A estupidez de cortar salário mesmo em plena recessão

Temos uma circunstância histórica na qual o ministro da Economia é um imbecil, o ministro do Planejamento é um idiota e o presidente da Câmara não passa de um demagogo grotesco que quer fazer reverência com chapéu dos outros, como se dizia antigamente

Esplanada dos Ministérios
Esplanada dos Ministérios (Foto: Divulgação)


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Há um consenso geral na sociedade brasileira de que, com os efeitos do coronavírus, entramos num período inevitável de recessão. Uma economia em recessão só consegue estabelecer condições de retomada econômica se tiver um aumento autônomo de renda para estimular a demanda agregada. Um aumento de renda agregada só é possível com o aumento de salários e lucros. Por que cargas d´água, então, esse bisonho presidente da Câmara quer cortar os salários dos servidores público?

Não sou funcionário público, portanto não podem dizer que estou fazendo essas observações por corporativismo. Falo por absoluta convicção científica. Entretanto, temos uma circunstância histórica na qual o ministro da Economia é um imbecil, o ministro do Planejamento é um idiota e o presidente da Câmara não passa de um demagogo grotesco que quer fazer reverência com chapéu dos outros, como se dizia antigamente. No fim dessa história, é toda a sociedade brasileira que pagará a conta.

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A evidência dessa bravata deveria chamar a atenção dos verdadeiros donos do poder federal, ou seja, os militares. Não falo dos militares da reserva que cercam Bolsonaro numa corte de idiotas. Esses não mandam nada. Os da ativa, que tem o poder na mão, nos devem uma ação efetiva para consertar o rumo do regime. Ou algo mais efetivo. Pelo que tem feito e pelo que continuará fazendo, pelo risco que impõe à Nação, numa forma jamais experimentada, esses militares da ativa deveriam simplesmente derrubar Bolsonaro.

Entretanto, apenas derrubá-lo não seria suficiente para restabelecer o equilíbrio das instituições republicanas. O fato é que o Executivo de Bolsonaro, o Legislativo de César Maia e o STM com decisões impertinentes e contraditórias esgotaram a paciência da sociedade brasileira. Até quando, Catilina, abusarás de nossa paciência? Alguém terá de dar esse brado, e espera-se que o Exército, a única força capaz de por abaixo essa estrutura corrompida, escute o apelo não das elites e do setor financeiro, mas do povo que se manifesta em panelaços.

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A sociedade não deve ter medo de uma interferência política miliar que resulte numa nova ditadura. Pelo que sei, o Exercito não quer intervir diretamente no processo político. Contudo, se é um Exército responsável, terá de fazê-lo antes que estoure um convulsão social puxada pela direita bolsonarista. Ao contrário de intervenções anteriores, essa poderia ser discutida democraticamente com a sociedade civil de forma a limpar o terreno político para a implantação de uma democracia verdadeira, apoiada numa nova Constituição.

Esse, aliás, é um passo fundamental. Não tenho saudade dessa Constituição que está aí, originalmente chamada por Ulysses Guimarães de Constituição-cidadã. Ela se tornou o verdugo do povo, a porta aberta da escravatura social resultante da reforma trabalhista e da reforma previdenciária. Penso numa nova Constituição que seja a âncora de uma verdadeira democracia, e não num instrumento de exploração social que nos coloque a todos como serviçais do capital financeiro sem outro direito a não ser o direito de ser explorado.

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