A guerra no Brasil precisa parar, já!
O líder da Minoria na Câmara, Alencar Santana Braga (PT-SP), discorre sobre a violência no Brasil e denuncia o modelo neoliberal iniciado em 2016
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O mundo acompanha com tensão os acontecimentos do conflito na Ucrânia. Especialistas tentam explicar os contornos e possíveis consequências da guerra, enquanto mísseis caem em várias cidades do país governado por um comediante que foi eleito graças ao forte apelo ao sentimento extremista que despreza a política. Nas primeiras 24 horas foram reportados, pelo governo ucraniano, 137 mortes entre civis e pessoal militar.
Em 2020, o Brasil registrou 43.892 homicídios, o que dá uma média diária de 120 mortes violentas por dia. A grande maioria das vítimas é negra, jovem, pobre e periférica. Em 2017, 59.128 pessoas no Brasil foram assassinadas, média de 162 a cada 24 horas.
Existe uma guerra não declarada no Brasil e os principais alvos são: negros, jovens, mulheres, pobres, população LGBTQIA+, lideranças populares, ambientalistas e outros segmentos colocados historicamente em situação de vulnerabilidade.
A violência extrema que representam os assassinatos e execuções é complementada por ameaças, perseguições, intimidações e atos de violência que, embora nem sempre sejam letais, geram sequelas individuais e coletivas.
E todos esses atos individuais de violência ocorrem num país onde o respeito ao voto popular foi rasgado em 2016 e, desde então, vigora um projeto político que usa o autoritarismo para se apropriar de recursos públicos e transferi-los a seletas mãos privadas.
Num país onde metade da população – mais de 100 milhões de pessoas – vive em estado de insegurança alimentar e sobrevive de bicos e qualquer arranjo informal que garanta ao menos uma refeição por dia, os atores políticos que controlam o país desde 2016 acham normal que uma empresa como a Petrobras tenha como missão principal enriquecer um punhado de acionistas às custas da pauperização da sociedade.
O projeto neoliberal retomado no Brasil pelo golpista Michel Temer e continuado pelo miliciano Jair Bolsonaro gera mais destruição e mortes do que qualquer guerra no planeta e atinge, sobretudo, a população negra e periférica.
Como tão bem explica o professor Silvio Almeida, “a ideia de ‘Estado mínimo’ é incompatível com um momento em que as pessoas precisam da proteção do Estado. Não existe possibilidade de pensar austeridade, de pensar em precarização do trabalho e ser antirracista. São elementos que reforçam ainda mais o caráter discriminatório do funcionamento da vida social tal qual nós vivemos hoje”.
Essa guerra precisa ser parada! O SUS precisa ser fortalecido, assim como a educação pública em todos os níveis, o investimento em ciência e a tecnologia, pesquisa e inovação, entre tantas outras áreas que precisam ganhar o mesmo status das obrigações financeiras que o Brasil cumpre religiosamente em dia.
A verdadeira guerra que o Brasil precisa travar é contra a pobreza, a fome e a desigualdade social, como sempre lembra o ex-presidente Lula. Em outubro teremos a oportunidade de dizer um “basta!” ao projeto neoliberal selvagem que é implementado desde 2016 e recuperar o Brasil do pleno emprego, da universidade para qualquer pessoa que quiser cursar o ensino superior. Mais do que tudo, precisamos recuperar o país da dignidade, da esperança e dos sonhos que se tornam realidade para toda a sociedade.
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