A ordem é bajular
Notem o leitor e a leitora as rodas de bajuladores ao redor de Jair em eventos e aparições públicas. Não são bajuladores requintados
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O que nos incomoda? A lista deste jornalista é grande. Deixemos de lado a ignorância e a truculência, e vamos à pieguice. Bradar platitudes é hábito de muita gente, enaltecer valores óbvios e incontestáveis é a prática preferida de talvez sete entre dez de nossos convivas costumeiros. Certamente, foi o apego à pieguice que levou ao apogeu as palestras motivacionais que têm enriquecido tantos picaretas.
Quando Jair aparece em rédeas de contenção, diz pieguices em vez de belicosidades e burrices. A pieguice é uma das ferramentas retóricas do hipócrita. Tem o poder de acariciar mentes primitivas.
Não importa se uma tempestade perfeita está em vias de desabar sobre nós, mas sim que o amor existe e morreremos abraçados. É dose.
A honra cavalheiresca é filha da arrogância e da tolice, escreveu Arthur Schopenhauer, filósofo alemão que primou pela não-pieguice e por ridicularizar os bajuladores, todos intrinsecamente piegas. Eles são muitos, diria Nélson Rodrigues a exemplo do que disse dos idiotas.
Notem o leitor e a leitora as rodas de bajuladores ao redor de Jair em eventos e aparições públicas. Não são bajuladores requintados – sim, até para bajular é preciso talento e aprendizado. Em tempos outros, os aduladores do poder costumavam demonstrar alguma sofisticação, mostrar conhecimento técnico e até expor divergência pontual para, assim, serem considerados sinceros e autênticos pelo chefe – eis um tipo de bajulação subliminar que costumava dar resultado.
Os puxa-sacos atuais do poder são indiscretos e pouco criativos. Paulo Guedes, por exemplo, para se manter no cargo jogou no lixo todos os seus aprendizados na Escola de Chicago e falou com todas as letras: “O presidente sempre joga dentro das quatro linhas. Há um script escrito para colocá-lo no papel de golpista. Ele é um democrata”.
O bajulador-raiz, como Guedes, não se preocupa em demonstrar autonomia intelectual para o público externo. A adulação ao chefe se concretiza mediante manifestações públicas que certamente podem render um “obrigado” dentro do gabinete no dia seguinte, mas se for por mensagem de WhatsApp já estará ótimo. A permanência no cargo está garantida.
A bajulação – sempre de mãos dadas com a pieguice - por interesse econômico imediato é outra modalidade. Luciano Hang é um bajulador-raiz da categoria “retorno em espécie”, digamos. E se generais chegam a adular capitães, nada mais precisa ser dito a respeito destes tempos.
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