A Lava-Jato vesão portenha

"Na Argentina o que temos é a ação de procuradores e promotores que jogam bola com Macri", escreve o jornalista Eric Nepomuceno

Vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner 23/08/2022
Vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner 23/08/2022 (Foto: REUTERS/Agustin Marcarian)


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Por Eric Nepomuceno, para o 247

A verdade é que tem feito bastante frio em Buenos Aires. Às duas da tarde deste domingo 28 de agosto a temperatura era de onze graus. Às dez da manhã, os termômetros marcavam oito.

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Nada impediu, porém, o que já era visto ao longo da semana: milhares de manifestantes cercando o prédio onde a vice-presidente Cristina Kirchner tem apartamento, no elegante bairro da Recoleta. O governador da cidade de Buenos Aires, o direitista Horacio Rodriguez Larreta, mandou a polícia e ergueu barricadas para impedir que os manifestantes se aproximassem do edifício para apoiar a vice-presidente, vítima de um processo escandaloso em que promotores e procuradores pedem a sua prisão. 

Não adiantou nada. As barricadas foram derrubadas, e a violência policial acabou sendo um tiro pela culatra: manifesantes que iriam se reunir em praças e avenidas distantes acabaram se dirigindo para o endereço de Cristina Kirchner. Um vídeo em que Máximo Kirchner, que é deputado federal, é impedido de entrar no edificio onde mora a mãe – ele chegou a ser empurrado e xingado pela polícia de Buenos Aires – elevou ainda mais a temperatura nas redes sociais, e incentivou novos manifestantes a se juntarem.

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Cristina e outros ex-funcionários de seus tempos de presidenta foram acusados de desvio de verbas. 

Detalhe número um: em uníssono, os procuradores e promotores pedem sua prisão.

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Detalhe número dois: todos – todos – são frequentadores da casa de campo do expresidente direitista Maurício Macri, onde jogam futebol. 

Detalhe número três: não há provas concretas, apenas indícios, e além disso não está clara qual a participação dela nessa história toda.

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Cristina Kirchner pediu para ser ouvida novamente. O pedido foi negado. Caberá agora a um juiz decidir o que fazer com a denúncia, mas uma coisa ficou clara: a ação do governador Rodríguez Larreta acabou tendo o efeito de um bumerangue.

É que além das manifestações populares, o que se viu foi uma inesperada união de todas as muitas tendências do peronismo, algumas delas claramente hostis aos Kirchner, ao redor da atual vice e ex presidenta da Argentina. 

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Além disso, a jogada dos promotores e procuradores que pedem inclusive o seu afastamento não vai dar em nada: a menos que os juízes atuem com velocidade alucinante (e inédita: a Justiça argentina é tão ou mais lenta que a brasileira), caso condenada Cristina Kirchner poderá fazer uma série de apelações, o que levaria o processo até depois das eleições de 2023.

Se no Brasil tivemos a farsa manipulada pela abjeta dupla Moro-Deltan, na Argentina o que temos é a ação de procuradores e promotores que jogam bola com Macri.

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Coisa de louco…

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