A direita brasileira prepara o xeque mate
Se a guerra política continuar, num ataque sem precedentes à democracia e à Constituição brasileira quem sofrerá o xeque mate será o Brasil e a economia brasileira
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O Brasil vive hoje uma verdadeira guerra política. Os campos de batalhas mais parecem tabuleiros de xadrez, onde somente iniciados entendem quais são e como se movem as peças em busca do xeque mate- aquela parte do jogo onde o rei está encurralado e qualquer movimento que fizer levará ao fim da partida.
Os campos de batalha são o Congresso; o TCU; o STE; o STF; a justiça comum; as ruas- como potenciais espaços de manifestações-, as redes sociais, as organizações sindicais, patronais e de trabalhadores, os movimentos sociais; a sociedade como um todo.
As peças do tabuleiro são as lideranças dos partidos políticos de oposição do governo Dilma e mesmo as lideranças daqueles que se dizem aliados mas na verdade não são; o PT; os partidos políticos mais à esquerda; a presidenta Dilma e os representantes de seu governo; os ministros das altas cortes de justiça deste país; a grande imprensa familiar brasileira e os lobistas do grande capital financeiro internacional.
Por traz de declarações paradoxais, frases de efeito, bravatas, repetitivas ações nas altas cortes de justiça, reuniões de lideranças políticas para tramar acordos em torno de processos legislativos forjados, além de uma inusual promiscuidade entre políticos e ministros das altas cortes, o que na verdade existe é o interesse comum em tirar da Presidência da República uma presidente pertencente ao Partido dos Trabalhadores, eleita democraticamente pela maioria dos eleitores brasileiros.
No início do mês fiz artigo onde previa um agosto amargo como o fel para o Brasil e os brasileiros. E hoje acrescento: aprender com as dificuldades é o que prega a maioria das filosofias e religiões. Temos que entender esse jogo de xadrez.
Qual foi a lição dos últimos dias? Quem acreditava que os principais opositores de Dilma eram santos e que só o PT tinha maus ladrões agora viram que o roteiro do show pode mudar.
Na terça, 25, o doleiro Alberto Youssef reafirmou durante depoimento à CPI da Petrobras que Aécio Neves recebeu dinheiro de corrupção de Furnas, subsidiária da Eletrobras. “Eu confirmo que Aécio recebeu dinheiro de corrupção por conta do que eu escutava do deputado José Janene, que era meu compadre e eu era operador dele”, disse. Só não viu quem não quis.
Em março desse ano, Youssef já havia dito em depoimento para o juíz Sérgio Moro que Aécio recebia de 100 a 120 mil dólares por mês, num esquema que durou durante quase todo o governo FHC e envolvia a empresa Bauruense e a estatal Furnas.
A lista de Furnas, conhecida há anos pela Polícia Federal e segundo laudo pericial assinado por Dr Ricardo Molina de Figueiredo “não apresenta indícios de manipulação fraudulenta “, esta nas redes sociais para quem quiser ver.
O documento de cinco páginas, com carimbo de confidencial em papel timbrado de Furnas, traz organizadamente separados por estados e os partidos PSDB, PMDB, PL e PFL, o nome de 156 parlamentares e respectivas somas recebidas, para as eleições de 2002, num total de R$40 milhões.
As maiores somas vão para Aécio Neves e sua irmã Andrea Neves. No documento constam os nomes de raivosos defensores do impeachment de Dilma, como José Serra, Aloísio Nunes, Alberto Goldman, Inocêncio de Oliveira, do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, dos mineiros amigos de Aécio, Eduardo Azeredo, Hélio Costa, Zezé Perrela, e de Jair Bolsonaro e sua turma com vários bispos e pastores, defensores da moral e dos bons costumes no país.
Mas incrível, a grande imprensa deu esta informação sem nenhum destaque e bem escondidinha no meio das matérias. A Globo deu, mostrou trechos da fala de Youssef mas não quando ele deu essa informação. Por que será ? Obviamente para não dar força à informação e para não reforçar a tese de que Aécio deve ser denunciado, investigado e julgado.
