A estratégia golpista da direita será combatida nas ruas
O objetivo de enfraquecer o Lula e o PT é para tirar do trabalhador brasileiro os direitos adquiridos e as conquistas alcançadas nos últimos anos e ao longo da história do Brasil. Me uno ao discurso de Lula feito aos brasileiros e dirigido especialmente aos ministros, juízes e à imprensa, há alguns dias: não vão nos derrotar mentindo, vão ter que nos enfrentar na rua
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Os interesses históricos da direita não mudam: estão sempre direcionados para a defesa dos projetos das elites.
Os métodos e os aliados nesta tarefa são também impressionantemente os mesmos. É de extrema urgência neste momento que esta realidade fique clara para os brasileiros.
A oposição a Lula, Dilma e ao PT formada por políticos, setores da Justiça e da PF, todos eles mancomunados com a mídia familiar comercial pintam um cenário onde a crise nacional é derivada da corrupção criada pelo PT, que, uma vez extirpado do cenário político, permitirá que o país volte à normalidade.
Muitos não enxergam o desenrolar do hipócrita conluio que vem se repetindo no Brasil nos últimos 60 anos.
O que a imprensa brasileira falava contra Getúlio Vargas ? As acusações feitas naquela época em nada diferem das feitas hoje contra o governo Dilma.
As acusações feitas contra o ex-presidente Juscelino Kubitscheck, de que era corrupto, que havia se transformado num dos homens mais ricos do mundo e queria implantar aqui o comunismo, uma república sindicalista, caíram por terra quando o seriado Os Anos JK mostraram que ele e Dona Sarah viviam confinados num pequeno apartamento em Paris e cozinhavam sua própria comida.
Manchetes estampadas pelos grandes jornais em 1964, são absolutamente esclarecedoras e mostram que a grande imprensa, praticamente, sem exceção – assim como faz hoje – armou o golpe contra os poderes constituídos.
Diante de um momento de instabilidade econômica, greves operárias e movimentos pela reforma agrária, Jango, vice-presidente eleito por outra chapa que não a do presidente Jânio Quadros - o que era permitido à época - passou a defender a realização de amplas reformas capazes de reduzir desigualdades e injustiças sociais.
A elite reagiu unindo-se a setores conservadores das Forças Armadas e da grande mídia.
Visto como comunista pelos militares e pela elite do país, e em viagem à China na ocasião da queda do presidente Jânio Quadros, Jango foi impedido de tomar posse como presidente da República, o que era seu direito constitucional.
Em 31 de março de 1964, o editorial “BASTA”, do Correio da Manhã, do Rio de Janeiro, dizia “O Brasil já sofreu demasiado com o governo atual. Agora, basta!
Jango era de outro partido e defendia outro programa, portanto essa pregação era uma farsa.
Em 1 de abril, o Correio da Manhã, no editorial “FORA” dizia “Só há uma coisa a dizer ao Sr João Goulart: Saia!”
Alguma semelhança com o slogan da direita “Fora Dilma”, utilizado atualmente?
O Jornal do Brasil por sua vez, em 1 de abril de 1964 estampou: Acusamos o Sr João Goulart de crime de lesa-pátria. Jogou-nos na luta fratricida, desordem social e corrupção generalizada (filosofia comunista)”.
Goulart tinha o apoio de parte das Forças Armadas, disposta a pegar em armas para defender sua manutenção e a Constituição. No entanto, ciente de que uma reação sua poderia levar a uma guerra civil e derramamento de sangue entre brasileiros, se exilou no Uruguai.
Apesar de tudo foi injustamente acusado de incentivar a luta fratricida, ou seja, entre irmãos. Hoje, a oposição acusa o PT de dividir o país em classes, quando é exatamente o contrário o objetivo petista: diminuir a desigualdade entre as classes.
Em 2 de abril de 1964, o jornal O Globo escreveu :“ Fugiu Goulart e a democracia está sendo restaurada”. Em 4 de abril o Globo voltou à carga dizendo: “a legalidade não poderia ter a garantia da subversão, a âncora dos agitadores, o anteparo da desordem”.
