A fila está andando

Após Deltan Dallagnol, Sergio Moro pode ser o próximo político a ser derrotado no Judiciário brasileiro, destaca o colunista Moisés Mendes

Sergio Moro (à esq.) e Deltan Dallagnol
Sergio Moro (à esq.) e Deltan Dallagnol (Foto: Marcos Corrêa/PR | Pedro de Oliveira/ALEP)


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Deltan Dallagnol furou a fila. Arthur Lira, que havia voltado para a fila, levou um susto do Supremo e deve continuar assustado.

Bolsonaro tem data para virar santinho do bolsonarismo e Sergio Moro sabe o que o espera depois do purgatório.

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Os enfileirados estão andando, com algumas reacomodações, como essa que livrou Lira. Mas não há mais como parar a fila.

As circunstâncias são terríveis para os que aguardam o desfecho de seus casos na Justiça Eleitoral ou estão sob o cerco da Polícia Federal ou enfrentam investigações e processos em outras frentes. Chegaram ao ponto do não retorno.

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Dallagnol caiu e continuou atirando a esmo. Bolsonaro vai cair e pedirá que Valdemar Costa Neto finja que atira por ele nos que o abateram.

Não há muito o que fazer para tentar impedir o que está no roteiro. Não há como poupar Bolsonaro e Moro sem que a Justiça Eleitoral fique irremediavelmente sequelada.

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A fila vai andar porque há mais gente para entrar e porque o TSE não pode fazer agora o que fez em outubro de 2021, quando poupou a chapa Bolsonaro-Mourão.

Depois daquela anistia, a extrema direita investiu contra o Supremo e contra o TSE. Acionou todas as armas sujas contra a instituição que defende a eleição.

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Atacou diretamente ministros que atuam nas duas cortes. Desqualificou as autoridades e o sistema e o processo eleitoral.

A extrema direita desafiou e afrontou a Justiça Eleitoral para esculhambar com o que a Justiça precisa defender para justificar sua existência.

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Os extremistas fizeram a aposta: vencer de qualquer jeito e, a partir da reeleição do sujeito, mandar o jipe com o soldado e o cabo para pisar nas togas do STF e do TSE.

A eleição e as Cortes sobreviveram, e Lula foi ressuscitado. Não há como oferecer outra chance ao fascismo que empurrou os manés para o 8 de janeiro.

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A fila que Dallagnol furou e onde estão Bolsonaro e Sergio Moro deve andar também na área criminal.

Arthur Lira e os robôs superfaturados de Alagoas sabem que a Polícia Federal não vai parar. Os manés transformados em réus também sabem.

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Os manezões, ainda fora da fila, sabem mais do que todos os manezinhos presos ou com tornozeleiras.

Em algum momento os manezões terão de se enfileirar. Manezões civis e fardados, uns com dinheiro e os outros com fardas e pijamas, vão entrar na fila.

Lira foi poupado porque a munição não deve ser desperdiçada agora com um caso de 2012. Por isso o STF, que já havia encomendado sua alma, decidiu recuar.

Lira, chefe do cangaço do centrão, não é uma prioridade, pelo menos não para a Justiça Eleitoral e agora. Não nesse caso.

A fila precisa seguir em frente. Aí vem Tacla Duran, para empurrar Sergio Moro, agora com a proteção de habeas do STF para que possa depor na Câmara contra o ex-juiz suspeito.

Duran será ouvido dia 19, na Comissão de Administração e Serviço Público. No dia 21 começa o inverno. E no dia 22 o TSE torna Bolsonaro inelegível. Que a primavera cuide do resto.

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