Na sexta-feira da semana passada,1/8, numa jogada que visa ao xeque-mate, o insistente o ministro Gilmar Mendes , vice-presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), enviou despacho à Procuradoria Geral da República (PGR) e à Polícia Federal indicando "potencial relevância criminal" e suspeita de uso de dinheiro desviado da Petrobras na campanha à reeleição de Dilma Rousseff.
Em ação orquestrada foi elogiado imediatamente por Aécio Neves, aquele mesmo que recebeu recursos de praticamente todas as empreiteiras investigadas pela ação Lava Jato. Aécio hipocritamente disse : “O Brasil é uma democracia sólida, onde as instituições funcionam e a legislação deve ser cumprida por todos, em especial pela presidente da República" .
Gilmar pediu abertura de investigação e sugeriu que há motivos para que seja aberta ação penal pública. As informações que baseiam o pedido são provenientes da operação Lava Jato. Ele não está satisfeito com as demais que já tramitam no TSE. O negócio dele é quantidade, porque se uma ação não passar, a análise das outra pode continuar, no mínimo com processo de fritura lenta, senão alcançar seu motivo: o golpe.
Nesta quarta-feira, 26/8 o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) - segundo nome na linha sucessória de Dilma, sendo Temer o primeiro- recebeu a notificação relativa a denúncia feita pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra ele por corrupção e lavagem de dinheiro.
Cunha é apontado como beneficiário de propina de US$ 5 milhões originária do esquema de corrupção na Petrobras investigado pela Operação Lava Jato; o peemedebista, que nega as acusações, terá agora 15 dias para apresentar sua defesa.
Dois dias antes de ser denunciado, reunido com aliados, Cunha afirmou que o Presidente do Senado, Renan Calheiros, “aparecerá em delações premiadas” nas “próximas semanas”. Quem será seu informante dentro da Operação Lava jato ? Ou além de denunciado Cunha é também vidente ?
No mesmo dia, 26/08, após uma longa e difícil sessão no Senado, da sabatina do Procurador -Geral da República, Rodrigo Janot, decide-se pela sua recondução ao cargo com 58 votos a favor- fato que pode ser considerado ponto no tabuleiro do xadrez para o governo.
Janot deu seu recado: garantia de funcionamento regular do Estado, sem excessões, e sem privilégios, e parafraseando o ditado popular disse: pau que dá em Chico, dá em Francisco.
Na CPI, a brilhante participação de Aécio Neves e seu colega de turma Aloizio Nunes foi tentar pressionar Janot para que ele dissesse se "os chefes da quadrilha" que pilhou a Petrobras estavam sendo investigados pela Procuradoria Geral da República.
Não muito longe do Congresso, no mesmo dia, os ministros do TSE, que tem mais de uma ação com a intenção de dificultar a vida da presidente Dilma, deliberaram em relação a uma delas, encaminhada pelo PSDB pedindo a anulação das eleições de 2014.
Nem todos os ministros votaram, mas a votação já foi definida. Apesar da relatora ter votado pelo arquivamento por falta de dados suficientes, quatro dos seis ministros já votaram pela abertura de investigação sobre possíveis irregularidades na campanha da presidente Dilma. Agora a presidente será intimada a fazer sua defesa.
Ou seja, mais uma frente aberta contra Dilma tem objetivo conhecido- no mínimo uma fritura lenta- e resultados finais ainda desconhecidos.
No tabuleiro as peças se movem revelando de forma cristalina as próximas jogadas: Gilmar Mendes trabalha junto ao TSE e os adversários do governo também o fazem no contexto do TCU. E no Legislativo, mesmo com a corda no pescoço, Eduardo Cunha conspira com o baixo clero para que surjam deles e não dele a iniciativa de colocar em votação um pedido de impeachment de Dilma.
