A direita em crise na Argentina e no Chile
Luís Silva é do Partido Republicano, liderado por José Antonio Kast, que perdeu a eleição presidencial de 2021 para o presidente Gabriel Boric, de esquerda
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A direita teve uma semana marcada por enxurradas de críticas na Argentina e no Chile. No Chile, o representante da extrema-direita Luis Silva, chamado de ‘professor Silva’, disse que o ditador Augusto Pinochet foi um estadista. “Eu reconheço minha admiração por ele. Pinochet foi um estadista”, disse. Silva é do Partido Republicano, liderado pelo ex-candidato presidencial José Antonio Kast, que perdeu a eleição presidencial de 2021 para o presidente Gabriel Boric, de esquerda.
No mês passado, a ultradireita, de Kast e de Silva, do Partido Republicano, recebeu ampla votação dos chilenos para a redação da nova constituição chilena. A atual é de 1980, da época de Pinochet. Para eles, a Carta Magna atual, que faz parte da herança do ditador, não deveria ser modificada. Na campanha de 2021, Kast chegou a dizer que se estivesse vivo Pinochet votaria nele. A declaração de Silva gerou ainda maior repulsa dos políticos de esquerda e de centro do país. “Augusto Pinochet foi um ditador e seu governo matou, torturou e fez desaparecer os que pensavam diferente. Pinochet foi corrupto e ladrão”, reagiu Boric. Nesta semana, o Conselho Constitucional foi inaugurado e nele o Partido Republicano tem 22 dos 50 votos e quando unido com a direita tradicional possui a maioria para escrever a nova constituição. O texto ainda deverá ser ratificado ou não pelos chilenos, como ocorreu com o projeto anterior, redigido pela esquerda e rejeitado nas urnas, no ano passado.
Na Argentina, a coalizão Juntos por el Cambio (Juntos pela Mudança), fundada pelo ex-presidente Mauricio Macri, mostrou seus desentendimentos em público. A brigalhada ocorreu depois que o prefeito da cidade de Buenos Aires, Horacio Rodríguez Larreta, agora ex-amigo de Macri, tentou ampliar a coalizão com a participação de um peronista. Larreta quer ser presidente da Argentina e busca engordar sua frente dentro da aliança Juntos por el Cambio. Macri já anunciou que não disputará a eleição.
A poucos dias do prazo final do dia 14 deste mês de junho, quarta-feira, para a inscrição das coalizões para a eleição presidencial argentina, em outubro, a direita não se entende. Além de Larreta, a ex-ministra de Segurança no governo Macri, Patricio Bullrich, também busca a eleição presidencial. Ela reprovou, publicamente, a iniciativa de Larreta. “E não se fala mais nisso”, disse. Macri disse que Larreta passou dos limites ao convidar o peronista e governador da província de Córdoba, Juan Schiaretti, para Juntos por el Cambio. As disputas levaram setores da imprensa argentina a mudarem o nome da coalizão para ‘juntos pela separação’.
A situação, porém, não está fácil também para a aliança governista Frente de Todos. Uma ala da coalizão defende que seja definido já um candidato único à sucessão de Alberto Fernández, que não será candidato à reeleição. Mas o ministro da Economia, Sergio Massa, o embaixador da Argentina no Brasil, Daniel Scioli, são apenas alguns dos cinco nomes que querem disputar a eleição de outubro. Scioli defende que o candidato governista seja definido nas primárias, em agosto. Massa prefere ser ele o candidato único, como disseram ao Brasil 247 de acordo com fontes do governo argentino.
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