A mídia comercial e a noite de 2 de outubro

"Veremos se a defesa que a imprensa comercial faz das urnas e do respeito à decisão soberana do povo é para valer ou só para inglês ver", diz Bepe Damasco

Lula, Bolsonaro e urna eletrônica
Lula, Bolsonaro e urna eletrônica (Foto: Ricardo Stuckert | Clauber Cleber Caetano/PR | REUTERS/Amanda Perobelli | Agência Brasil)


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Com a ressalva óbvia de que nada está ganho ainda, mas vamos imaginar que a tendência de vitória de Lula no primeiro turno se confirme e, por volta das 22 horas do dia 2 de outubro, as urnas eletrônicas sacramentem a eleição de Lula pela terceira vez para a presidência da República.

É de uma clareza estelar que, ato contínuo, Bolsonaro dará início ao seu esperneio golpista, não só não reconhecendo a derrota, mas lançando toda sorte de acusações sem fundamento contra a lisura do sistema eleitoral brasileiro.

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Por outro lado, Lula fará um pronunciamento de vitorioso e grande parte do país estará em festa.

Neste momento, veremos se a defesa que a imprensa comercial faz das urnas eletrônicas e do respeito à decisão soberana do povo é para valer ou só para inglês ver.

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Só lembrando que fechadas as urnas da eleição norte-americana de novembro de 2020, com as pesquisas de boca de urna indicando que Biden vencera, Trump passou imediatamente a denunciar que era vítima de fraude. Foi o primeiro passo para a tentativa de golpe que se consumaria no Capitólio, em janeiro de 2021.

Contudo, simultaneamente aos ataques de Trump visando desmoralizar a eleição, os prestigiados jornais The New York Times e Washington Post contra-atacaram, primeiro em suas versões online e depois impressas, denunciando a manobra golpista de Trump e focando principalmente em Biden, na comemoração democrata e nos desdobramentos políticos de sua provável chegada à Casa Branca.

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Resta saber se no Brasil Globo e congêneres adotarão o mesmo padrão ou vão seguir dando palanque de forma exagerada aos chiliques golpistas e antidemocráticos de Bolsonaro, como fez em 7 de setembro ao lhe dar de presente mais de cinco horas de transmissão ao vivo, ou como faz todos os dias na cobertura da palhaçada do cercadinho.

Não estou, é claro, pregando nenhum tipo de censura. Manifestações contrárias à ordem democrática são mesmo notícia em qualquer lugar do mundo, e a imprensa tem o dever de registrar. Mas isso é bem diferente de bater palmas para maluco dançar e ajudar a botar lenha na fogueira de investidas contra a democracia.

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A conferir.

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