Agora, um detalhe me chamou a atenção durante a sessão da CPI que teoricamente deveriam tirar as dúvidas sobre os depoimentos conflitantes de Yousseff e Paulo Roberto, ex diretor da Petrobras, sobre a existência de repasses de recursos da Petrobras para a campanha da Dilma.
Me pergunto se apenas eu, ou também ministros das altas cortes e políticos honestos e brilhantes deste país, ficaram perplexos quando, diante das camêras, e após seu advogado cochichar em seu ouvido, Yousseff declarou que um outro réu de uma outra delação premiada já estaria falando sobre o assunto indagado.
Eu me faço várias perguntas óbvias: o que estaria por traz da instrução do advogado ? como Yousseff de dentro de uma cela tem informações do que outros réus estão falando, se estas informações, por força da lei, são sigilosas. Se ele não pode falar mas outro vai falar, fica claro que as delações estão orquestradas.
Tudo parece muito estranho mesmo que seja o advogado o depositário das informações, e talvez, por estar defendendo outros réus em delação premiada, esteja instruindo cada um a dizer uma parte da história.
Muitos brasileiros estão vendo a Operação Lava Jato e o juiz Moro como os salvadores da pátria. Mas será que na república de Curitiba, comandada por um juiz que é réu em processos no CNJ e ganha ilegalmente um salário acima do teto oficial da Justiça, de R$70 mil, tudo está sendo feito como manda o figurino?
Youssef foi indagado se como afirmou Paulo Roberto houve repasses do esquema de propinas da Petrobras para a campanha de Dilma Rousseff.
Ao afirmar como um trunfo, para suas excelências presentes à CPI da Petrobras, que “um outro reu colaborador já está falando sobre essa questão” e “assim que a declaração for revelada vocês vão saber”, Youssef sugeriu que tem acesso, mesmo dentro de uma cela, não apenas sobre o seu próprio processo, mas sobre a operação como um todo, o conteúdo da delação de outros e a cronologia dos vazamentos - engrenagem a que jamais tiveram acesso, seus interrogadores daquela CPI.
Como confiar nas instituições brasileiras se a forma como as coisas se encaminham leva ao comprometimento da lisura da Operação Lava-Jato?
Como discernir a verdade da farsa, se a grande imprensa tem sua pauta definida de intensificação dos vazamentos seletivos que respondem claramente aos interesses da direita?
Como estarmos tranquilos se o TSE tem um vice-presidente, Gilmar Mendes, próximo e elogiado pela oposição, que incentiva a abertura de um após outro processos contra a presidente Dilma, enquanto bloqueia há mais de um ano processo que tenta impedir o maior motivo de corrupção no Brasil que é o financiamento de grandes empresas a campanhas eleitorais?
Como não enxergar que grande parte dos representantes do atual Congresso estão traindo os votos que receberam dos brasileiros, e que os presidentes das duas casas do Congresso, ambos envolvidos em denúncias de corrupção, medem forças, apesar de pertencerem ao mesmo partido, um tentando compor e o outro arquitetando com suas bases a maneira mais rápida e eficaz de aprovar um processo de impeachment de uma presidente eleita democraticamente ?
Com nossa Justiça, no final das contas os corruptos estão sendo quase todos “premiados” para montar uma “história” com roteiro definido, enquanto nossas maiores empresas e setores estratégicos da vida nacional como a construção pesada, a indústria de petróleo e gás, as indústrias naval e bélica, estão sendo destruídos, com a eliminação de milhares de empregos – para o bem e a felicidade das grandes empresas estrangeiras e do mercado financeiro internacional.
Atenção ao tabuleiro. É necessário que a sociedade perceba que contribuir para a retirada do poder de uma presidenta eleita democraticamente, resultado de um complô das forças de direita, vai apenas repetir momentos infelizes e sinistros que tão caro custaram ao Brasil e aos brasileiros.
Não se enganem, Aécio Neves e seus comparsas que faliram o país, na era FHC, Bolsonaros, Eduardos Cunhas e seus pastores estão todos do mesmo lado, usando apenas fantasias diferentes. São todos abutres do Brasil. Xô!
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