A direita não se entende

Ora, ora, todos sabem que a Polícia Legislativa só age a mando de senadores ou de quem os representa, a Mesa. Então de nada adianta a PF prender e soltar três dias depois o chefe da Polícia Legislativa, só para provar que pode mais

Operação Métis da Polícia Federal foi ao Senado e prendeu quatro agentes da polícia legislativa da Casa
Operação Métis da Polícia Federal foi ao Senado e prendeu quatro agentes da polícia legislativa da Casa (Foto: Chico Vigilante)


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A grande mídia comercial brasileira dá nojo. O Manhattan Connection, da Globo News de domingo, me deu ânsias de vômito, com as baboseiras de Diogo Mainardi.

No início do programa ele disse que a Polícia Legislativa fez varredura nos apartamentos de quatro senadores para impedir o trabalho da Polícia Federal. Será que já enviaram pra ele o resultado das investigações?

Não entrando, no mérito das razões das buscas nos apartamentos dos senadores feitas pela Polícia Federal, mas sim na função da Polícia Legislativa, vamos deixar claro o que significa varredura, colocada pela grande imprensa e pela PF como algo ilegal por parte da Polícia Legislativa.

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Diante da crise institucional que se instalou no país, quando se desconfia que a PF, ao visitar um apartamento para a retirada de computadores ou documentos, pode ter montado ali, no telefone fixo, no sofá, atrás da porta, ou onde quer que seja, aparelhos de escuta ilegais, qualquer senador tem o direito de usar a Polícia do Senado para verificar se isso aconteceu e até para desmontar estes equipamentos.

Isso é varredura. Olhar em todos os lugares e ver se alguém instalou ali escutas clandestinas. É uma questão de segurança pessoal de uma figura pública.

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Isso não significa absolutamente obstrução da Justiça. Poderia, sim, ser chamada de ação de obstrução de ações escusas da Polícia Federal, porque no caso de terem autorização judicial para a realização de escuta telefônica dos senadores, isso deveria ser feito via companhia de telefonia e jamais de forma disfarçada durante visita com outras finalidades.

Como é de seu feitio nada diplomático, o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, ao dar declarações a respeito, meteu-se num conflito de poderes entre o Legislativo e o Judiciário, sobre o qual se desconhece o tamanho do imbróglio e que só cresceu no decorrer da semana, deixando claro o fosso existente entre os três poderes.

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O diretor-geral da PF, Leandro Daielo, seguiu os passos do ministro na falta de tato. Disse que a Operação Métis é focada em "possível desvio das atividades da Polícia do Senado", dissimulando o fato de que o que está em jogo aqui são os senadores investigados.

Ninguém está questionando o fato de os senadores serem investigados. Ninguém neste país deve se considerar acima das leis. O que se questiona é a maneira como as coisas vêm sendo feitas e a dissimulação a respeito.

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Ora, ora, todos sabem que a Polícia Legislativa só age a mando de senadores ou de quem os representa, a Mesa. Então de nada adianta a PF prender e soltar três dias depois o chefe da Polícia Legislativa, só para provar que pode mais.

A ministra Carmen Lúcia, presidente do STF, de quem muitos esperavam sensatez no cargo, demonstrou esta semana muito mais sentimento de corporativismo do que de percepção de Justiça.

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Ao declarar que se sente atacada pessoalmente pelas palavras de Renan Calheiros contra o juiz que autorizou a entrada da PF no Senado para prender integrantes da Polícia Legislativa que estavam cumprindo ordens de seus chefes, ela demonstra que acredita que nenhum juiz ou ministro, ou desembargador, ou procurador pode errar.

Isso é um engano. Eu sou deputado e não acho que todos os deputados são infalíveis, são corretos, são honestos. É para isso que estamos lutando, mas até lá muita água ainda vai correr debaixo da ponte. E não será com este tipo de discurso estanque de defesa do Poder ao qual pertenço que o Brasil vai sair da crise que se encontra.

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A PF e a imprensa não precisam aumentar a tensão em torno de senadores para que sejam investigados e presos. Já existem mil indícios nas delações existentes na Operação Lava Jato e fora dela de que muitos senadores estão envolvidos em falcatruas.

O que não podemos ver acontecer calados é se usar de subterfúgios e voltas para tumultuar uma situação já bastante complicada no país. Basta seguir as leis e baterem em Franciscos com o mesmo pau que batem em Chicos.

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O julgamento público a respeito da crise que se instalou em torno do fato no Senado do por parte do ministro da Justiça, da presidente do STF, e do chefe da PF, no lugar de fortalecer a Justiça fez foi provocar reações no Congresso.

Uma delas pode ser a votação do projeto que define e estabelece punições para o abuso de poder, o que certamente jogará mais lenha na fogueira de uma direita cada vez mais dividida. Conseguiram dar o golpe mas agora não conseguem se entender. Se degladiam entre si.

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