A pandemia da fome
Além da pandemia do novo coronavírus, há outra epidemia que agrava as condições de vida do povo: a da fome! 19 milhões de brasileiros foram atingidos pela fome só em 2020
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Além da pandemia do novo coronavírus, há outra epidemia que agrava as condições de vida do povo: a da fome! 19 milhões de brasileiros foram atingidos pela fome só em 2020. Essa é uma parcela das 116,8 milhões de pessoas que conviveram com algum grau de insegurança alimentar no ano passado, o que corresponde a 55,2% dos domicílios, ou seja, mais da metade dos lares!
Os dados são do Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, realizado pela Rede Penssan. Importante salientar que a pesquisa foi realizada no momento de diminuição do auxílio emergencial, que, ainda no ano passado, sofreu redução de R$ 600 para R$ 300. Ou seja, o cenário, agora, deve estar ainda pior!
Além de passar os três primeiros meses do ano sem o benefício, milhões de famílias, agora, vão ter que se adequar a valores pífios que variam entre R$ 150 e R$ 375. O número de beneficiados também caiu. Mais de 22 milhões de pessoas deixarão de receber o auxílio. Em outras palavras, a dupla Bolsonaro e Guedes debocha do povo brasileiro. Em um momento de pandemia, com inflação nas alturas e 14 milhões de desempregados, o governo genocida joga os brasileiros à própria sorte.
Permita-me a reflexão, caro leitor. O que é possível fazer com R$ 150 nos dias de hoje? O botijão de gás custa R$ 100. A carne está na casa dos R$ 40 o quilo. Item básico como o arroz sofreu aumento de 18%. Segundo o Dieese, esse novo auxílio não cobre nem metade da cesta básica! Famílias serão obrigadas a comer o mínimo e a escolher em qual horário do dia será possível fazer alguma refeição. Um verdadeiro absurdo!
Já são mais de 330 mil mortos pelo vírus. A vacinação segue a passos lentos, com pouco mais de 2% da população imunizada com as duas doses necessárias. Um auxílio tão baixo não garante que a população permaneça em casa nos locais em que governantes, prudentemente, decretaram lockdown. O presidente genocida obriga o povo a continuar indo para a rua, favorecendo, assim, a contaminação e a mutação do vírus, que já conta com variantes mais severas e com alto poder de disseminação.
Outra pesquisa, realizada pelo Centro de Estudos em Microfinanças e Inclusão Financeira (Cemif), da FGV, concluiu que cerca de 43% dos beneficiários que receberão parcelas de R$ 150 não terão suas perdas compensadas. Estamos falando de quase metade das pessoas que terão direito ao mísero benefício. Ano passado, quando aprovamos o auxílio de R$ 600 no Congresso, já prevíamos a injeção econômica e a segurança alimentar que o auxílio causaria. Não à toa, o benefício garantiu que parcela expressiva de informais não morresse de fome.
Nossa preocupação em evitar tamanho desastre nos levou a protocolar, ainda no início do ano legislativo, o Projeto de Lei 29/2021, que garante o auxílio emergencial no valor de R$ 600. Também apresentamos emenda à Medida Provisória da nova rodada de pagamentos do benefício, mas está claro que tanto o governo quanto os seus apoiadores não estão interessados em garantir o mínimo de dignidade aos brasileiros, por isso, recusam-se a votar pela garantia de segurança alimentar dos mais desfavorecidos.
Estamos novamente no mapa da fome. O delírio neoliberal de Bolsonaro e Guedes aprofundou mazelas e nos recolocou no mesmo cenário anterior às gestões petistas. Foi com o Partido dos Trabalhadores que o combate à miséria passou a ser uma política pública, arquitetada de modo a garantir a segurança alimentar dos brasileiros dos quatro cantos do país. Eis a grande diferença entre um genocida e um estadista. Enquanto Bolsonaro dá de ombros pelo recorde de mortos e está preocupado única e exclusivamente em livrar a família de investigações, Lula soube cuidar do povo, pois conhecia suas necessidades.
Tudo começou com o programa Fome Zero, implementado poucos dias após Lula tomar posse como presidente. Pela primeira vez na história desse país, o combate à fome se tornou uma política de Estado. Muitas famílias passaram a realizar três refeições ao dia, algo inimaginável para quem nasceu e estava erroneamente adaptado a uma situação de penúria e miserabilidade.
No início de 2003, 44 milhões de brasileiros viviam com menos de um dólar por dia. Em apenas um ano, o programa alcançou 11 milhões de pessoas, boa parte delas no Nordeste. Foi o primeiro passo para a criação do Bolsa Família, que logo tornou-se o programa de transferência de renda mais bem-sucedido no mundo.
Trata-se de uma política de governo que trouxe dignidade para milhões de brasileiros que passavam fome, uma triste realidade que contribuía com o estado de subdesenvolvimento da nossa nação entre as demais. O combate à pobreza liderado pelas gestões petistas colaborou com a diminuição da desigualdade social e se tornou uma política estratégica de desenvolvimento.
Pela primeira vez na história, um projeto de Estado promovia o progresso até mesmo na contrapartida exigida dos beneficiários, como frequência escolar, vacinação em dia e acompanhamento pré-natal. Ao contrário da falácia dos que desconhecem a relevância da iniciativa, o Bolsa Família não é um programa que presenteia quem nada faz. Na verdade, é um programa de proteção social que promove inclusão, segurança alimentar e assistência integral para quem sempre esteve à margem da sociedade.
Enquanto Lula, anos atrás, levou o título de “Campeão Mundial na Luta contra a Fome” da ONU, hoje, deparamo-nos com um cenário desolador: pela primeira vez em 17 anos, mais da metade da população não tem garantia de comida na mesa. Brasileiros estão trocando a carne pelo ovo, o botijão pelo fogareiro, o arroz pelo macarrão. Isso quando é possível comprar algum tipo de alimento, pois parcela significativa sobrevive às custas de doações.
Hoje, a população se vê desamparada. Sem renda, sem vacina, sem assistência. Bolsonaro se nega a pagar um auxílio digno, mas não questionou os gastos com cloroquina superfaturada e as recentes férias milionárias pagas com dinheiro público. Todos os dias, o presidente que deveria cuidar do povo zomba de cada brasieliro que padece de cuidados em meio à maior crise sanitária da história.
Não há reforma administrativa e troca ministerial que dê jeito. A crise do Brasil tem nome e sobrenome: Jair Bolsonaro. Enquanto o genocida for o presidente, viveremos em um cenário de escassez e penúria. Chega! Precisamos dar um basta nessa política genocida que desfaz o básico: o direito à alimentação, o direito à vida! Bolsonaro está matando os brasileiros aos poucos, sem comida e sem vacina. A hora de agir é agora!
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