A Jihad de Satã

"A descrição de Arthur Rimbaud na obra 'Uma estação no inferno' resume a missa macabra do Bolsonarismo, entoando uma jihad satânica", aponta

Jair Bolsonaro em Recife
Jair Bolsonaro em Recife (Foto: Reprodução/Facebook)


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A Via-Crúcis eleitoral se tornou um calvário abrasivo para Bolsonaro e sua legião demoníaca. A cada dia abrem-se novas fendas do inferno bolsonarista, recendendo o enxofre nauseante dos pecados, da degeneração, das vilanias, dos crimes, da corrupção, das infâmias e das mortes que açoitam impiedosamente o falso messias. Em poucos dias foram revelados os mais diabólicos cânticos das profundezas, os pecados capitais do submundo na tentativa de explorar a boa-fé dos brasileiros. A ex-ministra Damares Alves, escolhida senadora pela paróquia do Distrito Federal anotou uma blasfêmia irremissível, sem provas, apenas por ouvir dizer nas ruas: “Eu vou contar uma coisa para você que agora eu posso falar. Nós temos imagens de crianças nossas brasileiras com 4 anos, 3 anos, que quando cruzam as fronteiras sequestradas, os seus dentinhos são arrancados para elas não morderem na hora do sexo oral. Nós descobrimos que essas crianças comem comida pastosa para o intestino ficar livre para hora do sexo anal”, declarou para os fiéis durante um culto. Não há nenhum registro nas escrituras do Ministério Público sobre o sacrilégio verbalizado por Damares. Um inquérito foi aberto para investigar a má-fé da ex-ministra. Em 2021, por espalhar inverdades o TSE, por seis votos a um, cassou o mandato do deputado estadual eleito em 2018, Fernando Francischini, que divulgou mentiras contra o sistema eletrônico de votação.

Ainda na exploração profana da fé, Jair Bolsonaro tentou macular o Círio de Nazaré, a mais importante celebração religiosa do Pará, com mais de 200 anos de história, transformando missa em palanque e o altar em comício. Foi hostilizado e outros demônios da mesma seita repetiram as heresias na festa da padroeira nacional, na basílica de Nossa Senhora da Conceição Aparecida. Jair Bolsonaro quis se apropriar da fé católica para transformá-la em ato de campanha eleitoral e emporcalhou as festas do Dia de Nossa Senhora Aparecida. Para completar, apoiadores dele agrediram jornalistas da TV Aparecida. O candidato à reeleição foi vaiado durante todos os momentos em que caminhou pelas ruas e calçadas. Quando chegou na basílica, o alvoroço tumultuou a celebração religiosa e obrigou o padre Eduardo Ribeiro, que a conduzia, a pedir silêncio: “Silêncio na basílica. Prepare o seu coração, viemos aqui para isso”. O padre Camilo Júnior, que realizava a consagração solene a Nossa Senhora Aparecida, terminou a cerimônia chicoteando Jair Bolsonaro pelo uso eleitoreiro da fé: “Hoje não é dia de pedir voto, é dia de pedir benção”. A perseguição aos católicos não cessou desde então e esses votos podem ser decisivos para a crucificação eleitoral do capitão.

