A Esquerda precisa voltar às ruas

"A esquerda segue fazendo manifestações virtuais quando muitas pessoas não têm o que comer, quiçá acesso à internet para acompanhar uma live", destaca a colunista Carla Teixeira. "É imprescindível que os partidos, movimentos sociais e demais organizações populares convoquem o povo às ruas, estimulando o uso de máscara e o distanciamento social"

Ato do 1º de Maio
Ato do 1º de Maio (Foto: Diário Causa Operária)


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Desde o início da pandemia, o discurso negacionista do presidente da República foi o maior entrave no combate à crise sanitária provocada pelo coronavírus. As aglomerações sem máscara e sem distanciamento social, promovidas por Bolsonaro, causaram espécie e apreensão a todos aqueles que veem na ciência a luz no fim do túnel desta terrível peste que assola o mundo, num desalento que lamenta o fato de termos de lidar com o vírus e o verme, ao mesmo tempo.

Para se contrapor, os partidos e organizações de esquerda aderiram ao “fique em casa”, discurso que atendeu muito bem aos setores da classe média e alta que puderam aderir ao “home office”, mas jamais atingiu os trabalhadores que precisam sobreviver e diariamente se expõem ao vírus em transportes públicos lotados, principalmente nas grandes cidades. Assim, toda e qualquer manifestação popular entrou em “stand by”, à espera da vacina e do arrefecimento da pandemia que apenas recrudesce.

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Os grupos fascistas, sonhando militares e violentadores, sentiram-se à vontade para ocupar as ruas pedindo pelo fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal. Sem oposição contundente, o governo vai passando a boiada de todas as maneiras que pode: no orçamento, tirando dinheiro da educação e da saúde para dar aos inúteis militares que parasitam o Estado; comprando parlamentares com 3 bilhões de reais através do esquema “Bolsolão”; na reforma tributária e previdenciária; no meio ambiente; na economia, prezando por banqueiros e improdutivos rentistas em prejuízo dos famintos e desempregados que se somam aos milhões.

Ao invés de máscaras e vacinas, Bolsonaro nos ofereceu cloroquina e propaganda antivacina, contribuindo decisivamente para que chegássemos ao atual número de mais de 400 mil mortes (e contando), com possibilidades reais de que alcançaremos até o fim da pandemia 1 milhão de vidas perdidas para o coronavírus. Apenas o censo do IBGE poderá dar a dimensão da tragédia que nos abate, de modo que não temos o direito à surpresa diante da tentativa do governo de adiar a pesquisa.

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Enquanto isso, a esquerda segue fazendo manifestações virtuais quando muitas pessoas não têm o que comer, quiçá acesso à internet para acompanhar uma live. Prezando pela luta institucional em prejuízo da organização popular, foi incapaz de garantir um auxílio emergencial digno ou mesmo pressionar o Executivo para uma vacinação maciça da população. Os prejuízos só não foram maiores porque a incompetência e o amadorismo do governo atuam contra suas próprias intenções desumanas e autoritárias.

Sem orientação política, seguimos com uma massa de desvalidos e desamparados que encontram em Lula a única opção de retorno a uma vida digna, mas totalmente desprovida de qualquer nível de consciência que permita uma organização centrada na luta de classes, conceito demonizado pelos liberais e abandonado pelas esquerdas “não marxistas” a partir dos anos 1990. O personalismo segue sendo o principal ingrediente do nosso caldo de cultura política.

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Por isso, quando o golpe veio contra a presidenta Dilma, não houve quem saísse às ruas para defende-la. Aí está o grande erro da esquerda brasileira: quando esteve no poder, preocupou-se mais com a institucionalidade e o diálogo com os capitalistas, esquecendo-se que, quando estes se voltam contra o projeto de inclusão e democratização do país, é apenas o povo, organizado e consciente, que poderá deter a sanha daqueles que insistem em escravizar o trabalhador.

Não podemos cometer este erro novamente! É imprescindível que os partidos, movimentos sociais e demais organizações populares convoquem o povo às ruas, estimulando o uso de máscara e o distanciamento social. Há inúmeras maneiras de se fazer isso, basta vontade política e intenção de atuar com os trabalhadores, não apenas com a institucionalidade que jamais hesitou em defenestrar os representantes da população quando estes ameaçaram a elite em suas posições de mando.

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Os movimentos populares de rua serão ótimas oportunidades para dialogar com o povo, inclusive sobre as medidas necessárias para prevenção e cuidado, com distribuição de máscaras, álcool em gel e orientações para o cuidado individual e coletivo. A esquerda precisa recuperar o protagonismo que perdeu nas ruas, sob pena de ser esmagada pela extrema-direita que cresce no vácuo deixado por ela. O Impeachment de Bolsonaro, a vacinação em massa e a implementação de um auxílio emergencial digno devem ser as bandeiras de luta que, certamente, nos conduzirão à inevitável vitória.

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