A imensidão do crime

No Monitor Mercantil (MM), em 5 de abril de 2018, na primeira página, está a notícia: "Mercado" prepara a privatização da água. É para qualquer cidadão de bem, qualquer brasileiro com um mínimo de patriotismo, para quem não for um obtuso crônico, ficar revoltado e procurar se manifestar e buscar informações que ajudem a obstar tal imensidão criminosa

agua
agua (Foto: Pedro Augusto Pinho)


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Tão cegos ficam parcelas da classe média, militares, até alguns doutrinados despossuídos, num irracional ódio ao Lula – até o chamam do maior corrupto do Brasil, esquecidos de Maluf, Amaury Kruel (USD 1,2 milhão nas maletas da FIESPata), Aécio Neves, Capitão Guimarães, José Serra (que Paulo Henrique Amorim diz ser o homem mais rico do Brasil), Delfim Netto (Monsieur 10%), Andreazza, Fernando Henrique Cardoso (vendedor do Brasil), Leon Peres, as célebres comissões da General Electric (denunciadas no CADE em 1976, envolvendo o irmão do Presidente Costa e Silva), para não citar estes atuais Temer, Geddel, Moreira Franco (de ontem e de hoje), e a turma "com o Supremo e tudo" do Jucá – que não conseguem distinguir a verdade da fantasia, os dados da realidade das manipulações estatísticas à Roberto Barroso e, principalmente, este incomensurável prejuízo que os golpistas de 2016 estão causando ao Brasil de hoje e nas esperanças de nossos filhos e netos. E notem, a quase totalidade dos processos, quando abertos, envolvendo os "homens bons", os governantes e poderosos da época sempre ficaram engavetadas, todos impunes.

Vou tratar de um primeiro de dois crimes, de grande relevância para o País e para sociedade, que não foi objeto de um único pronunciamento militar, um só artigo ou declaração dos Clubes Militares ou de seus associados na reserva, tão prolíficos quando se trata de pedir, a qualquer preço, a cabeça do Lula.

Pode parecer que sou um fanático lulista. Nada mais errado. Nem fui eleitor dele em 2002. Mas passei a reconhecer a transformação social que fez no Brasil e, ainda que tenha muitas ressalvas a sua ação, não vejo hoje, salvo o grande Senador Roberto Requião, quem possa, com maior condição, conduzir o País às trilhas da soberania, do desenvolvimento nacional e da justiça social e à paz.

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Este bem, que está sendo roubado do Brasil, já identificado como o petróleo do século XXI, é a água. Os recursos hídricos são hoje objeto das mesma pressões, das mesmas guerras coloniais que as especiarias foram nos séculos XVI e XVII e o petróleo no século XX.

No Monitor Mercantil (MM), em 5 de abril de 2018, na primeira página, está a notícia: "Mercado" prepara a privatização da água. É para qualquer cidadão de bem, qualquer brasileiro com um mínimo de patriotismo, para quem não for um obtuso crônico, ficar revoltado e procurar se manifestar e buscar informações que ajudem a obstar tal imensidão criminosa. Parece até que esperaram a não concessão do habeas corpus do Lula para desfecharem, estas forças do mal, o maior ataque.

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O caro leitor pode imaginar quem esteja, no Brasil, conduzindo a alienação nacional deste recurso finito e não reproduzível? Um tucano é óbvio! E não qualquer um, mas o ex-presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati, com o Projeto de Lei 495/2017. E de quanto será a rapina proposta por este senador? Um triplex mambembe, dois, cem mil? Ou os diversos apartamentos luxuosos e muito bem localizados do seu lider FHC? Ora meus caros, muito mais do que isto: é a própria vida das pessoas, a vida de seus compatriotas, de seus descendentes que está sendo vendida. Isto não é a mais ignominiosa corrupção?

Trancrevo, da declaração do Presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Espírito Santo, na crítica à PLS 495/2017: na prática isto significa que quem tem dinheiro compra e usa água. Quem não tem, vai passar dificuldade.

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Na consulta popular do Senado, nos informa o MM, 65.657 votos foram contrários à proposta tucana e 585 a favor. Mas isto não é importante. O grande eleitor, o senhor Henrique Braun, presidente da subsidiária brasileira da Coca-Cola, já declarou que "precisa acelerar uma agenda para garantir a segurança hídrica", obviamente para produção da Coca-Cola e da água que também está nos seus faturamentos. Nesta compra de parlamentares, magistrados e, como é evidente, o "vamos manter tudo isso", também estão na fila os executivos da Nestlé e outras empresas, como se vê adiante.

Transcrevo do professor, doutor Flávio José Rocha da Silva, no artigo "A água brasileira corre para as multinacionais" (disponível na internet):

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"Hoje o Brasil já tem 17 milhões de pessoas atendidas na distribuição de suas águas por uma multinacional canadense em 12 estados brasileiros. Ela comprou esta "fatia do mercado" da Odebrecht Ambiental. Parece pouco, mas o valor da transação foi de quase 3 bilhões de reais. Não é um mercado para qualquer um, como se vê.

O Ouro Branco, como é chamada a água em contraposição ao título de Ouro Negro dado ao petróleo, é um bom negócio, mas não para as populações carentes. Em um pequeno livrinho chamado O Manifesto da Água (2002), de autoria Riccardo Petrella e em outro livro publicado pela canadense Maude Barlow intitulado O Convênio Azul: a crise global da água e a batalha futura pelo direito a água (2009), as consequências negativas para as comunidades e positivas para as empresas estão descritas com vários exemplos ao redor do planeta. São Paulo conhece bem as negativas quando sofreu um choque com o racionamento provocado pela ideia do lucro primeiro, população depois. É que 49,7% da Sabesp pertencem a empresas privadas. Vários analistas da questão hídrica culparam a empresa por não ter investido na melhoria da infraestrutura por anos, uma das causas do problema. Teoricamente o governo paulista tem maioria de 0,3 para a tomada de decisões. Mas nós todos sabemos como falham as teorias..."

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Como se vê, caro leitor, a campanha contra o Lula é um artifício que os interesses financeiros estrangeiros lançam para que você não veja onde está sendo roubado e quem é o verdadeiro corruptor.

Tenho poucas esperanças.

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A Globo martela diariamente, nas novelas, nos programas de auditório, nos "especialistas escolhidos a dedo", para nem falar das deturpações dos noticiários que estes crimes imensos não existem, que são fruto de uma "teoria conspiratória", que o excelente jornalista Carlos Alberto Almeida contrapõe com a demonstrada "prática conspiratória", que é a própria corrupção, e que a PLS 495/2017, um exemplo entre milhares de outros como a entrega do pré-sal, mostra que dá certo. Mas a maioria das classes médias, alta ou baixa, que não dispensa a televisão, passa a concordar e, pior, a divulgar estas mentiras e agir contra seu próprio País.

Triste Brasil governado pela mídia subserviente aos interesses estrangeiros.

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O outro crime, o controle da energia, será objeto de reflexões em outro artigo.

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