A nova presidente da Capes e o “patrimonialismo caquistocrático”
O episódio da nomeação da advogada e professora Claudia Toledo para a presidência da Capes acaba de expressar de forma acabada um novo fenômeno político, que precisar ser conceituado
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A sanha exterminadora do genocida que habita atualmente o Palácio da Alvorada parece não ter fim.
No mesmo dia em que o Brasil que ele desgoverna ultrapassou a marca de 365 mil mortos pela Covid-19, foi publicada a portaria que nomeou para a presidência da Capes (a instituição governamental que tem como uma das suas principais atribuições aquela de avaliar a qualidade dos cursos de mestrado e doutorado no país) no lugar do engenheiro, professor e ex-reitor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Benedito Aguiar, a advogada e professora Claudia Mansani Queda de Toledo.
Doutora em Direito Constitucional pelo Instituto Toledo de Ensino (ITE), num Programa de Pós-graduação que, por meio de um salto ornamental, teve o seu conceito 2 elevado para 4, pela Capes, no apagar das luzes da gestão toda ela sem luz do ex-ministro da educação Weintraub, a nova presidente da Capes era até o dia 14 de abril a coordenadora do mesmo Programa de Pós-graduação da mesma instituição de ensino superior que é de propriedade da mesma família – os Toledo.
Denominado hoje Centro Universitário de Bauru, o antigo ITE tinha como reitora (adivinhem) a própria advogada e professora Claudia Toledo e entre os seus egressos (adivinhem de novo) os atuais ministro da educação, Milton Ribeiro, e da Advocacia-Geral da União, André Mendonça – aquele mesmo que afirmou que os cristãos “estão sempre dispostos a morrer para garantir a liberdade de religião”.
Noves fora as irregularidades jurídicas que, muito provavelmente, devem estar presentes no conjunto da obra que envolvem ITE/CUB/Capes/MEC, de um ponto de vista histórico, estamos diante de uma nova volta do parafuso das anomalias antirrepublicanas cometidas pelo governo do genocida que se instalou em Brasília.
O episódio da nomeação da advogada e professora Claudia Toledo para a presidência da Capes acaba de expressar de forma acabada um novo fenômeno político, que precisar ser conceituado.
Nesse 15 de abril de 2021, o atual governo conseguiu superar dialeticamente (permitam-me o abuso da ideia hegeliana) a chaga patrimonialista que nos marca desde o nosso passado colonial, estabelecendo uma relação promíscua entre público e privado, sempre em benefício deste último.
Não é mais suficiente utilizar, sem necessidade de disfarces, o que deveria haver de público no Estado brasileiro para o enriquecimento econômico e o fortalecimento político dos interesses privados nacionais e, também, internacionais.
A fim de que o sistema público de pós-graduação nacional (e o sistema educacional brasileiro em geral) seja completamente destruído, num curto intervalo de quatro anos, é preciso que sejam alçados à sua direção os piores indivíduos – os quadros mais despreparados – que se encontram à disposição no momento.
A substituição do ex-reitor da Universidade Presbiteriana Mackenzie pela ex-reitora do Centro Universitário de Bauru representa a continuidade da prevalência dos interesses privatistas na gestão da educação brasileira, acrescida de um ingrediente novo – a redenção da mediocridade.
Com a nomeação da nova presidente da Capes, assistimos à emergência do “patrimonialismo caquistocrático”.
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