A gritaria contra o Brasil
Não é justo que trabalhadores e seus familiares paguem pelos crimes praticados por donos e executivos de empreiteiras. Tampouco a economia pode ser tragada pela sanha punitiva dos que não se importam que o país vá à bancarrota em nome de seus interesses políticos
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.
Reacionários de todos os matizes estão em pé de guerra diante da edição da Medida Provisória nº 703, que facilita os acordos de leniência. Dos pseudos-paladinos da moralidade do MP a colunistas do PIG, de parlamentares da oposição a ministros do TCU, orgão que só é levado a sério quando age contra o governo Dilma, a turma que aposta na terra arrasada mostra as garras.
iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular
Só para lembrar, os acordos de leniência são mecanismos usados em todo o mundo civilizado para punir os corruptos, mas preservar as empresas e, consequentemente, manter empregos e fazer girar a roda da economia. Os que buscam a desinformação para obter dividendos políticos omitem um aspecto crucial relacionado a esses acordos.
É que deles só podem se beneficiar, participando de licitações públicas, as empresas que ressarcirem os cofres do governo pelos danos provocados pelos esquemas de corrupção. Isso afasta o argumento falacioso segundo o qual as corporações estariam sendo anistiadas pelo governo.
O jornalista Elio Gaspari chegou a acusar Dilma de ter se rendido aos oligarcas das empreiteiras. Depois de tantos anos trabalhando para a família Marinho, a oligarquia-mor da comunicação brasileira, não surpreende o fato de Gaspari não se sensibilizar com os efeitos devastadores da Lava Jato sobre a economia : perda de 2 milhões de empregos, queda de 42 bilhões da massa salarial e dois pontos a menos no PIB.
Esses números constam de um elogiado artigo de autoria do economista Gesner Oliveira e de seus sócios na consultoria GO Associados publicado no jornal Valor Econômico desta quarta-feira, 7 de janeiro.
Gesner defende que o país precisa de um salto de governança que só será alcançado com uma mudança radical na sociedade. "E os acordos de leniência certamente são um poderoso instrumento para isso", afirma o ex-presidente do Cade. Ele cita o episódio envolvendo a Siemens, tido como maior caso de corrupção do mundo corporativo, o que não impediu que se firmasse um acordo de leniência.
Não é justo que trabalhadores e seus familiares paguem pelos crimes praticados por donos e executivos de empreiteiras. Tampouco a economia pode ser tragada pela sanha punitiva dos que não se importam que o país vá à bancarrota em nome de seus interesses políticos. Claro que os corruptos devem ser punidos na forma da lei, mas as empresas não podem ser levadas de roldão.
Considerá-las inidôneas significa alijá-las das obras públicas. Daí para a falência é um pulo, a exemplo do que ocorreu com a Delta Engenharia, empreiteira fluminense. As empresas cujos donos e executivos são acusados de corrupção na Lava Jato concentram parte considerável da memória da engenharia nacional. Liquidá-las seria um desserviço ao Brasil e ao povo brasileiro.
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:
Este artigo não representa a opinião do Brasil 247 e é de responsabilidade do colunista.
Comentários
Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247