A médica chilena e o monstro infanticida brasileiro

"Enquanto no Chile a jovem médica Izkia Sichies faz uma escolha humanitária em defesa da vida, no Brasil um médico abjeto atua", escreve Jeferson Miola

(Foto: Izkia Siches Pasten (imagem por Colégio Médico))


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No dia 25 de novembro de 2021 a médica chilena Izkia Siches renunciou à presidência do Colégio de Médicos – uma instituição respeitadíssima e influente no Chile. O Colégio de Médicos equivale ao Conselho Federal de Medicina do Brasil; no entanto, com funções de representação sindical, além das de regulamentação profissional.

Izkia renunciou a este importante cargo porque, como cidadã consciente da ameaça representada pelo ultradireitista José Antonio Kast à democracia e à sociedade, sentiu-se convocada a atuar pela vitória de Gabriel Boric.

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Na carta de renúncia publicada quatro dias depois do 1º turno da eleição presidencial no Chile, Izkia escreveu estar “convencida de que necessitamos nos dedicar a melhorar nosso país […] e esperançosa de que no futuro próximo todas as novas gerações possam gozar, sem importar sua condição social, de uma saúde que lhes permita desenvolver seus projetos de vida e de uma medicina que os cuide e os trate em função de suas necessidades”.

Isto temos sonhado desde nossa formação como médicos e esse também segue sendo hoje meu sonho como médica, cidadã e mãe”, ela concluiu.

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No dia seguinte, 26/11, Izkia foi apresentada por Gabriel Boric como coordenadora da sua campanha. A atuação da médica chilena nas três semanas decisivas no 2º turno da eleição foi fundamental. O trabalho que desempenhou junto com o comando de campanha é apontado como um dos fatores determinantes da vitória de Boric.

Enquanto no Chile a jovem médica Izkia faz uma escolha humanitária em defesa da vida, no Brasil um médico abjeto atua como engrenagem da fábrica macabra de mortes de crianças.

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A oposição de Marcelo Queiroga à vacinação infantil é criminosa. À luz do direito internacional, pode inclusive ser caracterizado como mais um crime bolsonarista contra a humanidade que, todavia, é tolerado pelos tribunais brasileiros.

Queiroga não é exclusividade no gênero de médicos que traem o juramento de Hipócrates e se convertem em colaboracionistas do fascismo, como acontece hoje no Brasil – vide os experimentos nazistas da empresa Prevent Júnior, bem como o endosso e a cumplicidade de dirigentes inescrupulosos de entidades médicas às práticas notoriamente criminosas, anticientíficas e negacionistas.

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Esta linhagem de médicos associados ao terror de Estado e ao fascismo não é novidade no Brasil. Na ditadura [1964/1985], enquanto muitos médicos entregavam-se à resistência democrática, alguns deles forneciam atestados de óbito falsos para ocultar as causas de mortes decorrentes de brutal tortura nos porões do regime.

Estes últimos – facínoras que maculam a medicina – ficaram impunes na justiça e preservaram o registro profissional no Conselho Federal de Medicina.

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O exemplo da médica chilena Izkia Siches é um contraste ético, moral e humano de proporções galácticas em relação ao ministro bolsonarista da Morte, o monstro infanticida.

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