A eleição da imbecilidade

O sistema eleitoral brasileiro tornou-se um conluio entre o Congresso, atuando estritamente sob forma corporativa para perpetuar os mandatos dos parlamentares atuais, e a Justiça Eleitoral, cerceadora de qualquer atividade eleitoral nova criativa. Estamos nas mãos das duas instituições totalmente desgastadas

A eleição da imbecilidade
A eleição da imbecilidade (Foto: LUIS MACEDO - Câmara)


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Tome Márcio Pochmann, um dos intelectuais mais preparados e brilhantes do país, e faça dele candidato a deputado federal. Se ganhar, ilustrará o Parlamento com uma competência sem paralelo. Entretanto, como ganhar? Dão-lhe sete segundos de televisão. É uma passagem para a imbecilidade. Como explicar questões complexas de economia política, como o embuste do déficit fiscal, nesse tempo minúsculo? A conseqüência é que ele tem de se nivelar por baixo, ao estilo burlesco de Enéas, décadas atrás.

Não é apenas isso. Em período eleitoral - justamente em período eleitoral! – as universidades estão fechadas para discussões políticas. O que começou de forma até aceitável como escola sem partido involuiu para escola sem política. Há algo mais estúpido? Como esclarecer o eleitor sobre questões públicas fundamentais se não podem ser discutidas nos espaços públicos? O fato é que campanha se reduz a dinheiro – dinheiro de fundo eleitoral, dinheiro de emenda, dinheiro de cargo público, dinheiro de ministérios.

O sistema eleitoral brasileiro tornou-se um conluio entre o Congresso, atuando estritamente sob forma corporativa para perpetuar os mandatos dos parlamentares atuais, e a Justiça Eleitoral, cerceadora de qualquer atividade eleitoral nova criativa. Estamos nas mãos das duas instituições totalmente desgastadas. O objetivo, claro, é a perpetuação da maioria dos mandatos, sendo que boa parte deles foi simplesmente comprada para efeitos de impeachment e para a aprovação das infames leis posteriores do governo Temer.

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Um amigo que participa de nossa campanha de Mobilização pela Democratização pelo Congresso Nacional trouxe, exultante, uma decisão judicial que reconheceu como informação certas críticas a determinados políticos, notadamente José Carlos Aleluia, da Bahia, um notório serviçal das grandes multinacionais do petróleo e vendilhão do pré-sal, junto com o senador José Serra. Pensei comigo mesmo: é estranho que algo tão óbvio tenha que ser submetido ao crivo da Justiça Eleitoral, já que informação deveria ser aceita de forma automática.

No Rio temos excelentes parlamentares e candidatos novos que buscam renovar seus mandatos ou conseguir um novo. É terrível que um Estado tão sacrificado por uma elite política tão sórdida, cujos símbolos mais destacados são Pisciani e Rodrigo Maia, está objetivamente impedido de trazer parlamentares progressistas para a cena política. Claro, pode haver um milagre nas eleições parlamentares. Uma maioria progressista no Congresso atenuaria o estrago que, em qualquer hipótese, virá das eleições para o Executivo.

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Vamos lutar de qualquer forma. O Movimento pela Democratização do Congresso Nacional , sem dinheiro, sem outros recursos, sem empregos, vai manter acesa a chama da determinação de fazer uma maioria progressista no Parlamento. Criamos para isso o site frentepelasoberania.com.br. Lá estão as listas dos vendilhões da Pátria e dos mercadores dos interesses do povo, assim como o decálogo de compromissos que nossos candidatos estão subscrevendo. Por falta de informação o Brasil não deixará de ter um Parlamento decente.

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