A intolerável tolerância de José Múcio
O jornalista Paulo Moreira Leite rebate a afirmação do novo Ministro da Defesa, José Múcio, que diz que os atos golpistas são "uma manifestação da democracia"

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Por Paulo Moreira Leite
A Folha de hoje publica uma declaração do ministro da Defesa José Múcio sobre os acampamentos bolsonaristas de Brasília, ainda ativos um mês depois que o TSE proclamou a vitória de Lula sobre Bolsonaro.
Para José Múcio, "as manifestações no acampamento, e eu digo isso com muita autoridade porque tenho familiares e amigos lá, é uma manifestação da democracia". É chocante -- e isso nada tem a ver com as relações pessoais do ministro. O caso envolve as leis em vigor no país.
Num país onde a Constituição determina no artigo 142 a subordinação das Forças Armadas ao poder civil, "sob autoridade suprema do presidente da Republica", os acampamentos de Brasília nada tem democráticos.
Num regime onde os governantes são escolhidos em urna, no mais amplo regime de liberdades públicas de nossa história republicana, representam um acinte aos direitos de brasileiras e brasileiros.
Expressam um movimento anti-democrático por natureza. Já serviram de abrigo, por exemplo, ao terrorista de extrema-direita George Washington de Oliveira Souza. Proprietário de um arsenal bélico de fuzis e metralhadoras avaliado em 126 000 reais, ele preparou um atentado a bomba -- felizmente fracassado -- no Aeroporto de Brasília, área onde circulam 27 000 passageiros dia.
Há uma semana, moradores de um desses acampamentos receberam uma ordem de despejo por parte de agentes policiais do Distrito Federal.
Numa reação filmada e disponível nas redes sociais, colocaram as chamadas forças da ordem para correr -- e não voltaram a ser importunados, num tratamento tão raro e cortês que deixou a suspeita de cumplicidade.
Nascidos para alimentar a contestação a uma derrota política anunciada pelo TSE e reconhecida pelo conjunto da comunidade internacional, os acampamentos se destinam a cumprir uma finalidade política inaceitável -- desgastar o sistema democrático e sabotar um governo eleito por 60.345.999 de brasileiros e brasileiras, na perspectiva de inviabilizar a reconstrução do Brasil anunciada por Lula.
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