A humanidade tem que se unir contra a Terceira Guerra Mundial
Se o Estado Islâmico (ISIS) está se fortalecendo no mundo, aumentando seus seguidores e matando mais gente é porque as grandes potências têm interesse que isso aconteça. Desde que a violência não ensanguente as ruas de seus países
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Amor e ódio. O bem e o mal. A luz e a sombra. Causas e suas consequências. Nunca na história moderna da humanidade, estes conceitos filosóficos e religiosos estiveram tão em discussão, tão em voga, tão presentes em corações e mentes.
O uso da violência e as guerras sempre existiram, mas os atos de terrorismo, assim como tem se apresentado nos últimos tempos, nos levam a um patamar mais amplo e mais elevado de reflexão.
Que por trás das guerras atuais, assim como de todas as outras, a grande razão é o domínio de riquezas e o poder, todos sabemos. No entanto, a guerra de táticas terroristas como as dos grupos ISIS, Al Qaeda, Boko Haram, etc, coloca um fato novo que dificulta seu combate. Seus soldados não temem a morte.
Além dos vídeos já conhecidos de carrascos executando reféns, agora a Internet está repleta de vídeos de jovens sorridentes demonstrando frieza, montando explosivos, e se dirigindo para alvos que vão aos ares em ações suicidas, diante das câmeras.
O medo - quando na medida certa, grande aliado do homem - nestes novos tempos, é descartado pelos terroristas. Boom! Vão sorrindo para o que acreditam encontrarão, em breve, no paraíso.
Que represália maior que a morte poderia ser imposta a um combatente do Estado Islâmico? Não temos esta resposta. Pelo menos não a nível individual. Pra nós, ocidentais cristãos, perder a vida é o pior dos castigos. Devemos procurar punir não a cada um deles, mas sim minar sua estratégia de uso do terrorismo para alcançar outros fins.
Creio que, a exemplo do que disse ao mundo um jovem francês que perdeu sua mulher, vítima dos atentados terroristas em Paris, não podemos puní-los, mas podemos sim, frustrar suas expectativas terroristas, que é disseminar o pavor, restringir a liberdade das pessoas, de agir, de se manifestar, de viver.
Dirigindo-se aos terroristas ele disse: Vocês acabaram com a vida de minha mulher, o amor da minha vida, a mãe de meu filho, mas não darei a vocês o que querem de presente, o meu ódio. Responder ao ódio com a cólera seria ceder à mesma ignorância que fez vocês serem quem são. Querem que eu tenha medo, que olhe para os meus conterrâneos com desconfiança, que sacrifique minha liberdade pela segurança. Perderam. Não terão isso de mim...
Um ponto fundamental a esclarecer é que não podemos confundir Islamismo com terrorismo. Como católico não aceito a satanização que estão tentando fazer com o Islamismo, religião que tem hoje 1,2 bilhão de seguidores em todo o mundo - pessoas pacíficas, honestas e trabalhadoras, que acreditam num Deus de amor e não num Deus da violência.
A culpa da guerra na Síria, no Afeganistão, no Iraque, no Líbano, etc não é dos islamitas mas sim de terroristas radicais que agem em nome da religião com apoio, dinheiro e armas das grandes potências para destituir governos e ai instalar seus interesses econômicos. Onde tem minérios e petróleo, lá estão eles com seus mercenários, seja lá de que facção.
Se o Estado Islâmico (ISIS) está se fortalecendo no mundo, aumentando seus seguidores e matando mais gente é porque as grandes potências têm interesse que isso aconteça. Desde que a violência não ensanguente as ruas de seus países.
Essas atrocidades já acontecem na África há muito tempo matando milhares de pessoas, como aconteceu este ano na Nigéria, quando duas mil pessoas foram mortas pelo grupo terrorista Boko Haram.
Como o massacre ocorreu num pais de terceiro mundo e atingiu basicamente pobres, os EUA não reagiu, a França não reagiu. Tudo foi rapidamente esquecido.
Quando atingem países ricos da Europa, no entanto, a repercussão é muito maior, a indignação toma proporções mundiais. Esta verdade está sendo colocada e vista cada vez mais, e a cada dia, por cidadãos no mundo inteiro.
Em carta ao presidente Bashar Al Assad, divulgada esta semana por agências internacionais, o senador americano, Richard Black, da Virgínia, reconhece que a guerra na Síria não foi causada por distúrbios internos, mas sim, é uma guerra ilegal de agressão de potências estrangeiras para impor um regime fantoche no país.
Black qualifica como traição à memória das três mil vítimas de 11 de setembro de 2001 nos EUA o fato do governo americano apoiar atualmente com armas e munições a frente Al Nusra- braço armado da Al Qaeda, que age na Síria contra o Exército do presidente eleito Bashar Al Assad. Todos se lembram que a Al Qaeda assumiu na ocasião a autoria dos atentados contra as Torres Gêmeas e o Pentágono.
O senador americano diz ainda que as potências estrangeiras não tem o direito de revogar eleições legítimas e impor sua vontade sobre a do povo sírio e se confessa desapontado com a atuação da ONU em ignorar esta interferência nos assuntos internos da Síria.
Essas frases já dissemos e ouvimos muitas vezes mas na boca de um senador americano ganha um certo valor para aqueles que acham que opiniões como essas são coisa de lunáticos esquerdistas.
O presidente russo, Vladimir Putin, sugeriu em vão trabalhar em colaboração com a inteligência americana no ataque ao ISIS há cerca de dois meses. O governo americano e seus aliados franceses e ingleses não aceitaram, e nem muito menos fazer parte do comando dos ataques baseado no Irã.
Bastou, no entanto, que Paris fosse alvo de ataques terroristas para que a França enviasse seu maior porta-avião para a Síria e intensificasse os ataques a grupos terroristas no país.
Nossos parâmetros diante da violência e das possíveis respostas a ela foram abalados. Como lutar contra quem não tem medo? Como lutar contra os interesses das grandes potências que não se importam com o resultado de suas políticas ? se morremos, se somos obrigados a nos exilar, se não temos mais uma casa, uma cidade, um país ?
Necessitamos aprofundar nosso nível de reflexão para encontrar novas respostas em busca de uma nova ordem mundial. A princípio, respondendo com a mesma moeda, buscando a união contra o medo, união pela solidariedade humana, união pelo fortalecimento do amor universal, nossa maior riqueza.
Devemos lutar pela paz e contra o perigo maior, já antevisto pelo Papa Francisco que ao comentar a barbárie em Paris, disse que o ocorrido é parte de uma terceira guerra mundial em potencial.
Oremos diariamente e nos manifestemos de forma pacífica todos juntos para que isso jamais venha a ocorrer. Na era das armas atômicas o resultado de uma terceira guerra mundial seria o fim da civilização, como nós a conhecemos hoje.
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