A lira do delírio de um ingênuo Arthur, em uma nação que não mais dorme distraída

"Mas o golpe deu ruim, os militares prontos pra agir fizeram cara de paisagem, e os caminhoneiros grevistas (na verdade, empregados dos donos de frotas AGRO) estão fugindo pra não ser presos. E dançando a macarena. Que grotesco!"

(Foto: Alan Santos / PR)


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Bolsonaro convocou o povo pra insurreição, pra quebrar tudo, escalpelar, matar, que ele garantia, porque ele é o comandante-em-chefe das Forças Armadas.

A Nação ficou em suspense por meses, desde que ele anunciou um 7 de Setembro "do babado". 

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Jair iria barbarizar!

O país parou uma semana, respiração presa na expectativa do pior. Os ricos, animados, fizeram o "brunch do esquenta das manifestações" em suas coberturas.

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Com o sol na cabeça, no asfalto, ficaram os zumbis do Exército de Bolsonaroleone.

Mas o golpe deu ruim, os militares prontos pra agir fizeram cara de paisagem, e os caminhoneiros grevistas (na verdade, empregados dos donos de frotas AGRO) estão fugindo pra não ser presos. E dançando a macarena. Que grotesco!

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Até o vampiro mor da República foi de avião da FAB a Brasília escrever carta pro chefe-de-estado, que tem certa dificuldade com as letras e as canetas.

E o que fará o Congresso dessa republica das bananas? Vista grossa, até termos uma "banana plantation" inteirinha de bizarrices de Bananonaro e de seu bananal de filhos: 01 banana ouro, 02 banana nanica, 03 banana maçã do amor etc.

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Brasil sem lei, ou melhor, sem aplicação das leis. São "leis decorativas", "presidentes decorativos", "instituições decorativas". Só o que não é mais decorativo é o país, com o filme queimado no exterior, as florestas queimadas, sem matas, sem fauna, sem índios, sem projeto nuclear, sem submarino nuclear, sem Alcântara, sem água, sem peixes, sem macacos, sem jacarés, sem tucanos. A não ser os "tucanos decorativos", da grana em bancos suíços. 

Brasil sem pré-sal, sem indústrias, sem empregos, onde tudo virou AGRO. São 50 milhões de hectares de transgênicos, plantações de soja e milho para o boi comer. 

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Brasil que não é mais dono de sua água, pois vendeu seu aquífero para a Coca-Cola vender engarrafada.

Mas alimento pra gente-gente não é AGRO. É pequeno produtor, são as cooperativas de orgânicos não orgânicos. Não fossem eles, estaríamos todos comendo ração, igual no filme americano de ficção científica Soylent Green, em que o povo é alimentado apenas com biscoitos fornecidos pelo governo, sem saber se tratarem de farinha de corpos humanos triturados. 

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Comem eles mesmos, mortos por fome, pandemias, suicídios.

Mas "juntos chegaremos lá", antigo slogan político do Guilherme Afif, hoje assessor de Paulo Guedes, o Rasputin da economia, autor do "Plano Granadas nos Bolsos Brasileiros".

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Brasil do deboche, da dor, da Pátria que não é mais gentil. Nem amada é, onde as palmeiras secam e sabiás não cantam. Onde os jovens sonham com o exílio. Onde acreditam que há um céu com mais estrelas, várzeas com mais flores, bosques com mais vida e amores.

Pobres brasileiros coiotes, que quando cismam solitários em seus exílios, em países de prédios em que as janelas não abrem, pedem a Deus que os faça morrerem mesmo lá, sem jamais precisar voltar. 

Pois palmeiras jamais viram por aqui, muito menos cantar sabiá.

Porém ainda somos beneficiados com sabiás, que gorjeiam inteligências na mídia resistente. Sabiás que trinam soluções e esperanças. Sim, mesmo sem Gonçalves Dias, vamos superar esse tempo. Sou otimista. Não será com poesia, nem conciliações, acertos, frentes amplas. Será com a tenacidade de quem não se dobra, a objetividade do rumo claro, idealismo que não se vende, consciência que não se distrai.  

Votar por escolha própria, prestando atenção, com o coração aberto para a verdade, mesmo que ela nos pareça intragável , sem seguir berrantes de igrejas ou ídolos. Cientes de que com nossos votos resgataremos o Brasil. O Brasil ainda é nosso, e o futuro nós decidimos. 

Enquanto isso, Arthur seguirá enlevado, tocando a Lira de seu delirio. Que acorde antes do susto.

Muito obrigada por sua leitura.

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