A Parábola de Leidylene

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Em 2002 Leidylene saiu do Brasil com destino a Madri na Espanha. Ela tinha o sonho de conquistar a Europa (ganhando em Euros)  para ajudar a sua pobre família moradora do interior do Brasil. Uma morena de cabelos negros e lisos ( mistura de português com índio) com 1,80m de altura ( mesma da Gisele Bündchen) . Chegando lá trabalhou em diversos lugares, fez uma boa grana e retornou para o Brasil. 

Com suas economias europeias , comprou e mobiliou  uma casa de alvenaria com três cômodos para os País. Leidylene então , reencontrou o amor de sua vida e engravidou.  Betinho nasceu nove meses depois, o que impediu o retorno de Leidylene à Europa. 

O amor com Carlos Alberto, pai do garoto, acabou. Leidylene tomou então, a decisão mais importante de sua vida : _ Vou para Madri, refazer a minha história e tentar ser feliz. 

Vendeu as poucas coisas que tinha, pegou seu filho e foi com a força e a fé que lhe garantiram uma vida melhor para os seus pais. Porém o que ela não sabia , é que de fato sua vida iria mudar, mas para pior.

Lady chega numa manhã chuvosa me Madri com seu filho tossindo, agoniado , sem conseguir respirar direito. Ao desembarcar, eles – mãe e filha, sem motivo nenhum são conduzidos a uma sala cinza, com móveis velhos  - uma mesa, duas cadeiras e uma sofá.  Do nada uma guarda da imigração lhe pergunta: _ Lo que vino a hacer en Madrid? Não mais que de repente a more responde: _ He vivido aquí, voy a volver para una buena oferta de trabajo.

Não satisfeita a morena completa: _ Aquí está mi carta de admisión y mi tergeta sólo gana al final del año. A guarda aparentemente irritada lhe dsse: _ No tiene que demostrar nada señora, la orden que tengo es para conducirlo a la habitación retenidos. Les informo que usted no será capaz de entrar en España. Usted tiene derecho a una llamada de teléfono y esperar a que las directrices siguientes. Leidylene teve uma breve sensação de desmaio. Uma mistura de espanto com desacreditação. Nesse momento o filho da brasileira , já estava chorando muito, com dor de cabeça, nariz congestionado e uma febre cada vez mais alta. 

Leidylene  deseperada liga para os seus familiares no Brasil, pedindo que avisem os amigos que a recepcionariam na Espanha.  Avisem todos, estamos retidos no aeroporto e betinho está “queimando de febre”, preciso de um médico e remédios urgente! 

Seus familiares , avisaram todos na espanha, que se mobilizaram e conseguiram um médico para atender o filho da brasileira, que não parava de chorar. Leidylene ficou 72 horas sem tomar banho, foi conduzida para outra sala bem maior, com 50 pessoas retidas de vários países. Nada de consulado, nada de direitos humanos, nada de ninguém para ajuda-la.  O banheiro era fora da sala e usado por todos . Imaginem a catinga.  Leidylene pensou : Nossa senhora, eu era feliz e nem sabia. Tinha casa, comida e emprego. Tinha respeito e liberdade. Tinha médico e rmédio para meus filhos , tinha ajuda do governo.  Por que que eu larguei tudo isso e vim para cá?

Leidy conseguiu retornar ao Brasil depois de 4 dias mantida como bicho, prisioneira sem crime. Humilhada, xingada, fedida. Foram os 4 dias mais demorados e infelizes  de sua vida. _ Queriam que eu renunciasse a minha tergeta. Posso ser retida, perder o sonho de voltar a Espanha. Mas não perderei a dignidade. 

Moral da história:

Enquanto não houver proteção consular brasileira, pense duas vezes em imigrar para outro país. Você ou seu ente querido, podem correr risco de vida.

Milhares de brasileiros e brasileiras passam por situações iguais ou  piores que a nossa fictícia Leidylene. Elisregina Veira  e seu filho Adriam foram só mais um nessa triste estatística de brasileiros que são retidos, maltratados e até deportados de países estrangeiros.  Até quando o Congresso Nacional vai fazer vista grossa a falta de políticas para imigrantes brasileiros e emigrantes estrangeiros?  Por que os consulados ( e já houve casos em NY) não agem com rigor na defesa de seus compatriotas?  Até quando o imigrante brasileiro vai ser tratado como escória humana nos estrangeiro?  Salvando exceções, o Brasil deve urgentemente tratar desse assunto, principalmente na busca de acordos bilaterais, mudanças de leis, etc.. para resguardar com o mínimo de dignidade, o tratamento dispensado aos brasileiros no exterior. 

Criminalidade e prostituição( eles dizem que as medidas são preventivas)   sempre existiram e sempre existirão, independentemente de  entrada de brasileiros em qualquer País.  Representantes da  comunidade brasileira na Espanha, me pediram para ajudar nessa luta. Ninguém aguenta mas ver seu ente querido ser tratado de forma indigna e vexatória. Registro  aqui a minha indignação e revolta. E peço aos nossos congressistas, que olhem com muita urgência a questão dos imigrantes brasileiros no exterior. Uma coisa nessa história toada me chamou a atenção: O guarda da imigração que reteve a brasileira Elisregina disse com todas as palavras, que ele foi retida simplemente por política. Ou seja por que ( segundo ele ) O Brasil faz a mesma coisas com os imigrantes espanhóis. Fato que desconheço , mas  que tenho certeza ser inverídico.  Que as autoridades imigratórias brasileiras se pronunciem a respeito, para esclarecer se procede ou não, essa ridícula comparação. Ou seja,  espanhóis retém  brasileiros em madri, porque os brasileiros retém espanhóis no Brasil. 

Uma pena que essa questão certamente não foi aventada na reunião do Vice-Presidente  Michel Temer , com o Rei Felipe VI da Espanha. Como estreitar relações com a prática da  imoralidade diplomática? 

Ricardo Fonseca é publicitário, editor do blog Propagando  e divulgador das causas midiáticas.

 

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