A grande mídia catinga
A grande mídia no Brasil é hipócrita e golpista. Disse várias vezes e volto a repetir para quem tenha ainda dúvidas: ela é pilar crucial na montagem do golpe parlamentar, jurídico, que culminou no afastamento da presidenta Dilma Rousseff. A mídia familiar comercial catinga
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A grande mídia no Brasil é hipócrita e golpista. Disse várias vezes e volto a repetir para quem tenha ainda dúvidas: ela é pilar crucial na montagem do golpe parlamentar, jurídico, que culminou no afastamento da presidenta Dilma Rousseff. A mídia familiar comercial catinga.
Temas apresentados pela grande mídia como grandes problemas do Brasil - taxas de desemprego; a necessidade de ajuste fiscal; os juros; o valor do dólar; a inflação - de repente, como num passe de mágica passam a ser tratados como pontos pacíficos e solucionados.
O que mudou? O desemprego diminuiu? A inflação baixou? os juros baixaram? o dólar baixou aos patamares que permitia à classe média viajar sem se preocupar com o câmbio? Não. Então porque todos fazem cara de felizes?
Nada mudou, a situação é exatamente a mesma. Os comentaristas e colunistas da grande imprensa não explicam objetivamente o que aconteceu. Apenas, agora, ao invés de mostrar o cenho franzido, fazem cara de despreocupação, afinal as coisas estão melhorando a cada dia.
As taxas de desemprego no Brasil, por exemplo, subiram em 2016 ( 11,4 milhões de pessoas ) em relação a 2015 ( 8,4 milhões) devido à crise financeira internacional e outros fatores econômicos e nada indica que com as políticas do golpista Temer tendam a cair.
A inflação caiu? não. O índice de Preços ao Consumidor – Amplo (IPCA), a inflação oficial do país, em 2015, ficou em 10,67%, a maior desde 2002 e agora em 2016, os analistas continuam a elevar as projeções para a inflação.
De acordo com o boletim Focus, do Banco Central, a mediana das estimativas para o aumento do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2016 subiu pela terceira vez.
E o dólar, vai baixar mais? Não. Segundo analistas de mercado não há interesse no Banco Central de uma queda e existe uma atuação muito forte do BC neste sentido, também em nome do benefício as exportações brasileiras, o mesmo discurso de sempre.
Tudo é apenas uma questão de edição. A ordem é passar o sentimento de que na era Temer apenas o fato de Dilma e o PT não estarem mais no governo já é motivo suficiente para a economia do país começar a melhorar. O que era problema antes, hoje não é mais, só isso.
A manchete do jornal Folha de São Paulo “Cresce otimismo com a economia, diz Data Folha” de domingo, 17 de julho, é uma prova cabal de que a mentira está no cerne da questão na tentativa de mostrar ao Senado que tudo vai bem e que a nação está de acordo com a concretização do golpe.
Ou seja, a grande imprensa não apenas passa essa sensação de frescor nas palavras usadas, na cara e no tom de voz, mas continuam mentindo em relação aos fatos, e aos números de pesquisas feitas para aferir o descontentamento da população com o governo interino.
Desde a posse de Temer, o Datafolha – instituto de pesquisa utilizado pelo jornal Folha de São Paulo – não havia publicado pesquisas de opinião sobre o impeachment da presidente, nem sobre a possibilidade de impeachment de Temer, e nem mesmo sobre a realização de novas eleições para presidente.
A última pesquisa do instituto antes da votação do impeachment, realizada em 9 de abril, apontava que 60% da população apoiava o impeachment de Dilma, enquanto 58% era favorável ao impeachment de Temer.
Uma questão importante: a sondagem indicou também que 60% dos entrevistados desejavam a renúncia de Temer após o impeachment de Dilma, e 79% defendiam novas eleições após a saída de ambos.
