A morte como negócio

"É sempre tempo, mas é importante estar atento e forte porque os números da pandemia estão aumentando e antes que seja tarde demais vamos mudar nosso comportamento nas ruas e nas urnas" - leia o artigo de Miguel Paiva

(Foto: Miguel Paiva)


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Por Miguel Paiva, do Jornalistas pela Democracia

Essa segunda onda da Covid, que também pode ser chamada de Primeira Onda, o retorno, vem a provar que ela é uma doença que ataca os pobres muito mais que os ricos. No inicio se achava que era uma doença de quem podia viajar e trazê-la de fora. Alguns casos comprovavam isso, mas logo o panorama mudou. Aqui no Brasil e nos países pobres as dificuldades de tratamento e internação começaram e evidenciar essa diferença social. Se não fosse o SUS aqui no Brasil teria sido ainda mais dramático. O SUS soube usar muito bem o aprendizado dos últimos anos em termos de pensamento coletivo e ações imediatas que impediu desgraça maior. 

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Mas o isolamento social no Brasil praticamente não existiu. Logo os empregados foram obrigados e retomar seus trabalhos, quem tinha trabalho, para não perder o sustento. Quem não tinha foi obrigado a sair às ruas também para descolar algum troco e poder comer. Ou seja, transportes públicos se encheram novamente e apesar da necessidade de isolamento muito pouco foi feito. Os números estão aí para confirmar e voltarão lá pela metade do mês para mostrar as consequências desse desvario social que estamos vivendo. 

 Quem foi obrigado a aglomerar para trabalhar se cuidou do jeito que pode, mas quem não se cuidou, quem aglomerou por conta do individualismo vai acabar incrementando o número de contaminados de um jeito irreversível. A mídia começou a discutir porque essa gente ignora os cuidados. Foram levantadas várias razões incluindo a sociedade individualista, o desespero do isolamento e outras coisas. Desespero do isolamento continua dando em quem continua isolado. Desde o início havia uma parcela da população, essa que nega a importância do vírus, que não usa máscara, que aglomera nos bares, que demonstra todo seu reacionarismo anticiência e que se agrega aos 30 % de eleitores fanáticos do Bolsonaro. Mesmo não sendo eleitores pensam do mesmo jeito. 

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 Essa população sempre existiu. Estava isolada por conta de todo um país que se comportava de outra maneira, por conta de um pensamento coletivista que ajudava a criar e a manter políticas públicas. O SUS é resultado disso. Depois que a burguesia insana se juntou e conseguiu impedir esses governos de governar deu no que deu. 

 Hoje vemos na imprensa o resultado deste quase um ano de pandemia. Os muito ricos ficaram ainda mais ricos. A fortuna dos bilionários cresceu mais de 30% por cento neste período. Os mais pobres ficaram mais pobres e a classe média, como sempre acontece, ficou no meio, de fiel da balança, cada dia mais infiel aos princípios do desenvolvimento social. Quer ser mais do que é e acaba andando pra trás atropelando seus vizinhos e sufocando quem está por baixo. O plano parece ser este. Guedes e seus Chicago Boys pensam assim. Se vestem de liberais a favor do desenvolvimento econômico, mas são na realidade investidores cruéis do mercado. Acham que o dinheiro cada vez maior nos seus bolsos vai fazer sobrar algum, aquelas moedas que caem, para os mais pobres. 

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 Segundo eles, a condição de excelência para quem sabe lidar com a grana, eles mesmos, vai fazer com que todos, de maneira lenta e gradual, também se beneficiem. Não dá para acreditar como não deu para ver nem mesmo essa política ser aplicada. O Brasil é um país que precisa de políticas públicas e a pandemia mostrou isso não só aqui, mas está mostrando no mundo. Os estados estão se manifestando para que a população seja vacinada. Algumas empresas fizeram doações, mas quem está arcando mesmo com as despesas são esses mesmos estados. Aqui no Brasil, apesar da discreta pressão da sociedade o governo hesita. Hesita porque não quer. Melhor para essa política canhestra e cruel que mais gente morra. Os idoso já são 60 % dos que perderam a vida para a Covid. Agora a pandemia pegando os jovens e continua atingindo os mais pobres. Se for pobre, tudo bem, ajuda no equilíbrio das contas como indica a reação do governo. Com a morte dos idosos muita grana do INSS foi economizada e eles acabam nas entrelinhas demonstrando satisfação. 

 Eu não quero pegar Covid. Vou manter meu isolamento porque tenho condições, mas espero que a pressão da sociedade aumente e o governo seja obrigado, mesmo que a contragosto, a vacinar a população. 

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 É a nossa saída, é claro, sem falar de 2022 que aí, através do voto, poderemos realmente mudar o rumo da prosa. Esses 30% continuarão apoiando cegamente o governo, mas os outros 30% mais flutuantes, esses sim podem influenciar. Eles estão sentindo na pele o arrependimento de ter permitido que Bolsonaro fosse eleito por “medo “do PT. Que bom. É sempre tempo, mas é importante estar atento e forte porque os números da pandemia estão aumentando e antes que seja tarde demais vamos mudar nosso comportamento nas ruas e nas urnas.

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