A hostilidade do Congresso contra Lula
O problema é que Lula não tem base de apoio num Congresso de maioria bolsonarista e isso o obriga a negociar muito com o Centrão e os independentes
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A hostilidade do Congresso Nacional em relação a Lula chega a ser belicosa, nas palavras do presidente da Câmara dos Deputados. Como pode um presidente da República andar com seus próprios pés, sem o apoio dos parlamentares?
Só em regime de exceção ou de cooptação milionária dos deputados é possível governar sem uma base de apoio parlamentar própria, não fisiológica. A declaração de Arthur Lira soa como uma ameaça ou uma chantagem ao presidente.
Na verdade, ele tem planos próprios para a sucessão de Lula, que passam pela próxima sucessão de si próprio na Câmara. Interessa a ele o fracasso ou os percalços do governo. Ele retira vantagens e benefícios dessas dificuldades.
O problema é que Lula não tem base de apoio num Congresso de maioria bolsonarista e isso o obriga a negociar muito com o Centrão e os independentes. Negociação que se chama troca de votos por cargos, nomeações e emendas parlamentares.
Governo mal chamado de coalizão. Coalizão não programática ou de interesses públicos. Interesses paroquiais, corporativos pessoais ou de grupos. Difícil levar adiante uma agenda de desenvolvimento, justiça social, igualdade racial e de gênero, com o apoio dessa súcia de assaltantes do erário público. O desabafo de Lula em São Bernardo é compreensível.
Dizia Rosa Luxemburgo, a democracia e as liberdades só colocam para quem pensa diferente de nós. Mas não é este o caso. Trata-se de interesses, ambição, gana, má vontade, falta de espírito republicano. Pobre do presidente, negociar com quem não tem escrúpulos em assaltar a nação.
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