A hora e o risco de descartar Cunha

"São claros e vários os sinais de que,  já tendo Eduardo Cunha feito o 'serviço sujo' de abrir caminho para o golpe na noite do cinismo de 17 de abril, os vencedores agora buscam meios para descartá-lo", diz a colunista Tereza Cruvinel, que, no entanto, alerta para os riscos;  "Esta operação embute riscos muito altos para o próprio Temer. Cunha não aceitará ser atirado ao lixo como bagaço de laranja que já deu caldo. E vingança é com ele mesmo"; ela afirma ainda que a fórmula exótica de impedir Cunha apenas nos dias em que Temer se ausentar do País fará com que o STF fique ainda mais exposto "como parceiro de tudo que está acontecendo"

"São claros e vários os sinais de que,  já tendo Eduardo Cunha feito o 'serviço sujo' de abrir caminho para o golpe na noite do cinismo de 17 de abril, os vencedores agora buscam meios para descartá-lo", diz a colunista Tereza Cruvinel, que, no entanto, alerta para os riscos;  "Esta operação embute riscos muito altos para o próprio Temer. Cunha não aceitará ser atirado ao lixo como bagaço de laranja que já deu caldo. E vingança é com ele mesmo"; ela afirma ainda que a fórmula exótica de impedir Cunha apenas nos dias em que Temer se ausentar do País fará com que o STF fique ainda mais exposto "como parceiro de tudo que está acontecendo"
"São claros e vários os sinais de que,  já tendo Eduardo Cunha feito o 'serviço sujo' de abrir caminho para o golpe na noite do cinismo de 17 de abril, os vencedores agora buscam meios para descartá-lo", diz a colunista Tereza Cruvinel, que, no entanto, alerta para os riscos;  "Esta operação embute riscos muito altos para o próprio Temer. Cunha não aceitará ser atirado ao lixo como bagaço de laranja que já deu caldo. E vingança é com ele mesmo"; ela afirma ainda que a fórmula exótica de impedir Cunha apenas nos dias em que Temer se ausentar do País fará com que o STF fique ainda mais exposto "como parceiro de tudo que está acontecendo" (Foto: Tereza Cruvinel)


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São claros e vários os sinais de que,  já tendo Eduardo Cunha feito o “serviço sujo” de abrir caminho para o golpe na noite do cinismo de 17 de abril, os vencedores agora buscam meios para descartá-lo. Temer e seus parceiros do eventual “governo de salvação nacional”, expressão de Fernando Henrique,  não acham prudente mantê-lo como segundo na linha sucessória na Presidência. Mas esta operação embute riscos muito altos para o próprio Temer. Cunha não aceitará ser atirado ao lixo como bagaço de laranja que já deu caldo. E vingança é com ele mesmo. Que o digam Dilma e o PT.

Aos sinais.  Neste sábado, 30, a Folha de São Paulo publicou o editorial “Chega de Cunha” cobrando providências do STF e louvando a disposição anunciada pelo ministro Teori Zavascki, de pedir celeridade ao plenário no exame do pedido de afastamento de Cunha da presidência da Câmara,  apresentado pelo procurador-geral Rodrigo Janot em dezembro. O título é sugestivo. Para ser mais explícito, faltou uma palavrinha: “Agora,  chega de Cunha”. Agora que ele, saciando seu desejo de vingança contra o PT e servindo ao projeto golpista,  cumpriu zelosamente a tarefa: acolheu o pedido de impeachment, montou a comissão mais conveniente, amarrou os votos de sua base servil e comandou o espetáculo que envergonhou o Brasil.

Na mesma edição da Folha a colunista Mônica Bérgamo informou que, diante da cobrança que será feita ao plenário do STF por Teori, os ministros já discutiriam a melhor forma de afastar Cunha. Avaliando que a destituição do presidente de um outro poder seria muito traumática, pensaram numa fórmula jaboticaba: ele seria afastado apenas nos dias em que, tornando-se presidente, Temer tivesse que deixar o país. Isso contentaria a lei, que não permite a um réu assumir a presidência da República. Engraçado que o STF ache traumático o afastamento de um presidente do Legislativo mas feche os olhos para as anomalias do processo de deposição da chefe do poder Executivo.  Esta fórmula resolve o problema legal mas não o político. Não elimina o fato de que, no governo Temer, o segundo homem na hierarquia de poder seria um réu acusado de tantos crimes.

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Mas como descartá-lo sem que ele se volte contra Temer?  Um exemplo das perigosas relações entre Temer e Cunha está documentado pela própria Lava Jato.  Quando fundamentou a autorização de busca e apreensão da Operação Catilinárias, (na casa de Cunha e de mais 52 pessoas), o ministro Teori Zavascki  transcreveu “indício” registrado pelo procurador-geral Rodrigo Janot: “Eduardo Cunha cobrou Leo Pinheiro por ter pago, de uma vez, para Michel Temer,  a quantia de R$ 5 milhões, tendo adiado os compromissos com a 'turma'", afirmou Janot, segundo reprodução de Teori.

As mensagens foram trocadas por Whatsapp, e capturadas no celular do sócio da OAS. Na réplica Léo Pinheiro pediu a Cunha "cuidado com a análise para não mostrar a quantidade de pagamentos dos amigos".

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Na época em que isso foi divulgado (dezembro de 2015) Temer divulgou extrato de cinco doações legais da OAS ao PMDB, registradas na prestação de contas,  entre maio e setembro de 2014, totalizando R$ 5,2 milhões. Mas, pelas mensagens, depreende-se que Cunha falava de um pagamento feito em cota única, e não destas doações parceladas. Cunha tem um arsenal de esclarecimentos sobre os esquemas do PMDB.

Fala-se também de um outro acordo. Cunha renunciaria à presidência da Câmara e preservaria o mandato para manter o foro privilegiado. Mas a troco de quê ele renunciaria? É como presidente da Câmara que ele usa o poder do cargo para barrar o processo de cassação de seu mandato no Conselho de Ética. Agora, por exemplo, emplacará um aliado na Comissão de Constituição e Justiça, para lhe dar ganho nas disputas com o Conselho.

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A fórmula que evitará riscos para o futuro sistema de poder e ao mesmo tempo atenderá à lei é a que foi divulgada por Monica Bergamo, por mais exótica que pareça: ele deixaria de ser presidente da Câmara só nos dias em que Temer viajar. Se viabilizar esta saída, o STF ficará ainda mais exposto como parceiro de tudo o que está acontecendo.

 

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