A morfologia e as formas de organização do novo proletariado da era digital

Mais complicado ainda é o formato organizativo, sindical, associativo desse novo proletariado. Qual tipo de sindicato, qual a sua composição, qual a sua pauta?

(Foto: Steve Marcus/Reuters)


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Há  nos meios acadêmicos muita controvérsia e especulação  sobre a morfologia e formas de organização  sobre o novo proletariado da época digital, como aliás  sobre todos os fenômenos  antigos que se apresentam  com novas  roupagens.

Comecemos pela tese do autoemprego, do microempresário ou do empreendedor ou prestador  de serviços. Ser patrão de si próprio.  Dificilmente esta  tese substituirá  a da ética puritana do trabalho, da época do fordismo/taylorismo como visão de mundo do Novo  capitalismo  digital dos nossos dias, como querem alguns . 0 cristianismo  reformado  e a ética puritana do trabalho foram uma revolução  cultural  no mundo ocidental que levou ao capitalismo. Dificilmente, essa lenga-lenga do autoemprego ou do seja patrão de si mesmo, com a assistência  do Sebrae, pode se comparar aquela revolução Cultural.  É  uma ideologia  neoliberal que racionaliza o fim dos empregos e defende a sua precarização.

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Segundo ponto: a esperança  que a revolução  tecnológica 4.0 libertasse progressivamente os homens da corveia do trabalho  assalariado e aumentasse seu tempo livre, como previa Marx, infelizmente não aconteceu. A incorporação  do progresso técnico  ao processo produtivo  aumentou a produtividade  do trabalho e o grau de exploração  dos trabalhadores, aumentando a descartabilidade da mão de obra  e rebaixando os salários.

Terceiro  ponto: na  era digital, 0 trabalho morto, o capital constante produz  mais valia, mais  ainda  do que o trabalho vivo, o capital variável.  E o trabalhador  não se apropria  de nada, não participa  dos ganhos da produtividade produtiva (técnico-científica)

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Quarto.  Essa é  a era do trabalhador muito competente , que  dirige, supervisiona, coordena, gerência.  Não os do chão da fábrica. Esses  são os terceirizados, quarteirizados , precários, sazonais , itinerantes, a domicilio. Por conta  e risco próprio. Sem direitos  ou garantias trabalhistas ou formalização de vínculos ou estabilidade.

Chamados  de prestadores, colaboradoras, parceiros ou trabalhadores amadores, de bico ou viração.

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Mais complicado  ainda é o formato organizativo, sindical, associativo desse novo proletariado. Qual  tipo de sindicato, qual a sua composição, qual a sua  pauta? Diante da heterogeneidade de base dessa multidão? São  patrões  ou empregados ou autônomos? Teriam algo em comum, além da precarização, da informalidade e da terceirização?

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