A eleição da imbecilidade
O sistema eleitoral brasileiro tornou-se um conluio entre o Congresso, atuando estritamente sob forma corporativa para perpetuar os mandatos dos parlamentares atuais, e a Justiça Eleitoral, cerceadora de qualquer atividade eleitoral nova criativa. Estamos nas mãos das duas instituições totalmente desgastadas
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Tome Márcio Pochmann, um dos intelectuais mais preparados e brilhantes do país, e faça dele candidato a deputado federal. Se ganhar, ilustrará o Parlamento com uma competência sem paralelo. Entretanto, como ganhar? Dão-lhe sete segundos de televisão. É uma passagem para a imbecilidade. Como explicar questões complexas de economia política, como o embuste do déficit fiscal, nesse tempo minúsculo? A conseqüência é que ele tem de se nivelar por baixo, ao estilo burlesco de Enéas, décadas atrás.
Não é apenas isso. Em período eleitoral - justamente em período eleitoral! – as universidades estão fechadas para discussões políticas. O que começou de forma até aceitável como escola sem partido involuiu para escola sem política. Há algo mais estúpido? Como esclarecer o eleitor sobre questões públicas fundamentais se não podem ser discutidas nos espaços públicos? O fato é que campanha se reduz a dinheiro – dinheiro de fundo eleitoral, dinheiro de emenda, dinheiro de cargo público, dinheiro de ministérios.
O sistema eleitoral brasileiro tornou-se um conluio entre o Congresso, atuando estritamente sob forma corporativa para perpetuar os mandatos dos parlamentares atuais, e a Justiça Eleitoral, cerceadora de qualquer atividade eleitoral nova criativa. Estamos nas mãos das duas instituições totalmente desgastadas. O objetivo, claro, é a perpetuação da maioria dos mandatos, sendo que boa parte deles foi simplesmente comprada para efeitos de impeachment e para a aprovação das infames leis posteriores do governo Temer.
Um amigo que participa de nossa campanha de Mobilização pela Democratização pelo Congresso Nacional trouxe, exultante, uma decisão judicial que reconheceu como informação certas críticas a determinados políticos, notadamente José Carlos Aleluia, da Bahia, um notório serviçal das grandes multinacionais do petróleo e vendilhão do pré-sal, junto com o senador José Serra. Pensei comigo mesmo: é estranho que algo tão óbvio tenha que ser submetido ao crivo da Justiça Eleitoral, já que informação deveria ser aceita de forma automática.
No Rio temos excelentes parlamentares e candidatos novos que buscam renovar seus mandatos ou conseguir um novo. É terrível que um Estado tão sacrificado por uma elite política tão sórdida, cujos símbolos mais destacados são Pisciani e Rodrigo Maia, está objetivamente impedido de trazer parlamentares progressistas para a cena política. Claro, pode haver um milagre nas eleições parlamentares. Uma maioria progressista no Congresso atenuaria o estrago que, em qualquer hipótese, virá das eleições para o Executivo.
Vamos lutar de qualquer forma. O Movimento pela Democratização do Congresso Nacional , sem dinheiro, sem outros recursos, sem empregos, vai manter acesa a chama da determinação de fazer uma maioria progressista no Parlamento. Criamos para isso o site frentepelasoberania.com.br. Lá estão as listas dos vendilhões da Pátria e dos mercadores dos interesses do povo, assim como o decálogo de compromissos que nossos candidatos estão subscrevendo. Por falta de informação o Brasil não deixará de ter um Parlamento decente.
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