para os corredores humanitários.

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Zelensky é um verdadeiro “pop star”. Faz uso de seu traquejo em comunicação para conclamar os civis para a morte. Hoje, em cadeia mundial da mídia do ocidente,  discursa ao vivo, sem nenhuma emoção: “Não temos medo, não recuem. Não temos medo de tanques, de metralhadores, temos do nosso lado a verdade. Vamos recuperar nossas lindas cidades. Não me escondo, não tenho medo de ninguém. O exército ucraniano aguenta e vai se vingar”. Exacerba-se um nacionalismo suicida.

Para o leitor médio fica difícil distinguir quem são os bandidos e quem são os mocinhos. A mídia tradicional do mundo ocidental não ajuda muito a desvendar esse imbróglio. Apresenta o Zelensky como grande líder, como um Estadista que desponta. E a  televisão só mostra os horrores da guerra.   

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Em termos de economia, multiplicam-se as análises dos efeitos que advirão das múltiplas sanções dos países da OTAN/EUA à Rússia. Desorganiza-se a já desorganizada economia global, vitimada pela pandemia da Covid -19,  que agora é parte marginal dos noticiários. A incerteza toma conta dos mercados financeiros e de commodities, a expectativa de elevação dos preços é geral, dado o efeito do aumento dos preços das commodities sobre todos os  mercados. O preço do petróleo se aproxima de 140 dólares por barril. Alimentos, também, disparam impactados pelos aumentos dos preços do trigo e do milho e pela expectativa de redução do fornecimento de fertilizantes que garantem resultados de colheitas mais fartas para o setor agropecuário. Com certeza vai afetar, de forma preocupante o agronegócio do Brasil. Nos mercados financeiros, o movimento das bolsas reflete esse conjunto de incertezas e de humores que se propagam com a rapidez dos cometas. Ações despencam em todos os principais mercados do mundo. Na memória coletiva perduram os efeitos devastadores do estouro de uma bolha bem recente:  a imobiliária, em 2008.

O governo dos Estados Unidos, pressionado pelas pesquisas apontando que mais de 80% da população pede o embargo às exportações do petróleo russo, se assusta. O presidente Joe Biden vê os preços do petróleo dispararem no mercado internacional. Teme que os efeitos do boicote ao petróleo russo cheguem aos postos de gasolina e aos bolsos dos norte-americanos e que a população mude, rapidamente, de opinião. Há eleições em novembro de 2022.

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Fazer o que, recorrer ao governo da Venezuela,  à Arábia Saudita, ou ao Irã? Comprar de ditaduras violentas, que primam pelo desrespeito aos direitos humanos e à democracia? Parece que os Estados Unidos estão numa saia justa. Narrativas que não convencerão os seus eleitores. Ademais, a economia americana está na busca de um ‘soft landing’ com pressões inflacionárias de salários, num mercado de trabalho apertado e sob pressões inflacionárias de alimentos e de óleo e gás. O FED acena com medidas de combate à inflação. A taxa de juros deve aumentar, mas eles não querem sacrificar o crescimento. Lawrence Summers, ex-reitor de Harvard e ex-secretário do Tesouro de Clinton, em entrevista alerta que enxerga não uma desaceleração na inflação provocada pelos salários e sim uma aceleração. Fala até em estagflação.
Em recente artigo, divulgado em 28 de fevereiro de 2021, intitulado America Defeats Germany for the Third Time in a Century  sobre os acontecimentos no Leste Europeu, que se traduziram na absurda guerra entre Rússia e Ucrânia, Michael Hudson, proeminente economista norte-americano, professor de economia na Universidade do Missouri, Kansas, se pergunta: “A bolha americana realmente pensou nas consequências da guerra da OTAN”? E ele mesmo responde: “É quase humor negro olhar para as tentativas dos EUA de convencer a China de que deveria se juntar aos Estados Unidos na denúncia dos movimentos da Rússia na Ucrânia. A maior consequência não intencional da política externa dos EUA foi unir a Rússia e a China, junto com o Irã, a Ásia Central e outros países, ao longo da iniciativa do Cinturão e Rota” – a propalada Nova Rota da Seda.

Por “bolha americana” ele se refere às três oligarquias que   controlam a política externa dos EUA. “É mais realista ver a política econômica e externa dos EUA em termos do complexo militar-industrial, do complexo de petróleo e gás (e mineração) e do complexo bancário e imobiliário do que em termos da política dos republicanos e democratas”. Como  primeira oligarquia, ele identifica o Complexo Industrial-Militar que apelida de  MIC; a segunda, Hudson define como um  grande bloco oligárquico do setor de extração de petróleo e gás, junto com a mineração (OGAM), e a terceira, segundo ele o maior grupo oligárquico, o setor de Finanças, Seguros e Imóveis (FIRE), que é o moderno sucessor capitalista financeiro da velha aristocracia fundiária pós-feudal da Europa. Se a análise do Michael Hudson está correta, que eu acredito que esteja, a guerra da Ucrânia envolve muito mais do que estamos sendo informados: uma briga do bárbaro Putin contra os nacionalistas inocentes ucranianos. Punir os bilionários russos é mais uma peça desse tabuleiro de xadrez. Por trás há uma briga entre bilionários com representação junto a Putin e ao Pentágono e a população inocente ucraniana e russa se enfrentando e se matando.  

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E a China? A China, sob o comando do Partido Comunista Chinês há mais de 70 anos, está de olho bem aberto para a guerra da Ucrânia. Quer ficar perto da Rússia, mas quer evitar um conflito com os Estados Unidos ou com os membros da OTAN. Está na melhor posição de todos. Surge como uma liderança global, que foca, primordialmente, no bem-estar de sua população de um bilhão e meio de pessoas e que precisa ser alimentada.  A China isoladamente não tem condições de realizar seus objetivos de forma fechada. Teve que se abrir ao mundo em busca de matérias-primas e de alimentos. Assim, no front externo, está hoje interligada com o mundo inteiro, com um comércio intenso que abrange todos os continentes, países capitalistas e socialistas sob governos democráticos ou autocráticos, pronta para assumir seu papel de liderança na construção do que chama de “nova era”, de mundo multipolar, que respeitará a autodeterminação dos povos nas suas decisões de políticas domésticas. Surpreendente que a paz mundial esteja justamente nas mãos do Partido Comunista Chinês.

E onde está Bolsonaro? Que nem aquele boneco nos jogos infantis que é empurrado de um lado para outro, o bobo, até esborrachar no chão.

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