A impotência do governo
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As notícias divulgadas pela imprensa – e não desmentidas – dando conta de que as Forças Armadas, numa licitação, haviam comprado mais de 35 mil comprimidos de Viagra, além de lubrificantes e próteses penianas infláveis, para lá do ridículo, apontam para sintomas preocupantes, atingindo o governo como um todo. Já se fala há tempos no desgaste sofrido pela ala militar com seu envolvimento exagerado e indevido nos problemas da administração. Aparentemente, seus quadros entravam nos cargos para ajudar. Agora não se sabe mais se, com efeito, não prejudicam, num regime que se esfacela e se debilita, pouco faltando para não virar piada. É o que acontece quando a decrepitude toma conta da lucidez e embaralha as ações. Não podemos deixar de lembrar a obra O outono do patriarca, de Gabriel García Márquez sobre um déspota de um país fictício situado no Caribe e os desatinos que desencadeia, enquanto vai envelhecendo. O velho, como é chamado pelos súditos, perde as estribeiras, algoz e vítima de uma situação que ele mesmo criou, transformando-se numa caricatura.
As desculpas esfarrapadas de membros do governo, sem excluir Jair Bolsonaro, arrastaram o vice Hamilton Mourão para a mesma culinária barata das versões para indignar, mais do que distrair o povo. “Eu não posso usar o meu Viagra, pô?” – perguntou a um jornalista ávido por esclarecer o assunto. Não esclareceu. O outro, o chefe, foi além: “É produto para a pressão...” Também não convenceu. Em plena campanha para as próximas eleições, o motociclista dá a impressão de não exigir muito da sua inteligência. Imagina que garante votos falando, sem saber o quê. E lá vamos nós, com os salários congelados, inflação nas alturas, os preços estratosféricos da gasolina, a crise na indústria e no comércio, para não falar no desamor pelas universidades, na saúde falida e na habitação popular estagnada. Isso para não mencionar a legião de pobres dormindo nas calçadas. Consertar o desastre não será brincadeira. O teto de gastos, mal concebido, e a máquina estatal emperrada transmitem a impressão de desafios impossíveis. No atual governo, poderíamos sugerir que experimentasse Viagra e próteses penianas, mas não chegamos a tanto porque ainda temos respeito pelo que fomos enquanto nação e o que desejamos voltar a ser.
A hipótese de levar militares para os cargos de poder, ao contrário do que se pode sugerir, não aponta para força, para intimidação. Aponta para a fraqueza. No período democrático, ninguém concebera semelhantes estratégia para ficar no poder porque havia pudor. Esses que aí estão se associam à ditadura e aos exemplos de pessoas barbarizadas ou mortas arbitrariamente. Foi preciso que um deputado inexpressivo de extrema direita, no plenário da Câmara, evocasse a figura de um feroz torturador para, em seguida, depois de tomar uma cusparada de outro parlamentar, aspirar às mais altas posições da República e realizar os seus propósitos. No entanto, busca argumentos surrealistas para enfatizar o absurdo. Terá tomado algum remédio? Sofre de intoxicação medicamentosa? Caberia examinar, com mais minúcia, os processos de licitação em andamento. Afinal, numa República digna, exige-se respeito pelo dinheiro gasto.
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