Em 5 de abril de 1964, o Estado de Minas publica “Feliz a Nação que pode contar com corporações militares de tão altos índices cívicos. Os militares não deverão ensarilhar suas armas antes que emudeçam as vozes da corrupção e da traição à pátria.”
Globo e Estado de Minas, aliados no cinismo facista defendem e elogiam os militares golpistas, invertendo os papeis e acusando Goulart de subversivo e agitador. Quem depôs um vice-presidente eleito pelo povo?
Vinte anos depois, em 7 de outubro de 1984, em editorial assinado por Roberto Marinho, “O Julgamento da Revolução”, o jornal O Globo reafirma: “participamos da revolução de 1964 identificados com os anseios nacionais de preservação das instituições democráticas, ameaçadas pela radicalização ideológica, greves, desordem social e corrupção generalizada”.
Hoje, 32 anos mais tarde, O Globo continua na mesma linha, desta vez acendendo os holofotes para Moro, Cunha, Aécio, Gilmar e seus cupinchas.
Pior, se acha no direito de ameaçar abertamente Dilma e o novo ministro da Justiça. Trama contra a Constituição, ajuda a armar o golpe contra Lula e o que ele representa: a garantia da defesa da melhoria da qualidade de vida do trabalhador brasileiro.
Em editorial desta semana Globo insinua que “se o novo ministro Wellington Cesar Lima e Silva, ex-procurador geral de Justiça da Bahia, for leniente com as investigações contra o ex-presidente Lula, será centro de escândalo com repercussões internacionais”.
O Globo já está a princípio acusando o novo ministro de não cumprir bem suas funções, se ele não fizer o que o Globo espera que ele faça.
Cinicamente o editorial acrescenta que “não seria notícia trivial que o PT conseguiu induzir o nome do novo ministro da Justiça a Dilma e manietar a PF, num caso acompanhado de perto pela grande imprensa estrangeira “.
É muita audácia de um grupo empresarial que tem pesando contra ele várias denúncias de evasão de divisas e manutenção de contas de bilhões de dólares em paraísos fiscais, além da vergonhosa responsabilidade histórica de apoio a ditaduras militares sanguinárias.
A direita e seus parceiros repetem o mesmo e velho discurso da elite feito cada vez que se sentem ameaçados com um mínimo de distribuição de renda, um mínimo de bem estar para a classe trabalhadora.
Chegamos ao absurdo do Tribunal Superior do Trabalho - trincheira histórica de defesa dos direitos do trabalhador – ter um presidente, Ives Gandra Filho, pregando a desregulamentação das leis trabalhistas, o fim da CLT, a negociação direta entre patrões e empregados.
A situação que estamos vivendo é muito grave. Me preocupa neste momento organizar nossa capacidade de reação e nos unirmos contra o processo de destruição de forma dura.
Não vamos vencer esta batalha se não estivermos nas ruas disputando palmo a palmo com eles.
E temos que ter claro: o objetivo de enfraquecer o Lula e o PT é para tirar do trabalhador brasileiro os direitos adquiridos e as conquistas alcançadas nos últimos anos e ao longo da história do Brasil.
Me uno ao discurso de Lula feito aos brasileiros e dirigido especialmente aos ministros, juízes e à imprensa, há alguns dias: não vão nos derrotar mentindo, vão ter que nos enfrentar na rua.
Quero dizer em alto e bom som, disse Lula, “ se for necessário, terei 72 anos com tesão de trinta para ser candidato a presidente da República em 2018. Nem a morte apaga a vida de um homem de verdade. Se ele trabalha por uma causa real, ela paira acima da cabeça de milhões de pessoas.
Para bom entendedor o recado de Lula foi claro : “se a direita quiser o poder vai ter que aprender a ser democrática. Participar das eleições e respeitar os resultados. Vamos vencê-los com a nossa verdade. Daqui pra frente, é pão, pão, queijo, queijo. Lulinha não vai ser mais Lulinha paz e amor!”
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