A frente necessária para derrotar a agenda regressiva de Bolsonaro
Para o colunista Milton Alves, jornalista e sociólogo, "a necessidade da construção de uma frente democrático-popular, com um projeto alternativo de governo em contraposição ao projeto da extrema-direita bolsonarista e dos velhos partidos da direita tradicional (PSDB, DEM, MDB, PP e etc), é uma tarefa irrecusável, inadiável". Sem essa estratégia, diz ele, "a esquerda corre o risco de ser cada vez mais batida e isolada"
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No geral, dois caminhos são preconizados. Uma posição coloca acento na centralidade da luta contra o autoritarismo do governo Bolsonaro como eixo de aglutinação de forças. Essa posição defende a constituição de uma “frente ampla”, que ultrapasse as forças de esquerda, aglutinando partidos e lideranças consideradas de centro e centro-direita do espectro político. Formações de esquerda como o PCdoB, setores do PSB e PDT defendem a tese da “frente ampla’, um bloco político que abarcaria desde Rodrigo Maia (DEM) ao MDB, PSDB e até bolsonaristas arrependidos.
O passaporte para ingressar no território dessa pretendida “frente ampla”, é a defesa da democracia no geral e dentro dos limites da Constituição de 1988. Ou seja, uma frente de teto rebaixado, o que levaria a esquerda defender uma agenda aquém das necessidades impostas pela conjuntura política atual.
Os companheiros do PCdoB, por exemplo, enxergam no ato de lançamento do Direitos Já, em São Paulo, um esboço da “frente ampla”. Um movimento que apresenta uma agenda de defesa da democracia sem incluir a maior vítima do golpe de 2016 e da ação criminosa da Lava Jato, que é o ex-presidente Lula, um preso político da deriva autoritária em curso no país. É uma contradição a defesa das liberdades democráticas sem a exigência da imediata liberdade de Lula e o fim da força-tarefa da Lava Jato, um monstrengo protofascista que vicejou no aparelho judicial do estado brasileiro.
A luta pela liberdade de Lula é inseparável da luta pela democracia. A campanha Lula Livre condensa a demanda pela vigência das liberdades democráticas e dos direitos sociais da maioria do povo contra as investidas do governo da extrema-direita e do aparato jurídico-policial, tutelado pelo alto comando do Exército.
Uma segunda posição entende que, numa conjuntura em que o governo Bolsonaro tenta impor uma agenda ultraliberal, de desmonte do estado nacional e dos direitos econômicos e sociais do povo trabalhador, é fundamental a constituição de uma frente de caráter democrático-popular, reunindo a esquerda partidária, os movimentos sociais e personalidades progressistas.
Tal frente, nucleada e conduzida pela esquerda – PT, PSOL PCdoB, setores do PSB e PDT, personalidades progressistas, frentes sociais Brasil Popular e Povo Sem Medo – tem a tarefa de derrotar globalmente o projeto antinacional e antidemocrático do governo Bolsonaro, apresentando uma programa de defesa da soberania nacional, dos direitos democráticos e sociais do povo trabalhador. Isso, tampouco, impede alianças pontuais e parciais com forças do centro em torno de objetivo políticos concretos e imediatos.
A necessidade da construção de uma frente democrático-popular, com um projeto alternativo de governo em contraposição ao projeto da extrema-direita bolsonarista e dos velhos partidos da direita tradicional (PSDB, DEM, MDB, PP e etc), é uma tarefa irrecusável, inadiável. Um projeto político com nitidez para disputar os rumos do país sem as velhas alianças e cedências programáticas para os partidos burgueses da centro-direita.
Para a esquerda impulsionar a resistência ativa, de massas, nas ruas, é o caminho indispensável no sentido de consolidar e assegurar o protagonismo político da frente democrático-popular, arrebatando a iniciativa política da extrema direita e dos velhos partidos da centro-direita. Sem essa perspectiva política e sem a mobilização dos trabalhadores organizados, do precariado dos grandes centros urbanos, da juventude e das camadas médias profissionais, a esquerda corre o risco de ser cada vez mais batida e isolada.
São duas táticas no tabuleiro político da esquerda: uma ainda é prisioneira da conciliação de classes e abre mão de disputar a direção do processo com os velhos partidos burgueses da centro-direita. A outra aposta no protagonismo das classes trabalhadoras e defende a construção de uma hegemonia democrático-popular para superar a agenda neoliberal e regressiva do bolsonarismo, e de seus aliados internos e externos.
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