A natureza autoritária da “nova política”

O que a “Nova Política” faz é usar esse ambiente virtual, de forma potencialmente criminosa, desprezando o congresso, o judiciário e a sociedade. Ou seja, essa “Nova Política” é potencialmente criminosa e inegavelmente autoritária, o que não nos serve

A natureza autoritária da “nova política”
A natureza autoritária da “nova política” (Foto: Ricardo Moraes - Reuters)


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O Brasil vive momento de desconstrução do arranjo institucional de 1988.

Na sua visita aos EUA Bolsonaro disse a lideranças conservadoras que seu governo não é de construir coisas para o povo brasileiro, mas desconstruir[1].

Essa desconstrução é patrocinada por um governo de extrema-direita e ocorre sem qualquer participação da população, sem debate, sem reflexão, tudo devidamente estruturado pela metodologia da Cambridge Analytica e competente consultoria de Stephen Kevin "Steve" Bannon. Será essa a tal “Nova Política”?

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A vitória de Bolsonaro é fruto de fraude política e judicial; fraude que a imprensa tradicional, salvo raras exceções, apoiou.

Mas não foi a imprensa o instrumento da fraude que levou a extrema-direita brasileira ao Planalto.

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O instrumento da fraude foram as redes sociais e a metodologia da Cambridge Analytica – CA, Steve Bannon tiveram e os neo-tenentes[2] de Curitiba.

A Cambridge Analytica trabalhou para a campanha presidencial de Donald Trump e também para a do Brexit, visando a saída do Reino Unido da União Européia; depois serviram ao candidato de extrema-direita por aqui.

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O papel da Cambridge Analytica e o impacto nas campanhas no Reino Unido e nos EUA tem sido contestado e é objeto de investigações criminais em andamento, tanto nos Estados Unidos quanto no Reino Unido, ou seja, são a Cambridge Analytica e Steve Bannon são potencialmente criminosos que usam a tecnologia para manipular a opinião pública.

Como manipulam as informações através das redes sociais, não se importam com o povo, não propõem debates, não convivem com a diversidade ou com opiniões contrárias; não respeitam os poderes ou as instituições.

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Tendo tudo isso em perspectiva é necessário reconhecer que o governo de Jair Bolsonaro mantém a natureza da campanha: uma guerrilha virtual. E o Ministério ]

Público tem sido leniente, não investigando adequadamente se há um “esquema industrial” e pago de disseminação de mentiras via internet, tanto que o STF precisou, de oficio, determinar investigações sobre os fakes News e sobre o uso das redes sociais para disseminar versões e influenciar a opinião pública, sempre de forma destrutiva.   

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Esse é o no método da extrema-direita, essa é a tal “Nova Política”.

Não estou exagerando, pois em setembro do ano passado, o Facebook anunciou ter sido hackeado e, em 12 de outubro, informou que a invasão começou provavelmente em 14 de setembro. Foram “roubados” os dados de 400 mil usuários e, a partir desse “roubo”, os hackers obtiveram informações sobre 30 milhões de pessoas.

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As vítimas foram a nação e o processo eleitoral, pois 29 milhões tiveram descobertos o número de telefone e o e-mail. Os hackers conseguiram saber também: o nome da pessoa, gênero sexual, idioma, estado civil, religião, cidade natal, data de nascimento e 15 últimas pesquisas feitas na internet.

Mas há relação entre o hackeamento do Facebook e a guerrilha digital, a campanha de Bolsonaro e a tal “Nova Política”? Penso que sim.

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Na presidência Bolsonaro repete estratégias de campanha que são as mesmas estratégias verbais e operacionais de Donald Trump na disputa pela Casa Branca em 2016, ademais tornou-se público que Steve Bannon teve participação ativa na campanha no Brasil e presta assessoria de comunicação de redes ao governo federal.

Mas não é só.

Noutras campanhas a principal maneira de as mensagens políticas de Bannon chegarem aos eleitores e influenciá-los dependeu de “roubo” de dados do Facebook. Uma operação via Cambridge Analytica, um escândalo que veio a público na imprensa mundial em março de 2017. Teria a campanha de Bolsonaro lançado mão de informações “roubadas”?

Fato é que a Cambridge Analytica, criada em 2014 pelo bilionário americano Robert Mercer para ajudar políticos conservadores nos EUA, monta um perfil psicológico do eleitorado, e para isso rouba ou usa informações hackeadas do Facebook, usando pesquisas psicossociais a partir do comportamento das pessoas no Facebook.

Noutras palavras, o que a “Nova Política” faz é usar esse ambiente virtual, de forma potencialmente criminosa, desprezando o congresso, o judiciário e a sociedade. Ou seja, essa “Nova Política” é potencialmente criminosa e inegavelmente autoritária, o que não nos serve.

Essa é a reflexão de hoje.


[1] https://www.valor.com.br/brasil/6165311/nos-temos-e-que-desconstruir-muita-coisa-diz-bolsonaro-durante-jantar

[2] https://www.brasil247.com/pt/colunistas/pedromaciel/251950/Neotenentismo-de-Curitiba-conservador-e-autorit%C3%A1rio.htm

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