No dia 25 do mesmo mês de abril uma pesquisa realizada pelo Ibope concluiu que 62% desejavam que Dilma e Temer saíssem e que novas eleições fossem realizadas; 25% queriam a permanência de Dilma e a conclusão de seu mandato; e apenas 8% eram favoráveis à situação atual: Dilma suspensa e Temer presidente interino.
De repente, há poucas semanas da decisão final do impeachment no Senado, e com os olhos do mundo voltados para o Brasil durante as Olimpíadas, surge diretamente do laboratório de maldades golpistas da Folha de São Paulo um fato surpreendente e determinante para o futuro do país.
Com imensa variação em relação ao resultado das pesquisas anteriores, a Folha de São Paulo anuncia uma nova pesquisa do Datafolha e estampa em manchete principal que 50% dos brasileiros desejam que Temer conclua o mandado de Dilma.
Igualmente importante foi a afirmação da Folha de que apenas 4% disseram não querer nenhum dos dois presidentes, e somente 3% desejam a realização de novas eleições.
Em resumo, na pesquisa de abril cerca de 60% da população queria a saída de Dilma e de Temer e 79% defendiam novas eleições.
Menos de três meses depois, por uma mágica de conjuntura e de mudança de consciência dos brasileiros que só a Folha sabe fazer florescer, 50% das pessoas passam a querer a manutenção de Temer e apenas 3%, do que antes eram 79% defendem novas eleições.
O mais alarmante é que a manchete mentirosa sugerindo que metade da população deseja a permanência de Temer na Presidência até 2018 se espalha como um lastro de pólvora sendo reproduzida por grande parte dos veículos de comunicação do país.
O fato rapidamente passou a ser considerado verdade indiscutível e com potencial para selar o destino de Dilma. Esta era, pelo menos a intenção da Folha golpista. Assim como convencer o público com resultados forjados da mesma pesquisa de que há um otimismo crescente na população sobre a melhora da economia no país.
Dezenas de análises demostraram que a Folha não espelhou os resultados reais da pesquisa e caiu no ridículo todas as tentativas de desculpas esfarrapadas dadas pela direção do jornal que tratou o assunto como resultado de um pequeno erro.
O que, na verdade, a Pesquisa da Datafolha revela é: 81% dos brasileiros não querem que Michel Temer continue exercendo a presidência da República até 2018. A esmagadora maioria (62%) defende novas eleições presidenciais, enquanto 12% acreditam que a volta da presidente Dilma Rousseff ao cargo seria o melhor para o País neste momento. Apenas 19% querem que Temer se torne presidente definitivo e exerça o mandato-tampão até 2018.
Inacreditável não? Pois é, basta checar o relatório da pesquisa.
É por essas e outras que no ranking anual de liberdade de imprensa da organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) o Brasil caiu para a 104 posição, ficando cinco pontos abaixo da posição anterior.
A organização justifica a medida devido à “propriedade dos meios de comunicação continuar concentrada nas mãos de famílias dominantes vinculadas à classe política”; e mais especificamente, ao fato de que “a mídia nacional dominante encorajou o povo a ajudar a derrubar a Presidente Dilma Rousseff”.
Para a RSF, “uma coisa é a mídia plutocrática brasileira incentivar e incitar abertamente a queda de um governo democraticamente eleito, outra coisa muito pior, é ameaçar diretamente a democracia e a liberdade de imprensa ao testemunhar a fabricação de manchetes falsas insinuando que uma grande parte do país apoia o indivíduo que tomou o poder de forma antidemocrática”.
Quantas vezes mais na história deste país, a Folha, O Globo, o Estadão, a Veja e tantos outros traidores da pátria terão que pedir perdão ao Brasil por traírem seus irmãos, enquanto preparam o tapete vermelho por onde caminharão poderosos grupos econômicos?
O capital internacional já aplaude e se prepara para descer aqui de botas sujas. O risco país do Brasil continua caindo, feliz com os golpistas. Se não tomarmos as ruas deste país contra o golpe, a democracia está prestes a deixar de incomodá-los.
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