A patriotada "imbrochável" de Jair Bolsonaro, no 7 de setembro mais vergonhoso da história do Brasil
Resta ao Brasil real, aquele que voltou a passar fome graças a política do atual governo, proclamar a sua independência nas urnas no dia 2 de outubro
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Em duzentos de independência do Brasil, nunca houve um dia mais propício para qualquer cidadão brasileiro que ainda não perdeu a razão e o bom senso, sentir vergonha de ter nascido neste país, do que este 7 de setembro de 2022. Nunca antes na história, um presidente da república avacalhou com tamanha força de vontade uma data cívica e de tamanha importância para a nação. Em Brasília, Jair Bolsonaro transformou o dia da independência do Brasil numa festa paroquial da seita miliciana da qual ele é o mito, com direito a “veio” da Havan desfilando como autoridade, primeira-dama como princesa do baile, comício eleitoral e um coro de “imbrochável”, puxado por ele mesmo, para exaltar a sua masculinidade tóxica, frágil e duvidosa. Só faltou um bingo tendo o coração de Dom Pedro I como prêmio.
Nesse desbunde cívico-militar em glória de si mesmo, o atual presidente da república usurpa a máquina pública em favor de sua campanha à reeleição, considerando como povo brasileiro apenas o gado que saiu às ruas para apoiá-lo. A fatiota patriótica promovida pelo pior governante que esse país já teve, deveria entrar para a história como o dia da vergonha nacional. E a vergonha é ainda maior para aqueles que saíram de suas casas para incensarem um genocida responsável pela morte de milhares de cidadãos brasileiros, como se este fosse o santo padroeiro de sua quermesse. Estes se prestaram a ouvir de um chefe de estado um discurso estruturalmente machista, que atribui juízo de valor à prática religiosa e à aparência de duas mu lheres – a sua esposa e a esposa do seu principal adversário político - as colocando em lados opostos de acordo com o seu padrão moral e estético. Nenhuma novidade, vindo de um sujeito que disse que não estupraria uma colega de parlamento por ela não lhe despertar desejo sexual.
O que dizer de patriotas que obedeceram à voz de comando do sociopata que os regia, e repetiram a plenos pulmões que ele é “imbrochável”? O que dizer desses apaixonados pela pátria, que se alvoroçaram com a presença de empresário sonegador de impostos Luciano Hang, a versão fascista do “Louro José”, o reverenciando como um grande herói nacional? O que dizer de patriotas que dizem ser contra a corrupção e a velha política, mas se ajuntaram para festejar o dia da independência prestando continências a um político que estava usando e abusando do poder público, se aproveitando do cargo que ocupa e se utilizando da máquina administrativa e de sua aproximação com as Forças Armadas, para favorecer a sua candidatura à reeleição? Essa marmota apoiada por um bando de patriotários bolsonaristas não passou de uma grande patriotada. Um ufanismo estúpido e hipócrita, que ratifica o quanto o bolsonarismo é débil, tosco, virulento e irascível.
Bolsonaro usou o dia da independência para mais uma vez atacar a laicidade do Estado, evocando a maioria cristã da população, para destilar homofobia atacando a ideologia de gênero e para mentir que combate a corrupção “para valer”, mesmo tendo diversos escândalos de corrupção em seu governo, e estando ele e seus familiares envolvidos em compras milionárias de imóveis, pagas com dinheiro vivo. Já em Copacabana, no Rio de Janeiro, ele usou o palanque para falar mais mentiras, como dizer que fala palavrão, mas não é ladrão, e se vangloriar das mortes que provocou durante a pandemia, reafirmando que o isolamento social não evitou mortes e ainda prejudicou a economia. Insistiu também, ainda que de forma mais comedida, nos ataques às insti tuições democráticas. Principalmente, ao STF, que, quando foi citado por ele, suscitou uma grande vaia por parte do gado que ali estava para mugir em seu louvor. Um verdadeiro deboche pintado de verde e amarelo, em mais uma usurpação cometida pelo atual mandatário do país. Esta, com as cores da nossa bandeira.
Para quem achava que não poderia ser pior do que o 7 de setembro de 2021, onde Bolsonaro desfilou a bordo do Rolls Royce presidencial tendo Nelson Piquet como seu chofer e o seu rebanho de gados patriotas ergueu um pênis inflável verde e amarelo como símbolo nacional, se enganou. E ainda teve quem levasse a bandeira do Império português para as ruas, em plena comemoração da independência do Brasil dos domínios de Portugal. Meu Deus! E de pensar que houve quem reclamasse de Dilma Rousseff desfilando ao som de “Show das poderosas” na mesma celebração em 2013. Perto do que fez Bolsonaro, Dilma, por ter sido a primeira e única mulher a presidir o país, ressignificou a data dando um grito de independência contra o machismo. Depois dessa farândola militarizada patrocina da pelos cofres públicos, que mais parecia uma comemoração ao dia da independência da Suécia, devido a quase exclusiva adesão de brancos e elitistas ao evento, resta ao Brasil real, aquele que voltou a passar fome graças a política do atual governo, proclamar a sua independência nas urnas no dia 2 de outubro, e se libertar definitivamente do jugo fascista do bolsonarismo.
Lula ou morte!
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