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As portas do inferno, da perversão, da má-fé e da sordidez foram escancaradas em uma confissão do próprio capitão durante uma entrevista na qual se assumiu pedófilo. “Eu estava em Brasília, na comunidade de São Sebastião, se eu não me engano, em um sábado de moto… parei a moto em uma esquina, tirei o capacete, e olhei umas meninas… Três, quatro, bonitas, de 14, 15 anos, arrumadinhas, num sábado, eu uma comunidade, e vi que eram meio parecidas. Pintou um clima, voltei. ‘Posso entrar na sua casa?’ Entrei. Tinha umas 15, 20 meninas, sábado de manhã se arrumando, todas venezuelanas. E eu pergunto: meninas bonitinhas de 14, 15 anos, se arrumando no sábado para quê? Ganhar a vida”, blasfemou o capitão que tentou minimizar o estrago que as denúncias de pedofilia provocaram em sua campanha. A epístola pecaminosa do “pintou um clima” com crianças desencadeou a mais severa histeria na prelazia do mal. Bolsonaro também afirmou que as crianças eram prostitutas, criminalização injusta, mentirosa e cruel, repetida em 3 eventos distintos. O capitão ficou possesso. Improvisou uma ‘live’ de madrugada para tentar exorcizar a maldição eleitoral e terceirizar os próprios pecados. A liturgia macabra da pedofilia foi professada por ele próprio. Em novo desespero de expiação tentou conter o dano do “pintou um clima” pedindo desculpas, falsas como sempre. Assim como o episódio do canibalismo e da zoofilia, tudo foi dito por ele, sem edição, truques ou montagens. Bolsonaro, como o diabo, é o pai da mentira em busca um sacerdócio fundamentalista.

A perversão não discrepa da pregação misógina e obscena de Jair Bolsonaro contra a deputada Maria do Rosário em 2014 (“É muito feia, não faz meu gênero, jamais a estupraria”), pela qual foi condenado a indenizá-la. A tara também não destoa do doutrinamento despudorado em favor do turismo sexual. Com apenas 3 meses na presidência, em abril de 2019, o cafetão Bolsonaro anunciou ao mundo que o Brasil se tornaria a meca do meretrício: “Quem quiser vir aqui fazer sexo com uma mulher, fique à vontade”. A homofobia e a apologia à exploração sexual de mulheres exalam a mesma sordidez que motivou outra condenação de Bolsonaro em junho de 2022 por ofensas sexistas contra a jornalista Patrícia Campos Mello. “Queria dar o furo”, excretou Bolsonaro. Igual às “Ucranianas são fáceis, porque são pobres”, de outro personagem expurgado da cena política. A torpeza do devoto bolsonarista, Arthur do Val, gerou uma cassação por falta de decoro pela unanimidade da Assembleia Legislativa de São Paulo. A farra sexual nos horrores da guerra desnudou mais um cafajeste em um país cafetinado pela falsa castidade que concebeu vários bastardos da “nova política” que prostituíram o Brasil. A lista das promiscuidades desse covil é extensa e não se limita ao ex-presidente da CEF, Pedro Guimarães, excomungado após denúncias de assédio sexual contra subordinadas. A devassidão é generalizada: ética, moral, humanitária, institucional, política, econômica, educacional, ambiental e legal.

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O aiatolá mefistofélico do pecado original, Sérgio Moro, voltou a comungar na legião do mal. Após ser eleito senador se reconverteu ao bolsonarismo. Quando foi excomungado da seita, em abril de 2020, praguejou e acusou seu líder Bolsonaro de muitos crimes, inclusive intervenção na PF para encobrir corrupção. A doutrinação diabólica de Moro na 13 vara de Curitiba entronizou o grande satã no altar máximo da crueldade. A sordidez das missas mais sombrias rezadas por ele esturricou o Judiciário. Após a “fatwua” contra Lula no culto eleitoral em 2018, ele foi abençoado com o Ministério da Justiça. Lá ficou por meses ociosos, sem celebrar nem sequer um exorcismo contra as diabruras de seus amigos criminosos da falange ministerial, contra os filhos ou a mulher do “capetão”. Evangelizou sobre doutrinas fascistas, como a licença para matar, relativização da presunção da inocência e a prova ilícita de boa fé. Acendeu velas para tentar se dissociar da possessão maligna, mas voltou contrito a orar no altar do satanismo. No debate do segundo turno na TV Bandeirantes oficiou como o advogado do diabo. Moro embolsou muitos dízimos dessa sacristia demoníaca. Um pecado ético, de conflito de interesses servindo a vários senhores e perseguindo inocentes. Quando foi esconjurado da paróquia bolsonarista disse à endiabrada Carla Zambelli: “não estou à venda”. Pura dissimulação, a sua alma já havia sido vendida ao diabo. Hoje é a alma penada reconvertida que se ajoelhou novamente para louvar no bispado das trevas.

