A pandemia que só acaba quando termina
"Não adianta só uma cidade ficar livre do vírus, nem só um estado, nem só um país", afirma Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia. A pandemia, diz ele, "só vai acabar quando acabar em todo o mundo". "A covid-19 é como a Buzina do Chacrinha: só acaba quando termina", acrescenta
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Por Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia
Não quero bancar especialista no assunto, mas apenas como observador atento dos acontecimentos e, baseando-me no que aconteceu na pandemia imediatamente anterior a essa, a de 1918, cheguei a algumas conclusões que gostaria de compartilhar com o leitor e a leitora, pois, assim como toda a humanidade a toda hora me pergunto quando e como isso vai acabar.
A gripe espanhola acabou, ao menos no Rio de Janeiro, depois que a grande maioria da população ficou contaminada. Dos 900 mil habitantes, 700 mil. Começou em setembro, terminou em novembro. Foi pa-pum. Não teve máscara, nem recomendação de lavar as mãos, nada disso. Nem existia ministério da Saúde no Brasil. Os remédios recomendados, e disputados a tapa, eram canela em pó e leite condensado.
Eu sei que a covid-19 não é uma gripe, como se informou no início, mas uma inflamação que pode afetar vários órgãos, não só, mas inclusive os pulmões, e contamina de forma fulminante e traiçoeira, mas pelo que ouvi dos discursos da OMS e de vários infectologistas, a lógica da “imunidade de rebanho” permanece.
Embora há alguns dias a organização tenha afirmado que será impossível atingi-la de forma global e logo depois informado que imunidade de 25% será suficiente para extinguir o virus e atualmente estamos em 10%.
De tudo o que a humanidade já aprendeu sobre esse vírus, em oito meses de convívio, está claro que: (1) ele sobrevive enquanto passa de um ser para outro, seja humano ou animal (digo isso porque tudo indica que de hospedeiro de um animal chegou ao homem); (2) não há medicamento para ele e (3) ele só irá embora depois que não encontrar mais corpos onde se hospedar.
Ou seja: o vírus comanda o espetáculo. Ele mata multidões. Ele pauta o mundo. Ele manda em nós, não nós nele. Temos que obedecer às suas ordens, não ele às nossas. Nós temos de respeitar o vírus que não nos respeita.
Só ele é capaz de façanhas inimagináveis, tais como mudar o carnaval de Salvador de fevereiro para julho de 2021.
Sendo assim, se é verdade que o vírus desaparece quando, no máximo, de 60% a 70% da população não é mais suscetível a ele, seja devido a já ter sido contaminado, estar protegido com máscara etc ou ter sido vacinado, arrisco-me a pensar que se 20% de uma cidade já tiver sido contaminada (a reinfecção chega sem tanta gravidade assim, já se sabe), 20% vacinada e 20% se proteger rigorosamente, não haverá mais onde o vírus se hospedar nessa cidade.
Mas aí tem outro problema: se a cidade continuar recebendo visitantes de outras cidades, seja do país ou do exterior, poderá receber novas visitas do vírus.
Por isso não adianta só uma cidade ficar livre do vírus, nem só um estado, nem só um país – a não ser que as fronteiras aéreas, terrestres e marítimas sejam fechadas por um período indeterminado, o que é inviável.
A pandemia não vai acabar quando acabar só em São Paulo ou só no Brasil; só vai acabar quando acabar em todo o mundo.
Não posso prever – nem ninguém – quando isso vai acontecer.
Antes de julho de 2021 certamente não.
A covid-19 é como a Buzina do Chacrinha: só acaba quando termina.
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