A greve na Renault e a ‘política do desemprego’ de Bolsonaro e Guedes
"A greve dos metalúrgicos da Renault sinaliza um caminho de resistência ativa contra a 'boiada de demissões' em plena pandemia do coronavírus", escreve o colunista Milton Alves. "O governo Bolsonaro não tem e não terá um plano de conjunto para a retomada da economia", acrescenta
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Os trabalhadores da Renault completaram neste domingo (2) o décimo segundo dia de greve na planta da montadora localizada em São José dos Pinhais, região da grande Curitiba. O movimento exige a imediata readmissão de 747 metalúrgicos demitidos no curso da negociação entre a empresa e a direção do sindicato.
Enquanto não houver avanço nas negociações a greve continuará por tempo indeterminado, foi a decisão adotada na última assembleia dos trabalhadores da empresa. Além das assembleias diárias na entrada da montadora e de piquetes nas concessionárias da Renault em Curitiba, os metalúrgicos têm realizado manifestações nas ruas do centro de São José dos Pinhais para conscientizar a população dos efeitos das demissões na economia da cidade. Também foi realizada uma audiência pública sobre as demissões na Assembleia Legislativa do Paraná.
A direção do Sindicato dos Metalúrgicos de Curitiba cobra do governo Ratinho Jr. medidas efetivas para reverter as demissões – a montadora francesa é beneficiária de bilionárias isenções fiscais e tributárias e de um conjunto de facilidades operadas pelo estado durante a sua instalação no Paraná. – Lei Estadual 15.426/2007.
A greve dos metalúrgicos da Renault sinaliza um caminho de resistência ativa contra a “boiada de demissões” em plena pandemia do coronavírus planejada pelas montadoras e grandes empresas – inclusive estatais – para o segundo semestre. Uma verdadeira “política do desemprego” estimulada pelo governo Bolsonaro. Montadoras instaladas no Nordeste do país já anunciaram cortes de trabalhadores. A Embraer, com fracasso de sua aquisição pela Boeing, também fala em reduzir, portanto demitir, o quadro de trabalhadores. A Petrobras, esquartejada, também prossegue com planos de demissões.
A ofensiva patronal, estimulada pelo governo Bolsonaro, quer atirar toda a carga da crise no lombo do trabalhadores, com mais desemprego, redução de salários e intensa precarização. Enquanto isso, 42 bilionários brasileiros aumentaram seu patrimônio líquido de US$ 123, 1 bilhões em março para US$ 157,1 bilhões em junho, segundo dados revelados pela ONG Oxfam.
O número de desempregados continua crescendo no país segundo registra o IBGE. A taxa de desemprego já bateu em 13,1% na segunda semana de julho. Com a política econômica desastrosa do ministro da Economia, Paulo Guedes, o quadro tende a piorar nos próximos meses. O governo Bolsonaro não tem e não terá um plano de conjunto para a retomada da economia. O que Guedes promete é desonerar a folha para agradar o empresariado e mais arrocho e retirada de direitos dos trabalhadores – e uma reforma tributária regressiva.
O próximo período vai exigir das direções sindicais a unificação das greves contra o desemprego. A retomada da palavra de ordem: Demitiu, parou! E ao mesmo tempo, o enlace da luta econômica em defesa do emprego e da vida com a mobilização política para pôr fim ao governo Bolsonaro -, um inimigo declarado da classe trabalhadora.
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