A promiscuidade reina nesse santuário mundano, possessão do vício, dos golpismos, das mortes, dos segredos, da mentira, do ódio e da corrupção. Entre os ladrões, amantes insaciáveis dos bordéis públicos, estão velhas cortesãs, íntimas das batidas policiais e dos presídios, agora disfarçadas de vestais. Há tempos o fariseu Bolsonaro evangeliza diabolicamente nas trevas. É o pároco dos salteadores, pastor dos malfeitores, preceptor dos infames, idólatra de ditadores, vigário do caos, professante dos golpes, blasfemador da democracia, clérigo dos ogros, sacerdote da morte, cardeal da mentira e pontífice da estupidez. Ocioso e rudimentar, prega o evangelho das calamidades, dos flagelos e do obscurantismo, embrenhando o país no mais devasso dos abismos, na mais profunda vertigem moral do declínio civilizatório. Nesse mergulho rumo ao inferno dantesco o crime se refestela e comunga dentro da catedral da impunidade. “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”, foi a anunciação da seita em 2018, agregando vários demônios como seguidores. Os escândalos se sucedem e sedimentam a certeza de que a nação é explorada como um prostíbulo, por uma escória de incapazes que acoita assassinos, salteadores, nazistas, milicianos, gigolôs, maus militares e um rosário de degenerados. O padre deles é falso, os pastores surrupiaram no MEC e tentaram rapinar na vacina AstraZeneca. São cristãos que matam, mentem e roubam. Os novos devotos são assassinos e estupradores, condenados aqui e julgados pela justiça divina em breve: Guilherme de Pádua, que matou a atriz Daniella Peres, o ex-goleiro Bruno, que patrocinou o assassinato e esquartejamento da mãe do próprio filho e o jogador Robinho, condenado por estupro. Se irmanaram em comunhão com Flordelis, que mandou executar o marido, com Jairinho, acusado pela morte de uma criança, com Ronnie Lessa, miliciano que matou Marielle Franco e outros tantos do mesmo purgatório.

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ó os decaídos apostolaram no templo maligno do missionário da mentira, da morte, da miséria, da milícia e dos maus militares. Um dia expiarão por suas devoções pagãs. Os pecados mortais contra o Estado Democrático e a lei são imperdoáveis: quarteladas, propinas em vacinas, barras de ouro no MEC, dinheiros escondidos em pneus, beco da propina, ministros investigados, dinheiro em cuecas, mansões milionárias, 51 imóveis pagos em dinheiro vivo, fábricas fantásticas de chocolate, rachadinhas, farras com dinheiro público, fake news, células paraestatais, funcionários fantasmas, depósitos para a evangélica Michelle Bolsonaro, narcotráfico no avião presidencial, orçamentos secretos, pedofilia, canibalismo e outros pecados. Eles não perecem, se eternizam agônicos para os profanadores. Alguns obtiveram a benção dos eleitores buscando o manto celestial do foro privilegiado. Outros seguirão para o crepúsculo junto com o líder satânico e receberão, ao final, a extrema-unção.  Augusto Aras, o procurador geral da República, assiste letárgico a devassidão ética, moral, política e institucional como um católico piedoso, que a tudo redime ou faz vistas grossas. “Eu pertenço à raça que cantava no suplício; não compreendo as leis; não tenho senso moral; sou um bruto: vós vos enganais. Sim, tenho os olhos cerrados para a vossa luz”. A descrição de Arthur Rimbaud na obra “Uma estação no inferno” resume a missa macabra do Bolsonarismo, que chega aos ritos finais entoando uma jihad satânica, declaradamente fundamentalista e apocalíptica.

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