A hora do entendimento?
Para escrever novas histórias não se precisa necessariamente virar a página, basta disposição de escrever sobre uma folha em branco. No mais, a história se encarregará de absorver ou absolver quem quer que seja
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Diante da ação da Polícia Federal dentro do Senado Federal, fez bem o presidente daquela Casa, Renan Calheiros, em reagir em tom duro e cobrar que a relação entre a câmara alta do parlamento e o Poder Judiciário se dê com o órgão constitucionalmente equivalente, o Supremo Tribunal Federal.
A ministra Carmem Lúcia, presidente da corte, fez sua parte, como reconheceu o próprio presidente do Senado, ao defender o respeito aos juízes, mas, novamente, foi correto em ressaltar que faltou à magistrada condenar o evidente abuso de autoridade do juiz de primeira instância.Não à toa, urge, não para proteger o sistema político, mas sim toda a cidadania, a lei contra esta prática em tramitação no Senado.
É preciso que o direito penal dos ricos seja compartilhado com os pobres e não o inverso, principalmente com a motivação política, que usa de uma hermenêutica para lá de criativa, para desmoralizar a democracia perante a sociedade.
Como consequência, o presidente Michel Temer acertou em convidar todos os poderes para uma reunião, a fim de pôr ordem nas instituições e, mais do que, isso chamar à responsabilidade dos três poderes em encontrar uma solução para a situação política do País.
Sem os três poderes concertados e engajados nisso, a conta continuará a ser paga pelos 12% de desempregados, tendo como pano de fundo a deterioração da economia.
Um novo acerto do presidente, que já havia demonstrado no jantar ofertado aos deputados para discutir a PEC 241 que governabilidade não é uma artimanha, mas o respeito à independência dos poderes e aos milhões de votos que formam as casas legislativas.
Goste-se ou não do atual sistema político, ele é oriundo de um congresso constituinte, o de 1988, e quem pode alterá-lo é um semelhante ou melhor, que depende da decisão democrática, e do correspondente jogo de forças entre os favoráveis ou contrários à ideia de fazê-lo acontecer.
Ou se uma Reforma Política, amplamente pactuada, como a que a Câmara dos Deputados já encaminha.
Jamais é coisa da seara de "juizecos", muito menos de "chefetes" de polícia.
A oposição também acertou ao entregar para o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, mais de 300 mil assinaturas contra a PEC 241, ressaltando que se trata de chamar a atenção da sociedade para a discussão e buscar preservar educação e saúde do controle de gastos pretendido pela iniciativa.
Este é um diálogo que o Brasil precisa, pois só haverá normalização da disputa política, seja a democrática, seja a de corporações contra a democracia, se, ao menos, os três grandes partidos nacionais bancarem esta perspectiva, embasando que os três poderes possam implementá-la sem tempestades como a ação da PF contra o Senado, o uso da lei como tortura velada e a caça judicial de um ex-presidente da República.
Aliás, este, que apesar de todo o massacre, ainda aparece liderando pesquisas de intenção de voto para as eleições presidenciais de 2018, é um ativo importante, se não imprescindível, neste processo. Cabe a ele perceber seu papel e os demais também.
Para escrever novas histórias não se precisa necessariamente virar a página, basta disposição de escrever sobre uma folha em branco. No mais, a história se encarregará de absorver ou absolver quem quer que seja.
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